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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEjuntos quando foram atacados pelos militares no dia 02/01/1974.Consta em seu Relatório: “no dia 18, J., Zezim e Edinho encontraramDuda (Luís Renê Silveira e Silva), do grupo do Nelito (Nelson LimaPiauhy Dourado). Ele contou que os tiros do dia 2 tinham sido sobreo grupo em que ele estava. Disse que, depois do almoço desse dia,Nelito e Duda estavam juntos e que Cristina (Jana Morone Barroso)e Rosa (Maria Célia Corrêa) haviam se afastado por um momento.Carretel estava na guarda. Na véspera, Duda e Carretel tinham ido àcasa de um morador. A casa estava vazia. Quando se retiravam viramque vinham chegando os soldados. Avisaram Nelito. Imediatamenteafastaram-se do local. Mas caminharam em trechos de estrada, deixandorastros. Dia 2, Nelito tinha ido a uma capoeira apanhar algumacoisa para comer. Trouxe pepinos e abóbora numa lata grande que láencontrara. A lata fez muito barulho na marcha de volta. Às 13:30hs ouviram-se rajadas. Os tiros foram dados sobre Carretel, que saiucorrendo. Nelito não quis sair logo. Se entrincheirou, talvez pensandonas duas companheiras. Mas os soldados se aproximavam. Então elecorreu junto com Duda, mas foi atingido. Assim mesmo, ainda se levantoue correu mais uns vinte metros. Foi novamente atingido e caiumorto. Duda conseguiu escapar. Não sabe o que houve com as duascompanheiras, nem com Carretel”.Outros documentos, incluindo os relatórios das Forças Armadas, de1993, o Dossiê Araguaia, citado no livro de Hugo Studart e depoimentosde moradores anos depois, apontam no sentido de que Nelson provavelmentefoi o único morto no ataque, sendo os demais presos comvida. Daí a discrepância entre datas e a alta possibilidade de os outrostrês terem sido mortos sob tortura ou executados. Nessas informaçõescontraditórias, também existe um depoimento indicando que Nelsonfoi preso vivo, embora gravemente ferido.NELSON LIMA PIAUHY DOURADO (1941-1974)Número do processo: 229/96Filiação: Anita Lima Piauhy Dourado e Pedro Piauhy DouradoData e local de nascimento: 03/05/1941, Jacobina (BA)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: 02/01/1974Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Baiano de Jacobina, fez o curso primário e o ginasial em Barreiras, na Escola de Dona Jovinha e no Colégio Padre Vieira, respectivamente.Mudou-se então para Salvador, onde fez o curso científico nos colégios Bahia e Ipiranga. Funcionário da Petrobras, trabalhou na RefinariaLandulfo Alves, em Mataripe (BA). Filiou-se ao sindicato da categoria, onde desenvolveu intensa atividade. Em abril de 1964, foi preso edemitido do emprego. Por algum tempo, trabalhou como motorista de táxi, passando a atuar no eixo entre Rio e São Paulo. Nessa época,costumava visitar seus pais em Barreiras, na Bahia. A partir de 1967, passou a atuar na clandestinidade, já como militante do PCdoB. ORelatório do Ministério do Exército, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, informa que Nelson viajou para a Chinaem 13/09/1968, “onde realizou curso de guerrilha na Escola Militar de Pequim”. Em contradição com esse registro, um documento do SNIinforma que a viagem à China ocorreu em 26/01/1967.Sabe-se que, antes de residir na localidade de Metade, no Araguaia, morou também no extremo norte de Goiás, tendo estabelecido umafarmácia em Augustinópolis, hoje estado de Tocantins, margem direita do Araguaia, bem perto da área da guerrilha. Integrante do DestacamentoA, ficou conhecido na região pelo apelido Nelito. Conheceu Jana Moroni Barroso, a Cristina, com quem se casou em 1971. NelsonLima Piauhy Dourado comandou um dos cinco grupos de cinco guerrilheiros que, após o ataque de Natal à Comissão Militar da guerrilha,combinaram seguir para rumos diferentes, conforme registrado no Relatório Arroyo.Moradora da região, Adalgisa Moraes da Silva registrou em depoimento uma passagem sobre as atividades de Nelson (Nelito) na guerrilha:“(...) que os guerrilheiros haviam colocado fogo em uma ponte na Transamazônica, no Município de São Domingos; que a Rosinha, a Sônia, oNelito , o João Araguaia, o Nunes, o Orlandinho, o Beto, o Alfredo, o Zé Carlos, o Edinho e Valdir e o Zebão colocaram fogo na ponte para impedirque os carros passassem; que eles atacaram um posto da polícia militar e colocaram um soldado para ir à pé até Marabá, vestindo apenasuma cueca, pegaram as armas, as facas, o Alfredo vestiu a roupa do sargento, e passaram logo após na casa da declarante, vestindo roupada Polícia Militar; que eles passaram na casa da declarante um dia após os fatos; que eles queimaram a ponte numa sexta-feira, atacaram oposto da Polícia Militar no Domingo e estiveram na casa da declarante na segunda-feira seguinte”.| 236 |

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