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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEGuanabara do PCB. Apenas em setembro de 1969 a DI apareceupublicamente ostentando o nome de MR-8, com uma linha políticaclaramente diferenciada.A DI da Guanabara foi um dos primeiros grupos resultantes decisões do PCB a se estruturar de maneira própria. Era compostabasicamente de militantes do ME e por isso era também chamadade Dissidência Universitária. A desobediência da linha oficialdo PCB já se manifestou nas eleições parlamentares de 15 denovembro de 1966: o Comitê Universitário negou-se a trabalharpelos candidatos do MDB indicados pelo Comitê Central,optando pela propaganda do voto nulo. Nascia assim o embriãode uma nova organização.As razões políticas que geraram esse MR-8 são semelhantes àsque levaram à criação da ALN, do PCBR e de outros grupos voltadospara ações armadas. Constituindo-se mais cedo que os demaisgrupos como organização independente e lançando propostas demobilização para o ME, que se contrapunham tanto ao imobilismodo PCB quanto a uma radicalização apontada como inconseqüentena prática da AP, a DI da Guanabara destronou esses dois gruposde posições ocupadas nas direções de entidades estudantis e, naexplosão das passeatas de 1968, já aparecia como organização claramentehegemônica naquele Estado. Confundiu-se de tal formacom a direção das mobilizações estudantis de 1968, após a mortedo estudante Edson Luís em 28 de março, que em certo sentido aliderança da União Metropolitana dos Estudantes atuava tambémcomo liderança da DI. Os estudantes eram vistos pela organizaçãocomo uma “vanguarda tática” que não deveria nem substituir osoperários na condução da luta pelo socialismo, nem esperar poraqueles para poder fazer alguma coisa.Após a decretação do AI-5 e o refluxo das mobilizações de massa,as novas condições de repressão induziram a DI a modificaçõesprofundas em sua linha de ação, implementando-se a militarizaçãode sua estrutura e passando-se imediatamente à execução deoperações de propaganda armada e assaltos, para obtenção defundo e armas. Planejou e mais tarde executou em cooperaçãocom a ALN a operação militar de maior impacto da guerrilha urbana:o seqüestro do embaixador norte-americano em setembrode 1969. Como conseqüência dela o MR-8 sofreu alguns golpes darepressão, perdendo quadros importantes do nível de direção. Nestafase era produzido um jornal para o meio operário com o titulode Luta Operária e outro voltado para a pequena-burguesia com onome de Resistência. Produziu-se também um veículo de debateteórico para os militantes: A Arma da Crítica.A organização, que de inicio limitara-se exclusivamente ao meioestudantil do Rio, após as quedas do fim de 69 e inicio de 70 inicia,uma penetração na baixada fluminense e estende sua presença àBahia, tentando abrir frentes de trabalho em outros estados. Noinicio de 1971, o processo de desagregação da VPR fez com que umnúcleo de militantes daquela organização pedisse desligamentopara ingressar no MR-8. Dentre eles, seu mais respeitado dirigenteCarlos Lamarca. É como membro do MR-8 que o capitão Lamarcaseria morto na Bahia, em setembro de 1971.Nesse momento o MR-8 já discutia em suas fileiras a necessidadede realizar uma auto-crítica do militarismo que marcara suas atividadesnos últimos anos e de reorientar a prática da organizaçãopara recuperar sua penetração política, debilitada com a sangriade quadros no período. Aos poucos se chega à conclusão de queesse balanço - uma “parada para pensar” – só poderia ser realizadano exterior. Toda a estrutura orgânica do MR-8 foi desativada noPaís, com a saída de quase todo o seu contingente para o Chile. Alise reencontraram os dirigentes dos primeiros tempos - banidos emtroca dos embaixadores seqüestrados nas operações da guerrilhaurbana -, e os recém-chegados do Brasil. Nesse reencontro esboça-seuma diferença de pensamento. O grupo que chegava ao Chileem 1972 tendia para uma negação mais profunda do período deluta armada. Os que estavam no exterior há mais tempo temiamque tal análise resvalasse para uma reviravolta que, cedo ou tarde,significaria um realinhamento com as posições do PCB.Essa divergência gerou um racha entre o grupo de dirigentes maisantigos, que passou a denominar-se “MR-8 (Construção Partidária)”.Tal grupo existiu até o Golpe Militar chileno em setembro de1973, que desencadeia uma dispersão dos exilados brasileiros porinúmeros paises da Europa e da América Latina. O “Pleno de 72”,realizado no Chile definiu uma linha de autocrítica da fase de lutaarmada e lançou um projeto de reunificação dos comunistas brasileirosa partir de uma “tendência proletária” que foi composta, deinicio, pelo MR-8, pela AP Socialista e pela POLOP.A partir de 1974 o MR-8 iniciou um processo de reintroduçãode quadros no Brasil para contatar os setores remanescentes daorganização e dar início a um trabalho em novas áreas, comoSão Paulo, Minas Gerais e outros Estados. Em 1976 o MR-8realizou o Primeiro Congresso, aprovando uma Resolução Políticaque adota explicitamente o Programa Socialista para aRevolução Brasileira, da lavra da POLOP, e rejeita as concepçõesestratégias anteriores, assumindo a defesa de um caminhoinsurrecional para a revolução brasileira. Nessa etapa o MR-8| 472 |

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