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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSmunista”. Quando os policiais interromperam as agressões, Adauto havia sofrido um infarto e quebrado a perna. Foi levado para ohospital, mas lá chegando foi constatado o óbito.Adauto era militante político desde os anos 1950. Integrou as Ligas Camponesas, tendo viajado para Cuba em 1961, sendo que documentos dachamada comunidade de informações o arrolavam como integrante do primeiro grupo de brasileiros a receberem treinamento militar naquelepaís. Segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco, Adauto era um lugar-tenente de Francisco Julião. Há anotaçõesde que, na noite de 31/03/1964, ele teria comparecido ao Palácio do Governo daquele Estado para distribuir armas aos camponeses das Ligas. Foiformalmente inquirido em 29/05/1964 e, em 1973, um documento confidencial do Ministério do Exército solicitava informações a seu respeito.Não há dúvida de que era um militante político, perseguido pelos órgãos da repressão. Vivia na clandestinidade e usava o nome falso deCelestino Alves da Silva, que figurou na certidão de nascimento de seus filhos e no seu atestado de óbito. Nem seu nome verdadeiro e nemseu nome falso constam do Dossiê dos Mortos e Desaparecidos Políticos. Sua história somente foi revelada com o trabalho da CEMDP. Noentanto, o requerimento apresentado por seus familiares foi indeferido por terem os integrantes da CEMDP entendido que não tinha ficadosuficientemente clara a relação entre sua morte e a militância política anterior.OROCÍLIO MARTINS GONÇALVES (1954 – 1979)Número do processo: 354/96 e 052/02Filiação: Evangelina Luiz Martins e Elias Ferreira de SouzaData e local de nascimento: 23/10/1954, Sete Lagoas (MG)Organização política ou atividade: Movimento dos Trabalhadores na Construção CivilData e local da morte: 30/07/1979, Belo Horizonte (MG)Relator: João Grandino Rodas (1º) e João Batista Fagundes (2º)Deferido em: 26/10/2004 (fora indeferido em 10/04/1997)Data da publicação no DOU: 29/10/2004Orocílio Martins Gonçalves nasceu em Sete Lagoas (MG) e trabalhava como tratorista na construção de um dique em Vespasiano (MG),quando foi morto pela Polícia Militar em 30/07/1979, em Belo Horizonte, durante passeata realizada pelos operários em greve do setor daconstrução civil. Os trabalhadores desse segmento realizaram manifestação que era inédita na capital mineira pelo seu alcance. Cerca de15 mil grevistas se concentraram na praça da Estação e, depois, foram reprimidos com violência nas proximidades do campo do Atlético,numa das primeiras mobilizações operárias que passaram a reverberar, em todo o País, a greve metalúrgica que tinha sido liderada no ABCpaulista, três meses antes, pelo novo sindicalista Luiz Inácio da Silva, o Lula.Orocílio foi atingido por um tiro à queima roupa. Na ocasião, 52 pessoas ficaram feridas, 96 foram presas e Orocílio foi morto. Ele tinha 24anos, era casado com Vânia de Oliveira Gonçalves e pai de um bebê de dois meses. O legista Euclides de Matos Santana atestou a morte emdecorrência de “hemorragia interna conseqüente de ferida perfuro-contusa causada por projétil de arma de fogo”.No pedido para seu reconhecimento na CEMDP, consta que Orocílio foi morto em uma rua cercada e controlada por policiais: “acabou sendoassassinado no momento em que a polícia privatizou um espaço público transformando-o em uma dependência policial ou assemelhada”.Seu laudo de necropsia registra marcas de agressões. O primeiro relator do caso na Comissão Especial propôs o indeferimento apoiando-sena afirmação da viúva de que Orocílio não era manifestante e passara no local por acaso. Ocorreu, então, um primeiro indeferimento.Foi apresentado um recurso contra essa decisão, apoiado numa publicação do Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil, que lembravaos dez anos da morte de Orocílio, quando Vânia declarara que ele era militante sindical. Mas a CEMDP manteve, por maioria, o indeferimento,registrando-se apenas dois votos favoráveis, de Nilmário Miranda e Suzana Lisbôa.| 431 |

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