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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSJAIME PETIT DA SILVA (1945–1973)Número do processo: 173/96Filiação: Julieta Petit da Silva e José Bernardino da Silva JúniorData e local de nascimento: 18/06/1945, Iacanga (SP)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: entre 28/11 e 22/12/1973Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Jaime era irmão dos guerrilheiros Lúcio e Maria Lúcia, também mortos no Araguaia. Estudou em Amparo e Duartina e começou a trabalhar muitocedo, após a morte do pai. Mais tarde, estudou também no Rio de Janeiro. Em 1962 foi para Itajubá morar com o irmão mais velho, Lúcio, e ingressou,em 1965, no Instituto Eletrotécnico de Engenharia de Itajubá. Trabalhou como professor de Matemática e Física em colégios de Itajubáe Brasópolis, ambos em Minas Gerais. Participou do Movimento Estudantil, sendo eleito presidente do Diretório Acadêmico de sua faculdade em1968. Esteve no 30º Congresso da UNE, em Ibiúna, onde foi preso. Ainda em Itajubá, casou-se com Regilena da Silva Carvalho.Condenado pela Justiça Militar à revelia em 1969, foi obrigado a abandonar o curso de Engenharia e trabalhou como eletricista durantealgum tempo. O casal, já integrado ao PCdoB, residiu por algum tempo em Goiânia, antes de seguir para o Araguaia, fixando residência nalocalidade de Caianos, onde já estavam os irmãos de Jaime, integrando-se ao Destacamento B das Forças Guerrilheiras. Depois de iniciadosos choques armados, Regilena se desgarrou dos companheiros e terminou se entregando às forças de repressão em julho ou setembro de1972 (documentos trazem datas divergentes), ficando presa até o final daquele ano.Não foi possível definir uma data precisa para o desaparecimento de Jaime. Segundo o relatório Arroyo: “Dia 28/29 de novembro, o grupodirigido pelo Simão (8 companheiros) acampou nas cabeceiras da grota do Nascimento. Neste mesmo local, o Destacamento B já haviaacampado meses atrás. Ferreira ficou na guarda, Jaime foi catar babaçu, Chico (Adriano Fonseca Filho) e Toninho foram procurar jaboti numagameleira próxima. Chico recebeu um tiro, caindo morto. Eram 17 horas. Em seguida, ouviram-se mais seis tiros. O grupo levantou acampamentoimediatamente, deixando, no entanto, as mochilas, as panelas, os bornais. O Doca (Daniel Callado) deixou o revólver, que estavaconsertando no momento da saída. Jaime e Ferreira (Antonio Guilherme Ribeiro Ribas) ficaram desligados do grupo”.O relatório do Ministério do Exército, de 1993, informa que “existe registro de sua morte em 22/12/1973”, sem especificar as circunstânciase o local de sepultamento. O relatório do Ministério da Marinha, do mesmo ano, também afirma que foi “morto em 22/12/1973”.O comerciante Sinésio Martins Ribeiro, morador da localidade Palestina, que foi guia do Exército na época, contou em depoimento prestadoem São Geraldo do Araguaia, em 19/07/01: “conhecia o Josias, o Chicão, o Ari, Osvaldão, Valquíria, Jaime, Áurea, desde antes da guerra; (...)que o Josias, entregou um local na mata que era ponto de encontro dos guerrilheiros, caso se perdessem após algum tiroteio com o Exército;que quem levou os guias ao local foi o próprio Josias; que ao se aproximar do local ele apontou com o dedo e voltou; que nesse instante oJaime atirou dois tiros e errou e que não atirou mais porque a bala engasgou na arma; que a seguir a equipe atirou muito, que a mata ficoucheia de fumaça; que quando abaixou a fumaça, Piau foi de rastro e constatou que o Jaime estava morto;(...) que não tinha camisa e a calçaestava toda esfarrapada; que as pernas estavam cheias de feridas de ‘leicho’; que ele estava muito magro, tinha 5 a 6 cartuchos de bala; queele foi atingido por muitas balas de FAL; (...); que ele tinha documento de identidade; que retiraram ele da cabana e desceram ele para o pé domorro, onde retiraram a cabeça; que a cabeça foi colocada num saco plástico e levada na mochila do Baixinho; que não tinham como cavara cova; que cavaram com facão e pedaço de madeira, por isso a cova ficou rasa; que colocaram por cima do corpo umas cuncas de coco; queforam a pé até a casa do Raimundo Galego; que lá já os esperava o Dr. Augusto, que trabalhava na base de São Raimundo, onde acredita quetenha ficado a mochila com a cabeça do Jaime; que isto ocorreu por volta de 15 dias após a morte do Chicão; que o Jaime morreu a aproximadamente5 km da casa do Raimundo Galego, perto da grota do Ezequiel; (...)”.Consta do já citado relatório assinado por quatro procuradores do Ministério Público Federal de São Paulo: “Jaime Petit da Silva, morto emconfronto, teve a cabeça decepada e enterrado em cova rasa, perto da Grota do Buragiga, Município de São Geraldo do Araguaia, onde hoje| 225 |

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