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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSEstudante brasileiro que tinha nascido em Buenos Aires, Jorge Alberto tinha sido militante do POC, no Rio Grande do Sul, e desapareceuna capital argentina em 15/04/1976. No final da década de 60, morava em Porto Alegre e participou ativamente do Movimento Estudantilgaúcho, como aluno do Colégio Estadual Julio de Castilhos. Pertenceu à direção da UMESPA – União Metropolitana dos Estudantes Secundáriosde Porto AlegreEm 1971, viajou para o Chile durante o governo de Salvador Allende. Naquele país, cursou História na Universidade do Chile. Com o golpemilitar que derrubou o presidente chileno em setembro de 1973, seguiu para Buenos Aires, não constando nos documentos da CEMDP maisinformações sobre atividades políticas desenvolvidas a partir de então. Foi preso no dia 15/04/1976 em um hotel do centro de Buenos Aires,nunca mais sendo visto.Na época, uma Carta da Amnesty International, datada de 01/06/1978 abordou o seu desaparecimento: ”argentino-brasileiro, Jorge Basso,estudante que desapareceu na Argentina após ter sido oficialmente detido juntamente com o jornalista suíço Luc Banderet, em abril de1976. O jornalista foi mais tarde posto em liberdade, e temos tentado localizá-lo, ora no México onde se encontra, na esperança de que esteconfirme os detalhes que já conhecemos e nos forneça fatos novos sobre a prisão e desaparecimento. Amigos de Jorge Basso acreditam queeste esteja preso na prisão de segurança máxima, a Unidad Penal Numero 6, Carcel de Rawson, na Província argentina de Chubut. Todos osmandados de habeas-corpusimpetrados em seu favor foram, como tem sido, negados pelos tribunais argentinos.Nos arquivos secretos do DOPS/SP, com carimbo de 1972 e a anotação manuscrita “Equipe do Dr. Haroldo”, foi encontrado um documentocontendo referência a Jorge Alberto Basso. A Comissão de Representação Externa para os Mortos e Desaparecidos Políticos, da Câmara dosDeputados, quando esteve em Buenos Aires, em junho de 1993, recebeu a informação de que Jorge teria sido visto na Penitenciária de Rawson.No Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça Maurício Corrêa, consta sobre Jorge a seguinteinformação: preso em um hotel no Centro de Buenos Aires... (DOU n° 60 de 28/03/81 - DOU/SP).Pela internet é possível acessar, hoje, no endereço www.pontodevista.jor.br o seguinte depoimento de um colega de Jorge Basso em PortoAlegre, que assina o texto como WU na edição 23 do blog:“Militei com Jorge Basso (nome de guerra ‘Felipe’), tanto no Movimento Estudantilcomo, posteriormente, nas portas das fábricas de PortoAlegre, em incansáveis tentativas de organizar células de base do POC (Partido Operário Comunista). ‘Felipe’ era um dos integrantes da CoordenaçãoRegional Operária, grupo responsável por todo o trabalho de base da organização. Distribuíamos um jornal (mimeografado) de nomeResistência Operária, quase todo escrito por nós mesmos, com notícias das lutas dentro das fábricas. ‘Felipe’ foi talvez, pelo menos aqui noSul, um dos poucos militantes a, de fato, entrar para uma fábrica metalúrgica na condição de operário. Perseguido em nosso país, ele foi parao Chile. Estudava história na Universidade do Chile mas, com o golpe militar contra o governo Allende, Jorge Basso seguiu para Buenos Aires,onde morava seu avô. O governo era de Isabelita Perón. Durante algum tempo, sem sofrer qualquer tipo de perseguição, escrevia para jornaisda Europa, em especial para periódicos da Suíça. Com o golpe militar e a posse do general Rafael Videla, sua situação mudou; pois, quase queimediatamente, passou a ser procurado. Sua mãe, Sara Basso, a partir de algumas poucas informações, vasculhou Buenos Aires durante ummês, porém não conseguiu nenhuma pista sobre o que de fato aconteceu com ‘Felipe’. Ele se dizia - e era - um intelectual orgânico da classeoperária. Ia para as portas das fábricas. Estudava muitas horas por dia. Tinha sempre um livro dentro de uma velha pasta, da qual nunca seseparava. Contando um pouco de sua história às novas gerações, homenageamos um brasileiro internacionalista que acreditava na possibilidadede construirmos um mundo mais justo. (wu)”.Na CEMDP, o requerimento apresentado por sua família foi indeferido porque Jorge desapareceu na Argentina e não foi possível localizar depoimentosou documentos que efetivamente comprovassem a participação, direta ou indireta, de agentes do Estado brasileiro nesse caso.| 417 |

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