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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSapertando-os, enquanto outros torturadores lhe machucavam; em seguida prosseguiram as torturas, através de choques; (...) foi levada paraa 1ª Cia. de Intendência, onde saía para prestar depoimentos perante muita gente; continuou apanhando, embora com um cunho psicológico,torturas físicas suportáveis; o Cap. Guimarães apertou o seu pescoço dizendo que iria enforcá-la (...)”.Maria Auxiliadora denunciou as torturas sofridas e o assassinato de Chael, e, respondendo a outro processo em São Paulo, declarou em17/11/1970, frente ao Conselho Especial de Justiça do Exército, reunido na 1º Auditoria: “(...)perguntada se tem outras declarações a fazer,respondeu afirmativamente e declarou (...) que não cometeu crime algum (...) nem eu, nem qualquer indiciado em outra organização, poisos verdadeiros criminosos são outros; se há alguém que tenha que comparecer em Juízo esse alguém são os representantes desta ditaduraimplantada no Brasil, para defender interesses de grupos estrangeiros que espoliam as nossas riquezas e exploram o trabalho do nosso povo;(...) além desses crimes, o crime de haver torturado até a morte brasileiros valorosos como João Lucas, Mário Alves, Olavo Hansen e ChaelCharles, (...)”O caso foi apresentado à CEMDP após a ampliação dos critérios da Lei nº 9.140/95, que na redação dada pela Lei nº 10.875, de 2004, passoua contemplar as mortes ocorridas em anos posteriores às torturas, quando comprovado que foram em decorrência de suas seqüelas.Em São Paulo, encontra-se hoje em pleno funcionamento, na periferia leste da capital, Cidade Tiradentes, o Centro de Atenção à Saúde Sexuale Reprodutiva Maria Auxiliadora Lara Barcellos. Durante o exílio, seu companheiro de banimento Luiz Alberto Barreto Leite Sanz, hojeprofessor no Instituto de Arte e Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense, realizou um filme sobre o drama de Dorinha.MASSAFUMI YOSHINAGA (1949 – 1976)Número do processo: 109/04Filiação: Mitsuki Kuriki e Kiyomatsu YoshinagaData e local de nascimento: 22/01/1949, Paraguaçu Paulista (SP)Organização política ou atividade: VPRData e local da morte: 07/06/1976,Relator: Maria Eliane Meneses de FariasDeferido em: 01/12/2004 por unanimidadeData da publicação no DOU: 07/12/2004Massafumi Yoshinaga cometeu suicídio em 07/07/1976, na cidade de São Paulo, em sua casa na Vila Odete, seis anos depois de ficar nacionalmenteconhecido como um dos militantes de esquerda que gravaram depoimentos renegando as convicções políticas anteriores e repudiandosuas organizações clandestinas. Essas gravações foram levadas ao ar através de cadeias nacionais de rádio e TV como demolidoratática de guerra psicológica contra a resistência armada. Hoje, é sabido que muitos desses casos de “arrependimento”, termo utilizado nasnotas oficiais dos órgãos de segurança, foram na verdade resultado de torturas.Massafumi nasceu em Paraguaçu Paulista (SP) e começou a participar do Movimento Estudantil secundarista em 1966, como aluno docolégio Brasílio Machado, na Vila Mariana, capital paulista. Em junho de 1967, foi delegado ao congresso da União Paulista dos EstudantesSecundaristas, sendo eleito vice-presidente da entidade. Em 1968, dirigiu o jornal Avante, em sua escola, tornando-se uma conhecidaliderança nesse segmento estudantil. Tornou-se, em seguida, militante da VPR e esteve por alguns meses na primeira área de treinamentosque a VPR selecionou no Vale do Ribeira, juntamente com Celso Lungaretti, Lamarca, Lavecchia e Fujimore, sendo que os casos desses trêsúltimos nomes já foram apresentados neste livro-relatório. Massafumi e Lungaretti foram removidos daquela área ainda no início de 1970,sendo este último preso em abril, pouco antes de os órgãos de segurança descobrirem a presença de Lamarca naquela região.Não foi possível reconstruir com precisão a seqüência dos fatos, mas é sabido que Massafumi teria se apresentado voluntariamente aosórgãos de segurança em meados de 1970, depois de passar alguns meses sem contato com a VPR, enfrentando dificuldades de sobrevivência| 419 |

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