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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEmento que apresentou à CEMDP, o marido informou que ela se manteve em tratamento psiquiátrico desde que saiu da prisão. Anexou ao processouma declaração do psiquiatra, Dr.Alberto Quielli Ambrósio, CRM 52 1830-3, atestando: Durante estes anos pude testemunhar seu enorme esforçopara recuperar-se do grave quadro psiquiátrico, psicótico, conseqüência de sua prisão em 1971. As torturas físicas e mentais a que foi submetidaenquanto presa fizeram-na revelar nomes de companheiros de movimentos políticos, bem como esse ‘depoimento’ no qual se dizia arrependida erenegava sua militância, foi amplamente divulgado em jornais, denegrindo sua moral enquanto mulher. Estes fatos fizeram-na sentir-se sempreculpada pela desgraça e morte das pessoas. Ajudada por nossos esforços, de sua família e marido, Solange obteve muitas e significativas melhoras,mas não conseguiu conviver com tantas marcas – insuperáveis – e continuar viva.O relator do processo na CEMDP, Belisário dos Santos Junior, argumentou em seu voto que “não se pode furtar as informações da literaturaespecializada sobre o assunto, que dão plena conta que a tortura e as demais sistemáticas e massivas violações dos <strong>Direito</strong>s Humanos naépoca da ditadura militar, praticadas pela cooperação de organismos e servidores do Estado e da União, eram regra na prisão.Assim o relator considerou “perfeitamente coerente e razoável entender verificada a clara vinculação entre o evento morte por suicídio e aprisão anterior por motivos políticos, com os constrangimentos inerentes, entre eles as publicações do suposto arrependimento”.1985GUSTAVO BUARQUE SCHILLER (1950 – 1985)Número do processo: 066/02Filiação: Yedda de Paula Buarque e Sylvio Brandon SchillerData e local de nascimento: 19/11/1950, no Rio de JaneiroOrganização política ou atividade: VAR-PalmaresData e local da morte: 22/09/1985, no Rio de JaneiroRelatora: Deputada Maria do RosárioDeferido em: 01/12/2004 por unanimidadeData da publicação no DOU: 07/12/2004Gustavo Buarque Schiller nasceu no Rio de Janeiro e iniciou sua participação como estudante secundarista. Integrou um pequeno agrupamentochamado Núcleo Marxista Leninista e depois se incorporou ao Colina, que em 1969 se transformaria em VAR-Palmares. De umafamília rica, era sobrinho de Ana Capriglione, conhecida amante do corrupto governador paulista Adhemar de Barros, que a chamava emcódigo de “Doutor Rui”.Gustavo forneceu a Juarez Guimarães de Brito, dirigente da VAR, a informação de que na residência de um irmão de Ana Capriglione existiaum cofre guardando dinheiro originário da corrupção comandada por Adhemar, morto poucos meses antes. Em 18/07/1969 a organizaçãoocupou a referida residência, levando embora o referido cofre, em cujo interior estavam depositados 2,6 milhões de dólares.Depois dessa operação, Gustavo foi deslocado para Porto Alegre, onde integrou o comando regional da organização. Documentos policiaiso apontam como participante do assalto a uma agência do Banco do Brasil em Viamão, em conjunto com as organizações M3G e VPR, etambém dos preparativos do sequestro do cônsul norte-americano em Porto Alegre. Foi preso em 30/03/1970, sendo torturado, tanto noDOPS gaúcho quanto no Rio de Janeiro, numa intensidade que resultou em danos psicológicos irreversíveis.No livro Verás que um filho teu não foge à luta, o ex-preso político gaúcho João Carlos Bona Garcia, que hoje é juiz auditor na JustiçaMilitar estadual do Rio Grande do Sul faz referência a Gustavo na prisão: “Passei assim o primeiro dia. No segundo, tiraram o capuz e vi naminha frente o Bicho, um meninão de 19 anos chamado Gustavo Buarque Schiller, que era da VAR. Estava todo inchado, de nariz quebrado,os lábios rachados. Tinha levado socos, pauladas, o que eles imaginavam”.| 436 |

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