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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEda juventude e da Ação Missionária. Era padre titular das Igrejas Paroquiais de San Isidro e Olivos, em Buenos Aires, e responsável pelaPastoral das Vocações da Argentina.Depois do golpe militar de março de 1976 na Argentina, mudou-se para a França, passando a residir na Congregação dos Religiosos Assumpcionistas,em Paris. Apresentava-se como capelão do Exército Montonero. Quando veio ao Brasil, em 1980, deveria se reunir com diferentesgrupos de vários países da América Latina, particularmente cristãos engajados na luta sindical e camponesa, familiares de desaparecidos ede presos políticos argentinos e outros movimentos religiosos ou leigos que apresentariam ao Papa seu testemunho das injustiças sociais eperseguições políticas na América Latina. Desapareceu nos primeiros dias de julho de 1980, vítima da Operação Condor.LILIANA INÊS GOLDEMBERG (1953 – 1980)EDUARDO GONZALO ESCABOSA (? – 1980)Número do processo: 335/96Filiação: Isabel Alicia Fernandez e Mauricio GoldenbergData e local de nascimento: Buenos Aires, em 17/09/1953Organização política ou atividade: MontonerosData e local da morte: 02/08/1980, em Puerto Iguazu (Argentina)Relator: João Grandino RodasIndeferido em: 17/10/1996Data da publicação no DOU: 22/10/1996O requerimento de Liliana foi apresentado por sua mãe, residente nos Estados Unidos, não sendo formado processo na CEMDP para seu companheiro,tendo o casal cometido suicídio com cianureto na iminência de serem presos. Liliana Inês, militante dos Montoneros, cometeu suicídio no dia 02/08/1980, abordo de uma lancha, quando fazia a travessia entre o Brasil e Argentina em Foz do Iguaçu (PR). Viajava com seu companheiro Eduardo Gonzalo Escabosa,codinome “Andres” no movimento Montonero, que tinha 33 anos segundo o registro na Conadep, onde seu caso tem o nº 6450, não havendo outros dadosbiográficos a seu respeito. O requerimento da família à CEMDP foi apresentado quando vigorava a Lei nº 9.140/95, sendo anexada uma pequena biografiae uma narração dos fatos. Os recortes de jornais incorporados ao processo indicavam que ela teria morrido na província de Misiones, na Argentina, o quelevou ao indeferimento pela CEMDP por entender o colegiado que não havia prova de participação de agentes brasileiros.Filha de profissionais bem estabelecidos, Liliana teve toda sua educação em escolas públicas de Buenos Aires. Cursava o segundo ano dePsicologia na Universidade de Buenos Aires e trabalhava como secretária no Hospital das Crianças da capital argentina, quando abandonousua vida legal em função da militância política. Em 1970, militava nas FAR (Fuerzas Armadas RevoLúcionarias), tendo atuado em Mar DelPlata. Em outubro de 1973, com a fusão das FAR ao grupo Montoneros, Liliana foi enviada para Neuquen, no sul do país. De 1974 a 1976,voltou a viver em Buenos Aires, quando passou à clandestinidade depois que seu irmão, Carlos Andrés Goldenberg, foi baleado dentro de umtáxi. De 1977 a 1980 viveu na Espanha, cumprindo tarefas dos Montoneros. Em 1980, o casal regressava à Argentina, a exemplo de muitosdos Montoneros no exílio, engajados na contra-ofensiva programada por sua organização para enfrentar a ditadura argentina.Aluízio Palmar, no livro Onde foi que vocês enterraram nossos mortos, se refere à morte de Liliana e Eduardo Gonzalo Escabosa, ocorridadurante a travessia entre o Porto Meira, em Foz do Iguaçu e Puerto Iguazú, na margem argentina do rio Paraná. Eis o seu relato: “Foi numsábado, 2 de agosto de 1980, Lílian de 27 anos, loura e franzina, e seu companheiro Eduardo, de 30 anos, embarcaram na lancha Caju IV,pilotada por Antonio Alves Feitosa, conhecido na região como ‘Tatu’. Antes da atracação no lado argentino, dois policiais brasileiros queestavam a bordo mandaram o piloto parar a lancha e apontaram suas armas para o casal. Cercados, Lílian e Eduardo ainda puderam ver quemais policiais desciam ao atracadouro, vindos da aduana Argentina. Assim que perceberam que haviam caído numa cilada, Lílian e Eduardose ajoelharam diante de um grupo de religiosos que estava a bordo e gritaram que eram perseguidos políticos e preferiam morrer ali a seremtorturados. Em seguida abriram um saco plástico, tiraram os comprimidos e os engoliram bebendo a água barrenta do Rio Paraná. Morreramem trinta segundos, envenenados por uma dose fortíssima de cianureto”.

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