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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEBaiano de Salvador, Dermeval concluiu o curso secundário no Colégio Estadual daquela capital e, em 1965, ingressou na Faculdade de<strong>Direito</strong> da Universidade Federal da Bahia, onde foi diretor do Centro Acadêmico. Em 1969, foi expulso da Universidade por força do Decreto477. Transferiu-se então para a Universidade Católica de Salvador, concluiu o curso e passou a trabalhar como advogado. Em 1971 foiprocessado e condenado à revelia pela Auditoria Militar de Salvador por sua atuação política. Depois disso, já militando no PCdoB, foi viverclandestinamente na região do Araguaia, estabelecendo-se na localidade chamada Metade, integrado ao Destacamento A da guerrilha,onde era conhecido como João Araguaia.Em A Ditadura Escancarada, escreve o jornalista Elio Gaspari: “João Araguaia, que participara do ataque ao posto da PM e escapara daemboscada em que morrera André Grabois, partira à frente de um dos cinco grupos formados no dia 30 de dezembro. Provavelmente no finalde janeiro, a sorte protegeu-o de novo. Foi com o guerrilheiro Manoel (Rodolfo de Carvalho Troiano) à casa de um lavrador para devolver-lheo filho Sebastião, que acompanhara a guerrilha. Continuava robusto, vestia bermudas e carregava uma submetralhadora. O pai do meninofoi para a Bacaba e avisou os militares. Voltou com doze soldados. Guiados por Sebastião, entraram na mata, e deu-se um tiroteio. Manoel,ferido, foi morto com um tiro na cabeça. Tempos depois, magro, amarelado e cabeludo, João pediu a um lavrador que o entregasse ao Exército.Foi metralhado na Bacaba”.O relatório assinado em 28/01/2002 pelos procuradores Marlon Weichert, Guilherme Schelb, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr anota seunome entre as pessoas que foram vistas presas, conforme depoimentos colhidos por eles na região em 2001: “João Araguaia: Dermeval DaS. Pereira, que se entregou ao Exército na casa de um depoente após intermediação de Luiz Garimpeiro. Foi visto por outro depoente na baseda Bacaba, quando estaria sendo transferido para Marabá. Teria sido morto por ter jogado um copo d’água em um militar”.Segundo depoimento prestado por José da Luz Filho, também morador da região, Dermeval teria sido preso na casa de uma moradora da regiãodo Araguaia, de nome Nazaré Rodrigues de Sousa. O relatório apresentado pelo Ministério da Marinha, em 1993, ao ministro da JustiçaMaurício Corrêa registra que “Dermeval foi morto em 28 de março de 1974”. Hugo Studart, em A Lei da Selvafaz referência a depoimentosda população dando conta de que teria sido preso e depois fuzilado no DNER de Marabá. Informa também que o Dossiê Araguaia, produzidopor militares que participaram diretamente do combate à guerrilha, aponta sua morte como ocorrida em janeiro de 1974.DINAELZA SANTANA COQUEIRO (1949–1973)Número do processo: 047/96Filiação: Junília Soares Santana e Antônio Pereira de SantanaData e local de nascimento: 22/03/1949, Vitória da Conquista (BA)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: 08/04/1974Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Baiana de Vitória da Conquista, estudou em Jequié (BA), no Instituto Educacional Régis Pacheco, onde organizou o grêmio dos alunos. Em1969, foi para Salvador cursar Geografia na Universidade Católica. Participou ativamente do Movimento Estudantil, sendo eleita para aComissão Executiva do DCE. Nessa época, casou-se com Vandick, estudante de Economia, também desaparecido no Araguaia. Em 1970,ela e o marido já integravam o comitê estudantil do PCdoB. Trabalhou na empresa aérea Sadia, depois Transbrasil, até 1971, quando pediudemissão e foi deslocada para a região do Gameleira, no Araguaia, onde se tornou mais conhecida como Mariadina.No sul do Pará, integrou o Destacamento B da guerrilha. Dinaelza participou de vários enfrentamentos armados. Sinésio Martins Ribeiro,guia do Exército na época, afirmou em depoimento prestado em São Geraldo do Araguaia, em 19/07/01: “ficou sabendo pelo Pedro Galegoe Iomar Galego que a Mariadina (Dinaelza) foi presa no rumo da OP-1, dentro da mata; que quem prendeu ela foi o mateiro Manoel Gomese entregou para o Exército; que segundo soube o depoente, ela foi levada para a casa do Arlindo Piauí para contar onde estavam os outros eoutras informações; que ela não falou nada; que lhe contaram que ela era muito bruta, porque ela não respondia nenhuma das perguntas etambém cuspiu nos doutores; que por isso mataram ela um pouco adiante da casa do Arlindo Piauí, dentro da mata; (...)”.| 248 |

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