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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOScurso de especialização na Universidade de Santiago. Naquele país, tornou-se militante do Movimento de Esquerda RevoLúcionária (MIR). Ao sairdo país teria utilizado o nome Therezinha Viana de Jesus, que consta em algumas das listas de mortos e desaparecidos políticos.As referências acerca de seu engajamento político no Brasil são imprecisas, mas foi anexado ao processo na CEMDP um depoimento emque Gilberto Fernandes Gomes de Faria afirma taxativamente que Therezinha pertencia à AP em 1969, enquanto ele atuava na Corrente,organização que mais tarde se incorporaria à ALN. Assim como aconteceu com inúmeros outros militantes das organizações clandestinas, épossível que ela tenha tido mais de um engajamento partidário, conforme atesta um documento anexado por seu irmão ao processo.Em setembro de 1973, após o golpe militar comandado por Augusto Pinochet, viajou para a Holanda. Morou inicialmente em Rotterdame depois em Amsterdam, cidade em que prosseguiu seus estudos, doutorando-se em Economia. Até 15/09/1977, Therezinha trabalhou naprefeitura local, mas seu contrato não foi renovado. O desemprego agravou os problemas psicológicos que vinha apresentando.Em carta enviada em 07/02/1978 por um exilado brasileiro na Holanda ao bispo de Lins (SP), Dom Pedro Paulo Koop, a morte é informadacom as seguintes palavras:“Prezado Dom Pedro Paulo,Com muito pesar comunico a todos que lerem e ao senhor que Teresinha de Jesus, nascida aos 22/02/1941 e exilada na Holanda desde princípios dejaneiro de 1974, dia 3 de fevereiro p.p. às 12:00 horas, se jogou da janela de seu quarto, do 3º andar de um edifício em Amsterdam.Em conseqüência deste acidente, ela sofreu fraturas das costelas e uma grande hemorragia no baço. Foi atendida na Academische Ziekenhuisda Vrije Universiteir naquela cidade, e sendo operada veio a falecer às 21:05 do mesmo dia de distúrbios do coração.(...) Sofreu no exílio lon-gamente todos os problemas psicológicos referentes ao isolamento que marca esta vida”.Sua irmã Selma Viana de Assis Pamplona escreveu sobre ela: (...) Em meados de 1977 Therezinha começou a me escrever, dizendo estarse sentindo seguida, pois onde estava via as mesmas duas ou quatro pessoas; em julho de 1977 saiu de férias da Prefeitura e fez curso delínguas; viajou pela Rússia e países da Europa Oriental e onde chegava encontrava as mesmas pessoas. Quando voltou da viagem encontrouo seu apartamento todo remexido, desarrumado. Observou que o seu telefone estava “grampeado” e pedia que eu não lhe telefonasse. Àsvezes, quando voltava do serviço, encontrava seu apartamento remexido demonstrando ter entrado gente; começou a receber telefonemasanônimos com ameaças. Foi ficando nervosa e preocupada (...) Por fim, apareceu morta, caída da janela. Ocorre que ela era muito católica,tinha medo da morte. E antes de se sentir seguida estava gostando muito de Amsterdam. De repente, ela ficou sabendo que se tratava dapolícia secreta do Chile. Quanto aos outros, não chegou a saber. Morreu em fevereiro de 1978, com 36 anos de idade”.Documentos juntados ao processo da CEMDP, como a certidão contendo informações da ABIN e cópias de páginas do Dossiê dos Mortose Desaparecidoscomprovam sua militância política, motivo pelo qual teria se exilado, inicialmente no Chile e posteriormente na Holanda.Dessa forma, acatando a argumentação que apontou a existência de vínculo de causalidade entre as torturas sofridas quando presa noBrasil e o quadro psíquico que a teria levado ao suicídio no exílio, a Comissão Especial acatou o requerimento por unanimidade, seguindoo voto da relatora Márcia Adorno.MANOEL CUSTÓDIO MARTINS (1934 – 1978)Número do processo: 349/96 e 003/02Filiação: Hercilia Reis Martins e Heleodoro Custodio MartinsData e local de nascimento: 22/05/1934, Rio Grande (RS)Organização política ou atividade: PTBData e local da morte: 07/02/1978, Santiago (Chile)Relator: João Grandino Rodas (1º) e João Batista Fagundes (2º)Deferido em: 08/12/2005 (fora indeferido em 17/10/1996)Data da publicação no DOU: 22/10/96 e 19/12/2005| 429 |

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