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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEDevanir. Esses torturadores diziam que fariam comigo ‘o que Fleury fez com teu chefe, o Henrique’. Quando fui transferido para oDOPS/SP, ouvi de vários carcereiros e policiais que ‘teu chefe agüentou três dias de tortura e não falou nada’. ...quando fui levado parainterrogatório pelo torturador ‘Carlinhos Metralha’ (Carlos Alberto Augusto), ouvi dele que Devanir tinha sido preso ferido e torturadoaté a morte pelo delegado Fleury”.Num processo judicial a que Devanir respondeu perante a Justiça Militar, advogados teriam visto uma foto do cadáver, não localizadaposteriormente, com marca de perfuração de bala na altura do coração e inúmeros ferimentos, em várias partes do corpo, principalmentena cabeça. O laudo da necropsia, assinado pelos médicos legistas João Pagenotto e Abeylard de Queiroz Orsini, confirmou a versão de queo metalúrgico foi morto em tiroteio.ABÍLIO CLEMENTE FILHO (1949-1971)Número do processo: 057/02Filiação: Maria Helena Correa e Abílio ClementeData e local de nascimento: 17/04/1949, São Paulo (SP)Organização política ou atividade: Movimento EstudantilData e local da morte: 10/04/1971, Santos (SP)Relator: Belisário dos Santos Jr.Deferido em: 02/08/2006 por unanimidadeData da publicação no DOU: 09/08/2006O afro-descendente Abílio Clemente Filho, aluno do 4º ano de Ciências Sociais em Rio Claro, interior de São Paulo, unidade que em 1976passaria a integrar a Universidade Estadual Paulista (Unesp), era ativista do Movimento Estudantil, desapareceu no dia 10/04/1971, quandocaminhava com um amigo na praia de José Menino, em Santos (SP).No processo analisado pela CEMDP está anexado um relato de Maria Amélia de Almeida Teles, da Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos,informando ter encontrado no Arquivo Público do Estado de São Paulo, na parte referente aos documentos secretos do extintoDOPS/SP, uma ficha escolar de Abílio Clemente Filho, da época em que cursava o colegial, na Escola Estadual Fernão Dias Paes, no bairroPinheiros, em São Paulo (SP). De acordo com os registros policiais, essa ficha teria sido encontrada na residência de Ishiro Nagami, militantemorto juntamente com Sérgio Correa, em 4 de setembro de 1969, quando o carro em que ambos trafegavam explodiu na rua da Consolação,em São Paulo, possivelmente em conseqüência da detonação de explosivos que estariam transportando.Joana D’Arc Gontijo, presa no DOI-CODI/SP na época, chegou a denunciar ter ouvido gritos de um homem jovem durante toda a noite, namesma data da prisão de Abílio. Ela acredita que o jovem parou de gritar porque tinha morrido. Joana tentou descobrir quem era a vítimatorturada até morrer, mas nunca conseguiu identificá-la.O caso de Abílio foi também examinado pela Comissão de Indenização dos Presos Políticos do Estado de São Paulo, sendo deferido. Considerouaquela comissão que “do conjunto dos indícios apresentados e do conhecimento dos procedimentos dos órgãos de repressão, era possívelconcluir pelo desaparecimento por razões políticas de Abílio Clemente Filho”.Ao elaborar seu voto, o relator da CEMDP se baseou nas declarações do deputado estadual paulista Antônio Mentor, que foi seu companheirode república estudantil em Rio Claro e afirma: “Abílio Clemente desapareceu quando em viagem a Santos, no dia 10/04/1971. Estavaenvolvido no Movimento Estudantile chegou a participar de organização clandestina de combate à ditadura”; e de Maria Amélia de AlmeidaTeles, que afirma “ter sido procurada pela interessada irmã de Abílio, em meados de 1990, quando não se cogitava de qualquer indenizaçãopor tortura, morte ou desaparecimento político”.| 156 |

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