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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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DIREITO À MEMÓRIA E À VERDADEA versão oficial é de que, no dia 29/06/1969, foi conduzido pelos policiais a um encontro no cruzamento da rua Bresser com Avenida CelsoGarcia, em São Paulo (SP). Lá chegando, teria aproveitado um descuido dos policiais e se jogou sob um ônibus que trafegava pela avenida,sofrendo morte instantânea. Documentos do DOPS informam que ele teria sido preso por elementos do 4º Regimento de Infantaria, ou seja,a mesma unidade de onde desertara em janeiro.Na CEMDP, o parecer da relatora descreve que “O corpo parece não ter espaço onde não haja equimoses, escoriações ou fraturas. Todas ascostelas fraturadas à direita, fratura do osso ilíaco, das clavículas, do úmero, ruptura do pulmão, ferimentos, escoriação plana de 20 x 30 cmna região lombar etc. Esses são os ferimentos de Carlos Roberto Zaniratto após seis dias de intensas torturas”.O pedido foi acolhido por unanimidade na Comissão Especial, tendo sido aprovada a tese da prisão e morte não-natural, sendo que o generalOswaldo Pereira Gomes e Paulo Gonet discordaram da ressalva da relatora sobre a versão oficial.GERALDO BERNARDO DA SILVA (1925-1969)Número do processo: 124/2004Data e local de nascimento: 20/08/1925, Minas GeraisFiliação: Erotilde Malta da Silva e João Ricardo da SilvaOrganização política ou atividade: sindicalistaData e local da morte: 17/07/1969, Rio de Janeiro (RJ)Relator: Maria Eliane Menezes de Farias, com vistas de Diva SantanaDeferido em: 09/11/2006 por unanimidadeData da publicação no DOU: 08/12/2006Afro-descendente e ascensorista da Rede Ferroviária Federal, onde foi funcionário durante 19 anos, Geraldo Bernardo foi preso na madrugadade 08/07/1969 quando sua casa foi invadida por uma patrulha do Exército. Foi levado para a Vila Militar de Deodoro, onde ficou poralguns dias. Ao voltar para casa, Geraldo, que segundo sua esposa Iraci de Lima Silva “sempre foi uma pessoa gentil”, passou a mostrar-senervoso e irritado. No dia 17/07/1969, ele foi levado por Iraci e pelo irmão José Vicente da Silva ao serviço médico da Rede FerroviáriaFederal, que funcionava no 19º andar do edifício sede no Rio de Janeiro. Geraldo disse, então, que precisava ir ao banheiro. Ao estranhar alonga demora, Iraci foi verificar o que estava acontecendo e constatou que ele havia se jogado da janela.Na CEMDP, a relatora requereu várias diligências para serem juntadas aos autos e, na primeira reunião em que o processo foi avaliado,propôs indeferimento. Diva Santana pediu vistas e ponderou que a informação prestada pelo Comando Militar Leste, declarando que GeraldoBernardo da Silva esteve detido na Vila Militar de Deodoro em 07/1969, cópias de documentos expedidas pelo Arquivo Público doRio de Janeiro, com impressões digitais quando de sua primeira prisão, em setembro de 1964, cópias de comprovação de sua militância emorganização sindical no local de trabalho, oriunda dos órgãos repressivos, constituem forte evidência de que Geraldo, exercendo ou nãoatividade política à época de sua detenção, foi preso por autoridades do regime militar.A documentação constante do processo na CEMDP deixa claro que Geraldo foi membro de comitê sindical dos ferroviários da Estrada deFerro Central do Brasil e, já em 1963, participava ativamente nas mobilizações em defesa das chamadas Reformas de Base.Com base no art. 4º da lei nº 10.875, que prevê o reconhecimento da responsabilidade do Estado nos casos de pessoas “que tenham falecidoem decorrência de suicídio praticado na iminência de serem presas ou em decorrência de seqüelas psicológicas resultantes de atos de torturapraticados por agentes do poder público”, Diva pediu que a relatora reconsiderasse o parecer pelo indeferimento. O processo foi então acolhidopor unanimidade na Comissão Especial.| 98 |

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