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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSpossíveis. O documentário Memória para uso diário, realizado por Beth Formaggini para registrar os 21 anos de atividade do Grupo TorturaNunca Mais do Rio de Janeiro, inclui imagens sobre a saga de Ivanilda pesquisando documentos dos arquivos policiais em busca de informações,há 32 anos, sobre o marido desaparecido.Em Belo Horizonte, existe hoje uma avenida, no Bairro das Indústrias, com o nome de Itair José Veloso, sendo que em 2004 ele foi um doshomenageados com a entrega da Medalha Tributo à Utopia, criada pela Câmara Municipal da capital mineira no ano anterior.JOÃO LEONARDO DA SILVA ROCHA (1939 – 1975)Número do processo: 283/96Filiação: Maria Nathália da Silva Rocha e Mário RochaData e local de nascimento: 04/08/1939, Salvador (BA)Organização política ou atividade: MOLIPOData e local do desaparecimento: junho de 1975, BahiaData da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Dirigente do Molipo, seu nome integra a lista de desaparecidos políticos anexa à Lei nº 9.140/95. Fez o curso primário em Amargosa, naBahia, onde moravam seus pais. Estudou o primeiro ano do curso secundário no colégio dos Irmãos Maristas, em Salvador, ingressandoem 29/02/1952 no Seminário Católico de Aracajú, onde permaneceu até 1957. Em 1959, aprovado no concurso, tornou-se funcionário doBanco do Brasil em Alagoinhas (BA), cidade em que seus pais passaram a residir. Nesse mesmo ano, começou a lecionar Português e Latimno Colégio Santíssimo Sacramento e na Escola Normal e Ginásio de Alagoinhas.No inicio de 1962 mudou-se para São Paulo, ainda como funcionário do Banco do Brasil, onde também passou a lecionar aquelas duasmatérias em colégios da região do ABC. Era considerado excelente poeta e contista. Ingressou logo depois na Faculdade de <strong>Direito</strong> do Largode São Francisco, da USP, passando então a engajar-se crescentemente na militância política. Foi diretor da Casa do Estudante, localizadana avenida São João, que abrigava alunos de sua faculdade. Vem de uma testemunha inesperada – o filósofo e articulista Olavo de Carvalho– o depoimento de que, nessa época da Casa do Estudante, João Leonardo realizou excelentes duetos musicais com Arno Preis, que foi mortoem fevereiro de 1972 e também pertencia ao MOLIPO, conforme já registrado neste livro-relatório.João Leonardo cursava o último ano de <strong>Direito</strong> e já integrava a ALN (Agrupamento Comunista de São Paulo), quando foi preso pelo DOPS, no final de janeirode 1969, no fluxo de prisões de militantes da VPR que mantinham contato com a organização de Marighella. O mesmo Olavo de Carvalho já escreveumencionando as brutais torturas a que foi submetido o seu amigo daquela época. Os órgãos de segurança acusavam João Leonardo de participar do GrupoTático Armado dessa organização guerrilheira, tendo participado em 10/08/1968 do rumoroso assalto a um trem pagador na ferrovia Santos-Jundiaí, bemcomo de outras operações armadas. Foi, inclusive, indiciado no inquérito policial que apurou a execução do oficial do exército norte-americano CharlesChandler, em 12/10/1968, embora não seja apontado como participante direto do comando que realizou a ação.Em setembro de 1969, com o seqüestro do embaixador dos Estados Unidos no Brasil, João Leonardo foi um dos 15 presos políticos libertadose enviados para o México, oficialmente banidos do país. Transferiu-se para Cuba e recebeu treinamento militar naquele país, onde sealinhou com o grupo dissidente da ALN que gerou o MOLIPO.Retornou ao Brasil em 1971, se estabelecendo numa pequena localidade rural de Pernambuco, São Vicente, que era distrito de Itapetim,sertão do Pajeú, quase divisa com a Paraíba. Raspou totalmente a cabeça e era conhecido como Zé Careca. Tornou-se lavrador, tendo adquiridoum pequeno sítio onde trabalhava. Gostava muito de caçar e era exímio atirador. Era muito querido na região e, como tinha habilidadesartesanais, fazia brinquedos com que presenteava as crianças. Foi um dos poucos sobreviventes entre os militantes que tentaram construirbases rurais do MOLIPO, entre 1971 e 1972, tanto no oeste da Bahia quanto no norte de Goiás, território atual do Tocantins.| 399 |

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