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Direito à Memória e à Verdade - DHnet

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COMISSÃO ESPECIAL SOBRE MORTOS E DESAPARECIDOS POLÍTICOSQuanto às condições concretas da morte ou desaparecimento de Nelson, reunindo informações contraditórias fornecidas por moradores daregião, tem-se que José da Luz Filho, lavrador cujo pai permaneceu detido durante sete meses em Marabá, testemunha que Nelito e Cristinaforam presos e levados para Bacaba. Zé da Onça afirma conhecer uma senhora, cujo nome não revelou, que saberia dizer onde estão asossadas de Nelson Piauhy Dourado (Nelito), de Luiz Renê Silveira e Silva (Duda) e do camponês Pedro Carretel, todos mortos no mesmo diasegundo seu testemunho. Outro depoimento indica como possível local de sepultura de Nelson o castanhal Brasil-Espanha.Raimundo Nonato dos Santos, conhecido como Peixinho, informa que Pedro Carretel foi preso por uma equipe de militares guiada por ZéCatingueiro, sendo ferido por um tiro do próprio Zé Catingueiro e que na mesma ocasião Nelito foi morto. Conta também que a operaçãoonde morreu Nelito e foi capturado Carretel era comandada pelo capitão Rodrigues.Pedro Matos do Nascimento, conhecido por Pedro Mariveti, relata que, preso na Bacaba, conversou com Babão, um guia do Exército, quecontou terem matado e decapitado o Ari, conforme já descrito. Além disso, Babão disse que na cabeceira da pista de pouso na Bacaba foramsepultados vários corpos. Ele se recorda de Babão ter dito que Nelito e uma Japonezinha estariam enterrados lá.Em 1974, agentes do DOPS de Salvador invadiram a casa dos irmãos de Nelson, apoderando-se de uma carta onde os seus companheirosde guerrilha informavam de sua morte. A polícia política do Regime Militar tentava não deixar qualquer prova da existência de combatesna região do Araguaia. Seu irmão, José Lima Piauhy Dourado também desapareceu no Araguaia, na mesma época. Sua mãe faleceu nessemesmo ano, ao saber da morte dos filhos. O Relatório do Ministério da Marinha, apresentado em 1993 ao ministro da Justiça, apenas oficializoua informação de que Nelson foi “morto em 02/01/1974”.JANA MORONI BARROSO (1948 - 1974)Número do processo: 196/96Filiação: Cyrene Moroni Barroso e Benigno Girão BarrosoData e local de nascimento: 10/06/1948, Fortaleza (CE)Organização política ou atividade: PCdoBData do desaparecimento: entre 02/01 e 11/02/1974Data da publicação no DOU: Lei nº 9.140/95 – 04/12/95Cearense de uma conhecida família de Fortaleza, cresceu em Petrópolis (RJ), onde praticou escotismo, primeiro como “Lobinho”, depois“Bandeirante”. Concluiu naquela cidade o ensino médio e cursou até o quarto ano de Biologia na Universidade Federal do Rio de Janeiro,onde se integrou à Juventude do PCdoB. Trabalhou com outros companheiros como responsável pela imprensa clandestina do partido. Em21 de abril de 1971, foi deslocada para a localidade de Metade, região do Araguaia, onde trabalhou como professora e ficou conhecidacomo Cristina, integrando o Destacamento A da guerrilha. Dedicou-se também a atividades de caça e ao plantio. Casou-se com Nelson LimaPiauhy Dourado. Ao se despedir dos pais, deixou-lhes uma carta explicando as razões de sua opção política e um exemplar do clássico deGorki, A Mãe, que narra uma sensível história de amor entre um militante socialista e sua mãe na Rússia czarista.No livro Operação Araguaia, Taís Morais e Eumano Silva escrevem: “Em entrevista ao historiador Romualdo Pessoa Campos Filho, o moradorJosé Veloso de Andrade contou que Cristina morreu nas mãos dos militares. Segundo o depoimento do ex-mateiro Raimundo Nonato dosSantos, o Peixinho, para o Ministério Público, Jana teria sido presa em um local chamado Grota da Sônia. Ela se deslocava para o ribeirãoFortaleza para encontrar Duda (Luiz René Silveira e Silva). Este, já preso, foi obrigado a levar os militares ao ponto. Raimundo, ao avistá-la,teria feito sinal para que fugisse, mas outra equipe já a cercava. Cristina estava desarmada, mas um soldado disparou contra ela. Raimundoafirma que Jana foi deixada no local, insepulta. Apenas uma foto teria sido feita”.Raimundo Nonato relata em outro depoimento que “Cristina foi presa perto de um local chamado “Grota da Sônia” em homenagem a umaoutra guerrilheira que gostava muito daquele lugar; que quando viu a Cristina, que estava desarmada, ainda fez sinal para que ela fugisse,| 237 |

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