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Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

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lidária – denomi<strong>na</strong>ção usual <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong> – com raízes profundas. Sem o entendimento<br />

dessa profundidade, não poderemos perceber corretamente o que está acontecendo<br />

e, portanto, não seremos capazes de atuar de modo consequente – incluindo,<br />

claro, o âmbito das políticas públicas. Como já ocorreu em outros momentos, ao se dar<br />

um reconhecimento mútuo e um trabalho de convergência, que adquire uma dimensão<br />

iminentemente política, surgem movimentos como aquele que agora temos em vista<br />

neste seminário. Falávamos anos atrás do movimento Ecosol no Brasil; falamos mais<br />

comumente agora do movimento da <strong>Economia</strong> Solidária. Pois bem, isso é um pouco<br />

como o icebergue que aflora e fica visível, mantendo a maior parte de sua massa submersa,<br />

dela dependendo o que sobressai à to<strong>na</strong>. Esse é o primeiro ponto.<br />

O segundo é que essas manifestações de solidarismo podem configurar-se em diferentes<br />

níveis. Primeiramente, elas podem estar incorporadas de forma espontânea à<br />

vida cotidia<strong>na</strong> das pessoas, das comunidades, dos grupos sociais, como as práticas de<br />

ajuda mútua e os sistemas comunitários que sempre existiram <strong>na</strong>s sociedades – praticamente<br />

sem que se perceba, porque nesse estado <strong>na</strong>tural não recebem nomes especiais,<br />

nem <strong>na</strong>da. Por vezes, algumas dessas práticas adquirem uma forma peculiar e geram organizações<br />

que, aí sim, recebem nomes, às vezes recebem nome e sobrenome – com isso<br />

estou querendo dizer que se institucio<strong>na</strong>lizam e passam a ser vistas como uma família<br />

de organizações. Essa conversão se dá à medida que assumem uma fi<strong>na</strong>lidade específica,<br />

respondendo a necessidades e aspirações sociais. A tendência de tais organizações<br />

será desenvolver uma racio<strong>na</strong>lidade própria, que se desprende daquela racio<strong>na</strong>lidade origi<strong>na</strong>l,<br />

imersa no terreno da vida cotidia<strong>na</strong>. Aí, nós temos as cooperativas, as associações,<br />

temos atualmente os empreendimentos de <strong>Economia</strong> Solidária, as fábricas recuperadas,<br />

as empresas sociais e assim por diante. Por vezes – mas nem sempre –, essas organizações<br />

logram gerar movimentos, redes, organizações mais abrangentes e complexas, como as<br />

entidades de articulação e representação. Na história do movimento cooperativista, esse<br />

processo logrou desembocar em uma organização mundial, a ACI. Sucede normalmente<br />

que isso ganhe uma característica institucio<strong>na</strong>l marcada, em resultado de lutas sociais<br />

pelo reconhecimento dessas organizações, dessas forças, dessas formas de economia, o<br />

que se traduz em normas e consolida-se em organizações juridicamente definidas em<br />

nossa sociedade moder<strong>na</strong>. Nessa altura, tor<strong>na</strong>m-se por vezes assunto público: a agenda<br />

do Estado abre campo a medidas, programas e políticas a seu respeito.<br />

Ressalte-se, entretanto, que esse processo não é cumulativo, linear. Ou seja, muitas experiências<br />

de base jamais chegarão ao nível organizacio<strong>na</strong>l e, mesmo entre as organizações, nem<br />

todas chegarão a criar instituições que as representem, sendo ademais muito comum que<br />

essas últimas, por paradoxal que pareça, nem sempre reconheçam as organizações de base<br />

que deveriam de algum modo representar. Às vezes, essas últimas continuam evoluindo,<br />

aquelas não; basta lembrar o que transcorreu com a Organização das Cooperativas do Brasil<br />

Conclusão 177

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