Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC
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A <strong>Economia</strong> Solidária <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>: realidades <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e políticas públicas<br />
A questão indíge<strong>na</strong> não pode ser desvinculada da questão territorial. Nesse sentido,<br />
Humberto Ortiz, representante do Peru, traz uma análise da mercantilização dos<br />
territórios indíge<strong>na</strong>s, que representa uma tragédia étnica e ambiental, dada a importância<br />
da região amazônica, abordada pelo autor. Ortiz propõe que o tema ambiental<br />
seja aprofundado <strong>na</strong> discussão da economia solidária. Mais do que isso, parte de uma<br />
imagem utilizada por Denis Goulet, da “flor de seis pétalas do desenvolvimento”, para<br />
propor um projeto de sociedade que articule as dimensões econômica, social, política,<br />
cultural, ecológica e ética.<br />
Se tudo que existe dentro da sociedade capitalista assume seus valores, como teriam<br />
sobrevivido os conceitos e práticas dos povos originários Conceitos como o “Ayni<br />
Minka”, trabalhado por Nicolás Gómez Núñez, do Chile, o permitiram identificar <strong>na</strong>s<br />
práticas indíge<strong>na</strong>s novos significados das definições de território, tecnologia e trabalho:<br />
território como espaço de relações de reciprocidade e base de um trabalho comunitário,<br />
orientado para o público, exercido por meio de tecnologias apropriadas a cada<br />
tempo histórico e a cada grupo social.<br />
Negar a domi<strong>na</strong>ção total do sistema do capital sobre os valores da nossa sociedade<br />
não significa negar sua hegemonia. Muito menos negar a dependência das propostas<br />
alter<strong>na</strong>tivas de organização econômica, como é o caso da economia solidária, dos<br />
instrumentos de fi<strong>na</strong>nciamento capitalistas, do mercado regido por seus valores e<br />
mesmo das empresas privadas, que são em muitos casos compradoras e fornecedoras<br />
dos empreendimentos coletivos.<br />
Alter<strong>na</strong>tivas a esses fatores também já estão esboçadas. Como a formação de redes<br />
solidárias, citada por Ge<strong>na</strong>uto, que pode ser exemplificada pela Justa Trama no Brasil,<br />
por ter conseguido formar uma rede de produção de roupas, desde o plantio do algodão<br />
ecológico até a confecção. Como diz o autor, a proposta não deve ser de continuarmos<br />
com “uma economia de mercado com ingredientes de solidariedade”.<br />
Os Bancos Comunitários no Brasil também buscam apresentar alter<strong>na</strong>tivas ao sistema<br />
bancário oficial. Nesse sentido, Alberto Gandulfo, da Argenti<strong>na</strong>, que inicia seu<br />
texto reforçando a importância da integração latino-america<strong>na</strong> via UNASUR e Banco<br />
do Sul, apresenta as ações do Ministério de Desenvolvimento Social de seu país voltadas<br />
para o microcrédito. Para o autor, o microcrédito, deve ser entendido não como<br />
um fim em si mesmo, mas como uma ferramenta de vinculação ao território por<br />
meio de uma metodologia de acompanhamento do crédito concedido, que é feito em<br />
seu país por meio de organizações de base territorial.<br />
Tais experiências sustentam a formação de um novo conceito, que se dá a partir<br />
da adjetivação do conceito de economia. Juan José Sarachu Oneto, representante do<br />
Uruguai, reflete sobre a definição de “economia social”, utilizado em seu país. Em sua<br />
opinião, a prática da economia social surge de uma “condição de necessidade”, ou