Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC
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A <strong>Economia</strong> Solidária <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>: realidades <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e políticas públicas<br />
graves que acontecem de vez em quando e aí somos obrigados a cancelar a parceria.<br />
Mas isso implica em voltar ao marco zero, significa que a política não será implementada<br />
já, terá que se fazer uma nova chamada e começar tudo do marco zero.<br />
No início da <strong>SENAES</strong>, eu achava isso uma enorme burocracia, acho que meus companheiros<br />
também. No início, não estávamos preparados, era muito difícil passar da teoria à<br />
prática. Hoje eu acho que o problema não é a longa tramitação dos projetos mas a imensa<br />
roubalheira nos convênios com as entidade sem fim de lucro da sociedade civil. Essa burocracia<br />
toda tem razão de ser. Vou dar o exemplo de uma entidade que fomenta bancos comunitários,<br />
o nosso Instituto Palmas lá de Fortaleza, que faz essa política para nós com muito<br />
êxito – são companheiros que merecem toda a nossa confiança. Para eles contratarem qualquer<br />
coisa, eles querem fazer uma reunião com a Federação dos Bancos Comunitários: eles<br />
têm que fazer uma chamada do mesmo jeito que nós, têm que ver quem oferece as passagens<br />
e hospedagem em Brasília mais barato. Isso leva meses, mas tem que ser feito desse jeito, pelo<br />
menos eu não consigo propor nenhuma alter<strong>na</strong>tiva melhor. Seria genial se houvesse uma<br />
operação cerebral para tor<strong>na</strong>r todo mundo idealista, militante e honesto. Infelizmente não a<br />
inventaram ainda. Então, essa burocracia toda é um preço que nós pagamos por uma cultura<br />
de transgressões que não é só com convênios com ONGs, mas com tudo o que o governo<br />
gasta. Sobretudo obras, mas também compras, o que o governo federal tiver que comprar<br />
tem que passar por essa burocracia e ainda assim há roubalheira.<br />
Quero chamar a atenção para o fato de que uma das nossas políticas mais importante está<br />
no terreno da educação, nós precisamos difundir a <strong>Economia</strong> Solidária. Essa também é uma<br />
política importante, pois nós precisamos de peritos em <strong>Economia</strong> Solidária, gente que entende<br />
em profundidade o que ela é, como e com quem ela está sendo construída e como essas<br />
políticas podem acelerar, aprofundar, facilitar seu desenvolvimento em nosso país.<br />
Chamo a atenção também para o tamanho da pretensão: nós estamos querendo mudar completamente<br />
esse país, pois se você muda a economia do país de capitalista para solidária, é uma transformação<br />
total, não só <strong>na</strong> economia, mas <strong>na</strong> política e <strong>na</strong> cultura. Isso é uma obra de anos, talvez de<br />
décadas e nossas políticas são indispensáveis a meu ver, mas para elas nós precisamos de gente<br />
competente, além de militante e honesta. E nós temos isso no Brasil, nós estamos desenvolvendo<br />
deze<strong>na</strong>s de políticas diferentes <strong>na</strong> área de educação, de fi<strong>na</strong>nças, de comércio. Nós temos encontrado<br />
parceiros competentes. Se não fossem competentes, essas políticas seriam ignoradas, elas<br />
não teriam a importância que têm.<br />
O movimento da <strong>Economia</strong> Solidária e sua ação política aparecem em duas pontas:<br />
<strong>na</strong> ponta inicial, temos uma problemática, e a <strong>Economia</strong> Social tem que resolvê-la, não<br />
importa qual seja – esse é um ponto, precisamos de interlocutores, de quem nos ensine