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Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

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SEÇÃO I 67<br />

Assim, a ideia de uma economia solidária – para muito além da ideia de “economia de mercado,<br />

porém solidária” – e sua prática supõem uma outra forma de produzir, de consumir, de comercializar,<br />

de se relacio<strong>na</strong>r com o dinheiro, enfim, uma outra forma de pensar as relações de trabalho,<br />

uma outra forma de conceber e agir no território etc. Tudo isso vai rimar respectivamente com<br />

autogestão, consumo consciente ou consumo ético, comércio justo e solidário, fi<strong>na</strong>nças solidárias,<br />

democracia econômica e direito ao trabalho associado, além do desenvolvimento territorial<br />

dentro de uma lógica de organizar outras formas de estruturação econômica nos territórios.<br />

A pergunta é: o que as políticas públicas <strong>na</strong> <strong>SENAES</strong> têm feito a esse respeito Sem uma<br />

avaliação mais criteriosa e rigorosa acerca delas, considero que, de certa maneira, as políticas<br />

levadas a cabo pela <strong>SENAES</strong>, conforme a descrição histórica feita antes, revelam-se coerentes<br />

com essa outra visão do econômico. Isso porque são políticas de fi<strong>na</strong>nças solidárias, de comércio<br />

justo, de fomento à autogestão e de apoio ao desenvolvimento territorial.<br />

Se, de fato, parece haver coerência em tais políticas com os princípios e valores da<br />

<strong>Economia</strong> Solidária, por outro lado, cabe perguntar sobre seu efetivo alcance, isto é,<br />

sobre a capacidade dessas políticas terem tido ou não êxito. É aqui que reside nossa<br />

avaliação crítica do presente tema.<br />

Nesse sentido, cabe refletir sobre desafios que se impuseram e que se impõem nessa<br />

trajetória de oito anos. Tais desafios constituem, a rigor, lições e aprendizados desse processo.<br />

De fato, há uma série de dificuldades inerentes a esse processo, conforme o professor<br />

Singer havia colocado. Há dificuldade de lidar e manejar a estrutura burocrática da<br />

gestão pública, além de dificuldades propriamente políticas em torno da não centralidade<br />

dessa política <strong>na</strong> agenda do governo federal, refletida no problema da baixa disponibilidade<br />

de recursos para <strong>Economia</strong> Solidária quando comparada com o orçamento mais<br />

geral do governo. Tal aspecto si<strong>na</strong>liza o risco de fragilidade institucio<strong>na</strong>l.<br />

Contudo, nessa avaliação crítica, importa salientar o fato de algumas ações aparecerem<br />

fragmentadas e dispersas. Ou seja, o problema da carência de uma visão de impacto articulado<br />

no território parece constituir, no meu entendimento, um dos elementos mais valiosos<br />

do ponto de vista do ensi<strong>na</strong>mento, da lição ou do desafio que podemos tirar em relação a<br />

essas práticas. Estamos aqui nos referindo ao problema do lugar do território numa política<br />

pública de <strong>Economia</strong> Solidária. Isso se tor<strong>na</strong> ainda mais relevante diante de uma tendência,<br />

absolutamente rei<strong>na</strong>nte, de pensarmos o tratamento social da pobreza pela via econômica<br />

como fundamentalmente uma questão de ação individual.<br />

Não parece trivial o fato do discurso sobre o empreendedorismo individual adquirir<br />

tanta evidência nos dias de hoje. É um pouco aquela crença de que uma história de<br />

valor que conta o feito heroico de alguém é suficiente pra despertar um exemplo que

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