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Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

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A <strong>Economia</strong> Solidária <strong>na</strong> América Lati<strong>na</strong>: realidades <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is e políticas públicas<br />

(OCB) comparativamente com o universo cooperativo real. Assim, há um movimento<br />

de criação de novos níveis, mas também de perdas da experiência social, de um nível ao<br />

outro. De sorte que, voltando ao nosso exemplo, o movimento cooperativista não contempla<br />

todas as dimensões das cooperativas e muito menos representa uma espécie, por<br />

assim dizer, de média ideológica dos movimentos cooperativos que se estabeleceram<br />

em tantos lugares e países. Há uma linha hegemônica no movimento, que trabalha em<br />

função da sua visão, em detrimento daqueles setores que não participam dessa concepção<br />

ou têm menor força de expressão. Quando isso chega ao Estado, da mesma forma, é em<br />

função de uma compreensão dada; há uma construção social prévia daqueles problemas<br />

que se transformam em pontos da agenda pública. Essa construção é feita pelos atores<br />

que, em momento aprazado, dispõem da capacidade de introduzir seus pontos de vista<br />

e demandas, dando-lhes a conformação que se traduzirá depois <strong>na</strong>s políticas públicas.<br />

Nada garante que essas últimas sejam um reflexo fiel das necessidades, das demandas, das<br />

aspirações daqueles que estão lá no nível um, ou no nível dois, ou mesmo no nível três.<br />

Esses processos seguem uma via de mão dupla. Como as políticas do Estado e das instituições representativas<br />

exercem um poder de retroalimentação, acabam incidindo em linha descendente,<br />

repercutindo <strong>na</strong>s iniciativas e até <strong>na</strong> própria <strong>na</strong>tureza daquelas experiências que já estavam lá<br />

antes, fazendo parte simplesmente da vida cotidia<strong>na</strong>. Por conseguinte, não se trata de uma lógica<br />

linear ou de soma, quando se ascende a partir do nível um. Tampouco é uma lógica tão-somente de<br />

fortalecimento, ou de empoderamento, quando se desce. Há processos seletivos, de inclusão e exclusão,<br />

e há processos de enfraquecimento e fortalecimento. Isso é da <strong>na</strong>tureza do mundo social,<br />

não um problema específico dos nossos países da América Lati<strong>na</strong>, ou mesmo exclusivamente das<br />

sociedades moder<strong>na</strong>s, embora eu esteja utilizando aqui categorias apropriadas, evidentemente,<br />

ao nosso contexto social contemporâneo.<br />

A terceira premissa é mais simples de explicar: sempre convém tratarmos desses problemas<br />

evitando um pensamento dualista. Quando visualizamos, de um lado e de outro,<br />

dois extremos, ainda que seja ape<strong>na</strong>s como uma simplificação didática do pensamento,<br />

eles normalmente acabam se transformando em extremos que se opõem diametralmente<br />

em quase tudo, como se fossem azeite e água, sem misturas e impurezas. É melhor evitarmos<br />

essa forma de racioci<strong>na</strong>r sobre o mundo. Por isso, fazendo um ‘joguinho’ com o<br />

objetivo de superar esse dualismo – sem deixar de manter o caráter de ‘joguinho’ como<br />

recurso de exposição –, vou propor a vocês o desenvolvimento de certos temas, como<br />

verão, através de quatro polos, de quatro possibilidades, de quatro formas de existência.<br />

Falarei de quatro delas até o fi<strong>na</strong>l da minha exposição. Precisamos ser didáticos e estabe-

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