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Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

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Conclusão 179<br />

lecer categorias para organizar nossa visão do mundo. Sem esquecer, por certo, que não<br />

valeria muito essa didática, forçando-se a realidade para encaixá-la em quatro alter<strong>na</strong>tivas,<br />

em detrimento de outras possibilidades também relevantes.<br />

Esta será a tônica da minha exposição: penso em recuperar e articular elementos<br />

trazidos nesse seminário, introduzindo-os em uma linha de interpretação da nossa realidade<br />

e da nossa história. Essa linha não está necessariamente implícita <strong>na</strong>s falas, <strong>na</strong>s<br />

contribuições que tivemos durante o seminário; portanto, ela seria a minha contribuição:<br />

retomar alguns pontos dos debates a partir de um fio condutor que me parece<br />

pertinente, no sentido de nos trazer o pano de fundo. Desejo, com isso, ajudar a nos<br />

darmos conta do chão histórico – cuja dinâmica de transformação é profunda e lenta–,<br />

chão no qual nos encontramos e no qual poderíamos, penso eu, sem modéstia, mas<br />

também sem triunfalismo, falar de avanços, de conquistas. Isso, precisamente devido<br />

à grandeza dos obstáculos, dos adversários visíveis e, sobretudo, das barreiras não tão<br />

visíveis, como nos fez ver apropriadamente o Cattani.<br />

Diria ainda que os inimigos – usando aqui novamente uma linguagem metafórica, o termo “inimigo”<br />

não diz exatamente do que se trata, mas poderíamos dizer, sim, os inimigos – estão também<br />

em nós, <strong>na</strong> nossa cultura, no nosso modo de vida. Por isso, pela multiplicidade e envergadura dos<br />

obstáculos, poderíamos comemorar o que estamos fazendo, pois se trata de fazer frente a tudo<br />

isso. Prudentemente, vou preferir falar em desafios, vou dedicar-me mais aos desafios e menos<br />

às conquistas e avanços.<br />

Pressupostos modernos da ação pública<br />

Precisamos recuar um pouco no tempo para entender o que sucede hoje, quando falamos<br />

em políticas públicas. Temos em nossa cabeça, provavelmente, um esquema<br />

mais ou menos como este que vou apresentar-lhes (Figura 1), sobre como a gente imagi<strong>na</strong><br />

uma política pública bem construída. Partimos da ideia de que <strong>na</strong> sociedade há<br />

cidadãos, pessoas com uma noção sobre os assuntos de interesse comum, que possuem<br />

algum engajamento, que participam da vida pública, que não pensam somente em si<br />

mesmas ou em interesses grupais localizados. Em prol dos direitos que almejam para<br />

a coletividade, essas pessoas se organizam. Daí <strong>na</strong>sce a ideia de sociedade civil, com as<br />

suas entidades e formas de representação. A sociedade civil se dirige ao poder político<br />

– estruturado em partidos, em agremiações – através de movimentos sociais que se<br />

expressam <strong>na</strong> rua, de grupos de pressão que pedem para ser ouvidos, que seu clamor<br />

seja reconhecido e possa alcançar o aparelho do Estado e integrar-se à agenda pública.

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