27.01.2015 Views

Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

Conclusão 189<br />

Há um passivo histórico em nosso desfavor: não termos implantado – exceto em alguns países<br />

e de forma incompleta, susceptível a turbulências e retrocessos – noções e instituições intrínsecas<br />

à esfera e a políticas públicas democráticas, virtualmente transformadoras. Um terreno<br />

vital em que, a duras pe<strong>na</strong>s, procura-se avançar, sendo a construção de políticas de <strong>Economia</strong><br />

Solidária um bom exemplo.<br />

Falando no Brasil, cuja experiência foi retratada no primeiro painel, poderíamos<br />

dizer que está havendo uma progressiva conversão do circuito vicioso, não republicano,<br />

<strong>na</strong>quele circuito inicial, que nos serve de modelo. Como tivemos iniciativas de<br />

<strong>Economia</strong> Solidária aflorando em vários momentos, com liberdade e sem prematura<br />

institucio<strong>na</strong>lização, isso propiciou uma organização progressiva, das bases locais e<br />

regio<strong>na</strong>is ao plano <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l, o que se pode representar sinteticamente com a menção<br />

ao Fórum Brasileiro (FBES) (Figura 3). As pressões da sociedade civil que promoveram<br />

a criação do Fórum Brasileiro incidiram simultaneamente sobre o poder político<br />

e conduziram à instalação de uma primeira estrutura de governo, a Secretaria<br />

Nacio<strong>na</strong>l de <strong>Economia</strong> Solidária (<strong>SENAES</strong>). A secretaria se tem relacio<strong>na</strong>do diutur<strong>na</strong>mente<br />

com a sociedade civil e com os protagonistas diretos dos empreendimentos<br />

solidários e, com isso, vai modelando sua ação, estabelecendo políticas de governo.<br />

Digo de governo, ainda não de Estado, porque até pouco tempo essas políticas<br />

eram reconhecidas e integradas pelo aparelho do Estado de forma tímida, inorgânica,<br />

e poderiam facilmente cair no abandono se houvesse solução de continuidade<br />

<strong>na</strong> coalizão política à frente do governo ou em sua correlação de forças. A <strong>SENAES</strong><br />

necessitou de muita habilidade e poder de convencimento, de uma série de diligências<br />

no interior da máqui<strong>na</strong> estatal para estabelecer políticas de <strong>Economia</strong> Solidária<br />

que traduzissem o marco institucio<strong>na</strong>l da secretaria, além das necessidades e compromissos<br />

que lhe emprestaram sua legitimidade inicial. Aqui temos um problema legado<br />

de nossa formação histórica: as categorias da Ciência Política permitem que falemos<br />

de políticas de Estado ou simplesmente de ações de governo, que se configuram <strong>na</strong><br />

dependência das circunstâncias produzidas por aquele jogo nefasto, contrário ao circuito<br />

virtuoso que idealizamos Contra essa herança, a <strong>Economia</strong> Solidária teve vitórias,<br />

ao lado das deficiências registradas nesse seminário, especificamente quanto ao<br />

fato de que não se conseguiu ainda reforçar e fazer valer estruturas institucio<strong>na</strong>is que<br />

assegurem a conexão entre a vontade política que está no governo, nele chegando a<br />

partir da sociedade civil, e as estruturas de Estado. Refiro-me em particular ao Conselho<br />

Nacio<strong>na</strong>l de <strong>Economia</strong> Solidária (CNES), criado em lei há vários anos, cujo reconhecimento<br />

ainda não é unânime e cuja atuação se mantém aquém de seu papel de

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!