Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC
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SEÇÃO I 65<br />
dade civil – aquilo que o professor Singer descreveu de maneira eloquente <strong>na</strong> sua exposição,<br />
afirmando não ser simplesmente uma interação, mas uma necessidade profunda: a<br />
sociedade participa diretamente da política. Essa característica constitui inclusive a própria<br />
razão de ser da política, além de ser também uma condição para o seu próprio êxito.<br />
Nesse aspecto, reside um grande desafio que é o da política pública de <strong>Economia</strong> Solidária tentar<br />
resignificar essa relação histórica entre Estado e sociedade no processo de formulação e construção<br />
de políticas públicas. Isso é um desafio sem precedentes. A gente conhece as fricções, tensões,<br />
o nível de conflito que isso envolve. Mas é bom lembrarmos que grande parte desse público<br />
gestor de política pública de <strong>Economia</strong> Solidária é justamente o público oriundo dos próprios movimentos<br />
da <strong>Economia</strong> Solidária.<br />
Por outro lado, e como segundo aspecto desse primeiro ponto relativo a que estamos<br />
chamando de “dimensão da interação recíproca”, importa salientar um traço relevante como<br />
característica de tal política que diz respeito às suas articulações intragover<strong>na</strong>mentais. Ou<br />
seja, a política pública de <strong>Economia</strong> Solidária parece afirmar, ou tentar afirmar (porque isso<br />
é sempre um processo de experimentação), o caráter de transversalidade da <strong>Economia</strong> Solidária<br />
enquanto temática ao mobilizar diferentes ministérios e secretarias de governo.<br />
Num governo com 37 ministérios, a gente tem aproximadamente dois terços que já<br />
participaram ou participam de algum modo dessa política, mesmo reconhecendo-se<br />
aqui os riscos de fragmentação nessa tentativa de tratar transversalmente a <strong>Economia</strong><br />
Solidária como um assunto político. Isso porque a <strong>Economia</strong> Solidária não diz respeito<br />
a um aspecto estritamente econômico, a gente sabe que a temática da <strong>Economia</strong> Solidária<br />
vai mobilizar diferentes dimensões que participam do processo de organização,<br />
de produção e reprodução da vida das pessoas nos seus respectivos territórios. Por isso,<br />
a gente vai tratar da <strong>Economia</strong> Solidária quando formos abordar segurança alimentar,<br />
saúde, educação, habitação, mobilidade, cultura etc.<br />
Um terceiro aspecto derivado diretamente desse último elemento, ainda nesse primeiro<br />
ponto sobre a forma, diz respeito ao que poderíamos chamar de inovação em<br />
tais políticas, no sentido de pensar estrategicamente a <strong>Economia</strong> Solidária numa perspectiva<br />
transicio<strong>na</strong>l. Ou seja, num contexto de fragilização dos circuitos de economia<br />
popular e solidária, não estariam tais políticas vocacio<strong>na</strong>das a uma perspectiva de<br />
transição, no sentido de apontar um horizonte mais amplo de mudança institucio<strong>na</strong>l<br />
Minha resposta é afirmativa. Essa é a razão pela qual pensamos que tais políticas não<br />
podem, <strong>na</strong> prática, abando<strong>na</strong>r seu caráter indutivo. Mas, ao contrário, fortalecê-lo. Ou<br />
seja, a vocação de tais políticas é de não ape<strong>na</strong>s responder as demandas que a socie-