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Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

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seja, como resposta a uma aguda demanda de um grupo de pessoas e de uma “condição<br />

de coesão social”, a partir dos vínculos comunitários existentes. Embora aponte<br />

que o cooperativismo não deve servir como uma pa<strong>na</strong>ceia para resolver todos os problemas<br />

da vida, o autor reforça essa alter<strong>na</strong>tiva como forma de resolver os problemas<br />

concretos das pessoas.<br />

Um exemplo dessa condição de necessidade é apresentado no texto de Andrés Ruggeri,<br />

que relata as experiências de Empresas Recuperadas pelos Trabalhadores (ERTs),<br />

que se tratam, em geral, de iniciativas origi<strong>na</strong>das da falência de empresas privadas cujos<br />

trabalhadores organizaram-se para manter seus postos de trabalho. No caso argentino,<br />

Ruggeri aponta que existem 205 casos de empresas que foram origi<strong>na</strong>das dessa forma,<br />

sendo uma grande parte do setor industrial. O autor também levanta o problema da<br />

falta de uma legislação própria para o trabalho autogestio<strong>na</strong>do, que faz com que as empresas<br />

e seus trabalhadores fiquem num vácuo legal.<br />

Dario Azzelini, que apresenta o caso venezuelano, faz um apanhado das políticas do<br />

governo desde 2002 voltadas para a organização autogestionária do trabalho. Um diferencial<br />

de algumas das experiências desse país é que, por vezes, o controle das empresas<br />

pelos trabalhadores é vinculado a um processo de <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lização e expropriação de<br />

empresas privadas, como é o caso da Inveval, citada pelo autor. Dario ainda revela alguns<br />

números expressivos de formação de cooperativas <strong>na</strong> Venezuela durante esse período,<br />

o que não ocorre sem contradições, muitas delas advindas do fato de não haver<br />

suporte suficiente para um número tão elevado de novos empreendimentos.<br />

Não menos importante foi a contribuição de Camila Harnecker para o debate apresentado<br />

neste livro, sobretudo se considerarmos o momento de abertura política vivenciado<br />

por Cuba. A autora apresenta, com dados, o histórico do cooperativismo<br />

no país, que é desenvolvido quase que exclusivamente no setor agropecuário, e a<strong>na</strong>lisa<br />

que a falta de autonomia, por conta da obrigatoriedade de venda de uma parcela<br />

significativa para o Estado com preço estipulado, e a ausência de uma real gestão<br />

democrática são fatores que afetam a produtividade desses empreendimentos. Camila<br />

fala da nova política econômica do Partido Comunista Cubano, que mencio<strong>na</strong><br />

as cooperativas como uma das formas empresariais que terá espaço no novo modelo<br />

econômico, para além das formas agrárias.<br />

Luiz Inácio Gaiger da RILESS, <strong>na</strong> Conclusão, faz uma leitura ampla da nossa sociedade<br />

para situar a proposta da economia social e solidária, cujo projeto não pode<br />

prescindir do melhor entendimento da diversidade cultural de nosso continente, forjada<br />

ao longo da história da colonização dos povos originários. O autor ainda ressalta<br />

que a América Lati<strong>na</strong> possui um passivo histórico no que tange à construção de uma<br />

esfera pública democrática, que implica em grandes dificuldades em construir uma<br />

sociedade baseada <strong>na</strong> autogestão.<br />

Prefácio 19

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