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Economia Solidára na America Latina SENAES SOLTEC

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Prefácio 17<br />

O suposto oxímoro do termo “economia solidária” é largamente discutido neste livro.<br />

José Luis Coraggio, <strong>na</strong> Introdução, inicia esse debate, dizendo que a partir de uma definição<br />

formal de “economia”, ela de fato não poderia ser solidária, uma vez que esse pensamento<br />

está ancorado <strong>na</strong> racio<strong>na</strong>lidade instrumental, que entende a economia ape<strong>na</strong>s<br />

como a gestão da escassez. Entretanto, o autor propõe que, a partir de uma racio<strong>na</strong>lidade<br />

substantiva voltada para a reprodução ampliada da vida, pode-se pensar em uma economia<br />

que esteja voltada antes de tudo para a organização da sociedade, suprindo suas<br />

necessidades básicas, sem exploração do trabalho e sem graves consequências à <strong>na</strong>tureza.<br />

Ao a<strong>na</strong>lisar a economia realmente existente, Coraggio, ancorado no pensamento de Karl<br />

Polanyi identifica já haver muitos elementos de reciprocidade em formas de se produzir não<br />

regidas pelos valores capitalistas: <strong>na</strong> economia doméstica, <strong>na</strong> produção simples de mercadorias<br />

e <strong>na</strong> economia pública. A análise do autor nos faz refutar a ideia de que tudo que está<br />

dentro da sociedade capitalista assume seus valores.<br />

A segunda seção do livro é extremamente ilustrativa do que estamos falando. Os<br />

povos indíge<strong>na</strong>s, ou povos originários, mantiveram muitos elementos de sua cultura –<br />

apesar do genocídio ao qual foram submetidos – que se contrapõem ao modelo capitalista.<br />

O tema do “bem viver” (Sumak Kawsay, em quéchua) aparece em todos os textos<br />

desta parte do livro e apresenta um elemento da cultura indíge<strong>na</strong> que sobreviveu ao<br />

massacre e agora é retomado para confrontar o modelo de desenvolvimento capitalista.<br />

Patrício Andrade Ruiz, representante do Equador, define o “bem viver” da seguinte<br />

maneira:<br />

El pensamiento ancestral es eminentemente colectivo. La concepción del Buen Vivir necesariamente<br />

recurre a la idea del ‘nosotros’, pues, en ella, el mundo no puede ser entendido desde la perspectiva<br />

del ‘yo’ de occidente. La comunidad cobija, protege, demanda y es parte del nosotros. La comunidad<br />

es el sustento, es la base de la reproducción de ese sujeto colectivo, que todos y cada uno ‘somos’.<br />

O Equador, que em sua constituição de 2008 define seu sistema econômico como<br />

sendo social e solidário, criou um Ministério de Inclusão Econômica e Social, pois,<br />

segundo Patrício, não existe inclusão econômica sem inclusão social e vice-versa. Algumas<br />

das políticas promovidas pelo governo equatoriano, que se autodenomi<strong>na</strong> “Governo<br />

da Revolução Cidadã”, foram apresentadas pelo autor.<br />

Em seguida, a pesquisadora bolivia<strong>na</strong> Beatriz Delgado também parte dos conceitos<br />

Aymaras e Quéchuas para descrever as políticas públicas implementadas <strong>na</strong> Bolívia.<br />

Beatriz aborda os avanços obtidos dentro do governo Evo Morales, como um plano <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l<br />

de economia solidária construído com as bases, incluindo as comunidades indíge<strong>na</strong>s,<br />

assim como os retrocessos provenientes de uma troca ministerial.

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