Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
– Já encheu a minha paciência. Posso levar menos <strong>de</strong> um minuto para fazer com que vomite<br />
tu<strong>do</strong> aquilo que comeu, estou sen<strong>do</strong> claro? Conhece ou não conhece?<br />
Os olhos <strong>do</strong> homem, fixos nos <strong>de</strong>le, ficaram arregala<strong>do</strong>s. Tão <strong>de</strong> perto, talvez tivesse<br />
vislumbra<strong>do</strong> sob o capuz o que o homem <strong>de</strong> preto mantinha escondi<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que chegara ao<br />
Mun<strong>do</strong> Emerso.<br />
– Quem é você? – perguntou trêmulo.<br />
Mayar segurou-o com mais firmeza e comprimiu o punhal na carne, rasgan<strong>do</strong> o pano.<br />
– Conhece ou não?<br />
O outro fechou os olhos, apavora<strong>do</strong>.<br />
– Vez por outra aparece um dragão <strong>de</strong>stes, mas não sei quem é o <strong>do</strong>no. Não trabalho nas<br />
estrebarias e ignoro o tipo <strong>de</strong> cavalgadura daqueles aos quais sirvo a comida. Já vi o bicho por<br />
aqui, mas não sei <strong>de</strong> quem é, eu juro!<br />
Mayar soltou a presa. Voltou a guardar calmamente o punhal na bainha. Levantou e jogou na<br />
mesa algumas moedas.<br />
– Não peça mais – disse seco.<br />
– Você... você é...<br />
Mayar apoiou as mãos na mesa.<br />
– Eu sou eu. E você não precisa conhecer a minha i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>.<br />
Deu as costas e saiu.<br />
Estava furioso. A coisa não <strong>de</strong>ra em nada. Um fracasso. Dias e mais dias passa<strong>do</strong>s naquela<br />
cida<strong>de</strong> para não chegar a resulta<strong>do</strong> nenhum. O que fazer, agora? Ficar <strong>de</strong> tocaia perto da<br />
estrebaria e esperar que o rapazola levantasse voo em seu dragão vermelho e preto? Admitin<strong>do</strong>,<br />
além <strong>do</strong> mais, que se encontrasse ali.<br />
Pensou no seu trato com Kriss e nas humilhações às quais estava se sujeitan<strong>do</strong> só para ser fiel<br />
àquela promessa, no intuito <strong>de</strong> alcançar os seus propósitos. E amaldiçoou a si mesmo, como aliás<br />
já fazia havia muito tempo, por aqueles <strong>do</strong>is dias <strong>de</strong> loucura, muitos anos antes, que o tinham<br />
leva<strong>do</strong> àquele ponto.<br />
Em seguida um ruí<strong>do</strong> indistinto, atrás <strong>de</strong>le.<br />
Escolheu uma péssima hora, matutou consigo mesmo.<br />
Virou-se, lançou o punhal e caiu em cima <strong>do</strong> inimigo pregan<strong>do</strong>-o na pare<strong>de</strong>.<br />
Um garoto. Apavora<strong>do</strong>. A lâmina tinha prendi<strong>do</strong> uma parte da sua capa nos tijolos <strong>do</strong> muro.<br />
O homem <strong>de</strong> preto arrancou-a e apontou-a para sua garganta.<br />
– Então?<br />
O rapaz levantou as mãos e procurou respirar para falar.<br />
– Estou aqui para ajudá-lo... – disse com voz esganiçada.<br />
Fitou-o nos olhos aterroriza<strong>do</strong>s. Relaxou o aperto, mas continuou a ameaçá-lo com o punhal.<br />
– E o que o leva a pensar que eu preciso <strong>de</strong> ajuda?<br />
O rapaz pareceu retomar a cor e a coragem.