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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Mira sorriu amargamente.<br />

– Muita firmeza, sem sombra <strong>de</strong> dúvida... Mas o caminho <strong>de</strong> um Cavaleiro <strong>de</strong> Dragão também é<br />

compaixão, compreensão das razões <strong>do</strong>s outros, e não fria certeza. É a renovação cotidiana da<br />

própria escolha através da aceitação das incertezas.<br />

Amhal corou.<br />

– O senhor é severo <strong>de</strong>mais. A juventu<strong>de</strong> é feita <strong>de</strong> convicções absolutas e gran<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ais –<br />

objetou San, toman<strong>do</strong> um gole <strong>de</strong> cerveja.<br />

– Só a juventu<strong>de</strong> tola segue em frente sem hesitação, sem nunca ter dúvidas acerca das suas<br />

in<strong>de</strong>strutíveis certezas.<br />

Um sopro gela<strong>do</strong> correu pela mesa. San, entretanto, não replicou.<br />

Quem foi direto ao ponto foi Amhal:<br />

– O que vamos fazer? Quer dizer, para on<strong>de</strong> seremos envia<strong>do</strong>s?<br />

San olhou Mira <strong>de</strong> soslaio, mas este não pareceu perceber.<br />

– Patrulharemos a cida<strong>de</strong> – respon<strong>de</strong>u seco. – Por enquanto, a priorida<strong>de</strong> máxima é salvar<br />

Makrat.<br />

Naquela noite, San voltou ao seu aposento sozinho, enquanto Amhal e Mira seguiam juntos para<br />

seus quartos. O jovem sentia-se toma<strong>do</strong> por um vago mal-estar. Não sabia enten<strong>de</strong>r a razão, mas<br />

durante a ausência <strong>do</strong> mestre acontecera alguma coisa que erguera uma barreira entre os <strong>do</strong>is.<br />

Talvez fossem as longas horas <strong>de</strong> treinamento passadas com San, talvez o fato <strong>de</strong> sentir-se <strong>de</strong><br />

alguma forma diferente, como se naqueles dias <strong>de</strong> separação algo tivesse morri<strong>do</strong> nele,<br />

substituí<strong>do</strong> por alguma coisa diferente. Mira falava, e ele só conseguia respon<strong>de</strong>r com<br />

monossílabos.<br />

– Você está estranho – observou a certa altura o mestre.<br />

– Estou cansa<strong>do</strong>.<br />

– E quanto a <strong>Adhara</strong>?<br />

Aquele nome pareceu provocar uma explosão no seu peito. <strong>Adhara</strong>. On<strong>de</strong> estava? O que fazia?<br />

Tu<strong>do</strong> bem com ela?<br />

– An<strong>de</strong>i muito atarefa<strong>do</strong>, já faz algum tempo que não nos vemos – respon<strong>de</strong>u sem jeito.<br />

Mira ficou olhan<strong>do</strong> para ele.<br />

– As amiza<strong>de</strong>s precisam ser cultivadas.<br />

Amhal sentiu um nó na garganta e um sub-reptício sentimento <strong>de</strong> culpa no estômago.<br />

– Eu...<br />

Mira parou.<br />

– Está trabalhan<strong>do</strong> <strong>de</strong>mais – disse. – Acho-o... <strong>de</strong>sgasta<strong>do</strong>. Fique com uma manhã <strong>de</strong> folga, não<br />

será por isso que Makrat irá <strong>de</strong>smoronar, e vá vê-la. Tenho certeza <strong>de</strong> que está esperan<strong>do</strong> por<br />

você.<br />

Sorriu, e Amhal imaginou-a parada no jardim <strong>do</strong> palácio, como da última vez que a vira, e uma<br />

sensação <strong>de</strong> <strong>do</strong>r e prazer apertou seu coração.<br />

– E agora vá <strong>do</strong>rmir, está precisan<strong>do</strong> – acrescentou Mira, apoian<strong>do</strong> a mão no seu ombro.

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