Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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<strong>Adhara</strong> ficou andan<strong>do</strong> no limite das suas possibilida<strong>de</strong>s, gastan<strong>do</strong> as botas, primeiro, nas ruas<br />
<strong>de</strong>sconexas <strong>de</strong> Makrat e, <strong>de</strong>pois, nas trilhas entre bosques e pradarias que levavam à sua meta.<br />
Kalth <strong>de</strong>ra-lhe um mapa no qual havia <strong>de</strong>senha<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o itinerário. Marcara até uns lugares<br />
on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>ria parar e passar a noite.<br />
– É uma área muito frequentada pelos militares e, portanto, está cheia <strong>de</strong> hospedarias on<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>scansar.<br />
No começo, <strong>Adhara</strong> preferira evitá-las. Não tinha vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> ver ninguém e também receava<br />
que alguém estivesse no seu encalço. Não fazia i<strong>de</strong>ia <strong>do</strong> que Neor iria pensar da sua fuga e<br />
estava com pavor <strong>de</strong> que viessem procurá-la. Afinal <strong>de</strong> contas, também tinha um encontro<br />
marca<strong>do</strong> com Theana, dali a alguns dias: era esperada para a primeira sessão em busca da sua<br />
memória. Foram forçadas a adiar <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à morte <strong>de</strong> Mira, mas o Ministro Oficiante enviara a<br />
própria Dália para que a avisasse pessoalmente da nova data.<br />
Deixara o vidrinho com as ervas no seu quarto, no palácio. Não tinha o menor interesse em<br />
saber quem era. Os Vigias, os Consagra<strong>do</strong>s... Todas palavras, nesta altura, <strong>de</strong>sprovidas <strong>de</strong><br />
senti<strong>do</strong>. Agora corria à cata <strong>do</strong> seu futuro, e já não se importava em saber <strong>de</strong> on<strong>de</strong> vinha.<br />
E então começou a sua longa jornada.<br />
Logo que <strong>de</strong>u os primeiros passos fora <strong>do</strong> palácio, ficou surpresa, pois pareceu-lhe estar num<br />
outro mun<strong>do</strong>. Na corte, apesar da perceptível tensão, a atmosfera era, ainda assim, aceitável.<br />
Sim, claro, a <strong>do</strong>ença, a preocupação e a <strong>do</strong>r pela morte <strong>de</strong> Mira. Mas afinal <strong>de</strong> contas sentiam-se<br />
seguros, e a vida continuava como <strong>de</strong> costume.<br />
Mas não lá fora, on<strong>de</strong> era o fim <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Ninguém nas ruas <strong>de</strong> Makrat, à noite. As pessoas<br />
viviam protegidas atrás das janelas, procuran<strong>do</strong> uma impossível salvação. Só uns vultos<br />
sombrios se moviam furtivos, impeli<strong>do</strong>s por sabe lá quais negócios escusos.<br />
O primeiro obstáculo foi sair da cida<strong>de</strong>. Tinha esqueci<strong>do</strong> por completo a vigência da<br />
quarentena. Cada segmento das muralhas era vigia<strong>do</strong> por guardas arma<strong>do</strong>s que perscrutavam a<br />
noite. <strong>Adhara</strong> aproximou-se tentan<strong>do</strong> <strong>de</strong>sesperadamente encontrar uma saída. Mas estava com<br />
sorte. De repente, gritos, e o guarda que se encontrava acima <strong>de</strong>la correu para um local<br />
in<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>, à sua direita. Então ruí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> armas. Obviamente, alguém tentara passar. Ela<br />
aproveitou a oportunida<strong>de</strong>.<br />
Escalou o muro o mais rápi<strong>do</strong> que pô<strong>de</strong>, com os <strong>de</strong><strong>do</strong>s que <strong>do</strong>íam pelo esforço, e quan<strong>do</strong><br />
chegou ao topo atravessou sorrateiramente o passadiço até o outro la<strong>do</strong>. Olhou para a direita:<br />
três guardas e os reflexos <strong>de</strong> lâminas agitadas no ar.<br />
Deixou-se escorregar pela pedra nua e então os viu. Amontoa<strong>do</strong>s aos pés da muralha,<br />
gemen<strong>do</strong>:<br />
– Tenham dó!<br />
– Abram aquela porta!<br />
– Deixem-nos entrar!<br />
– Meu filho está morren<strong>do</strong>!<br />
Uma multidão <strong>de</strong> infelizes apinha<strong>do</strong>s ali embaixo. On<strong>de</strong>avam ao longo da muralha como vagas<br />
<strong>de</strong> um mar vivo, os braços estica<strong>do</strong>s para o que consi<strong>de</strong>ravam a sua última esperança. Alguns<br />
tentavam subir, agarran<strong>do</strong>-se nas pedras, mas na maioria <strong>do</strong>s casos perdiam a presa e caíam em