Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Adhara</strong> viu-o aparecer ao longe. Amhal já lhe falara.<br />
– Po<strong>de</strong> ser que fique um tanto acanhada, no começo, mas lhe asseguro que se trata <strong>de</strong> uma<br />
pessoa extraordinária. Seja como for, siga as regras <strong>do</strong> cerimonial. Quan<strong>do</strong> chegar a uns <strong>de</strong>z<br />
passos <strong>de</strong> nós, to<strong>do</strong>s <strong>de</strong>verão ajoelhar-se. Você é mulher, e apoiará, portanto, ambos os joelhos<br />
no chão, com as mãos na frente e a cabeça baixa. Não a levante até ele lhe dirigir a palavra. Não<br />
fale coisa alguma até ele lhe fazer perguntas e, <strong>de</strong> qualquer maneira, não diga nada antes <strong>de</strong> ter<br />
si<strong>do</strong> apresentada. Chame-o sempre <strong>de</strong> Vossa Alteza.<br />
A jovem estava ator<strong>do</strong>ada com todas aquelas regras. Tinha uma i<strong>de</strong>ia bastante vaga <strong>do</strong> que<br />
vinha a ser um rei, mas o tom obsequioso e levemente preocupa<strong>do</strong> com que Amhal lhe havia feito<br />
aquelas recomendações <strong>de</strong>ixara-a ainda mais apreensiva.<br />
É <strong>de</strong>sse homem que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> o meu futuro. Se me aceitar, po<strong>de</strong>rei ficar ao la<strong>do</strong> <strong>de</strong> Amhal; <strong>do</strong><br />
contrário, terei <strong>de</strong> pôr o pé na estrada, sozinha.<br />
Viu o vulto tornar-se pouco a pouco maior, cerca<strong>do</strong> por muitas outras figuras. Mira estava<br />
perto <strong>de</strong>la. Não sabia como Amhal lhe anunciara que se juntaria a eles. Por sua vez, o mestre não<br />
fizera qualquer tipo <strong>de</strong> comentário e a cumprimentara como nas outras manhãs.<br />
<strong>Adhara</strong> aguçou os olhos na névoa matinal. Estavam numa ampla esplanada <strong>de</strong> mármore, <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>do</strong> Palácio <strong>do</strong> Exército. Tu<strong>do</strong> em volta daquele amplo espaço oval, uma série <strong>de</strong> arcos, dava<br />
acesso às cocheiras. Era ali que ficavam os dragões. Jamila já estava pronta, com um moço <strong>de</strong><br />
estrebaria seguran<strong>do</strong> suas ré<strong>de</strong>as metálicas. Também havia outro dragão, <strong>de</strong> um marrom in<strong>de</strong>ciso<br />
que tendia ao avermelha<strong>do</strong>, bastante encorpa<strong>do</strong> e com um focinho cerca<strong>do</strong> por uma espessa crista<br />
coriácea, maior e mais imponente que Jamila. Tinha o ventre castanho-claro e patas abrutalhadas,<br />
providas <strong>de</strong> longas garras. Na sua garupa havia um enorme baldaquim <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>, encima<strong>do</strong> por<br />
pesa<strong>do</strong>s panos <strong>de</strong> velu<strong>do</strong> vermelho. Em volta, vários dragões azuis, menores e irrequietos.<br />
<strong>Adhara</strong> levou a mão à testa. O ar parecia inflama<strong>do</strong> pelos reflexos <strong>do</strong> primeiro sol matinal.<br />
Fazia calor. Ia ser um dia abafa<strong>do</strong>.<br />
A figura foi se <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>: um homem alto e magro, ao que parecia, vestin<strong>do</strong> uma capa rígida e<br />
pesada, sob a qual <strong>de</strong>via estar suan<strong>do</strong> em bicas. À medida que se aproximava, tornava-se cada<br />
vez mais evi<strong>de</strong>nte o seu andar claudicante, quase incerto. À sua volta, outras figuras se moviam<br />
rapidamente, prestativas.<br />
<strong>Adhara</strong> apertou os olhos. Um velho? Era então aquele o famoso rei?<br />
To<strong>do</strong>s caíram <strong>de</strong> joelhos e ela fez o mesmo, com um leve atraso que Amhal <strong>de</strong>saprovou com<br />
uma olhada severa. Ficou olhan<strong>do</strong> para as pedras <strong>do</strong> calçamento. Já podia ouvir os passos <strong>do</strong> rei<br />
e <strong>do</strong> seu séquito. Teve vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> levantar os olhos.<br />
Os passos pararam.<br />
– De pé, <strong>de</strong> pé, não precisamos <strong>de</strong> todas estas formalida<strong>de</strong>s, ainda mais porque nos próximos<br />
<strong>de</strong>z dias estaremos suan<strong>do</strong>, uns ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s outros, e compartilhan<strong>do</strong> os mesmos catres.<br />
Uma voz flébil, cansada. Pouco a pouco to<strong>do</strong>s se levantaram. <strong>Adhara</strong> ficou imaginan<strong>do</strong> se<br />
po<strong>de</strong>ria, finalmente, erguer a cabeça e olhar para Learco.<br />
– Tu<strong>do</strong> pronto?<br />
Devia estar falan<strong>do</strong> com Mira, pois quem respon<strong>de</strong>u foi ele:<br />
– Tu<strong>do</strong>, Vossa Alteza. Nesta viagem, usareis Dragona.