Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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Mira apertou os punhos diante <strong>do</strong> sorriso imperturbável <strong>do</strong> outro.<br />
– Só não se esqueça <strong>do</strong> que lhe disse – cuspiu, finalmente, entre os <strong>de</strong>ntes.<br />
– Farei isso – respon<strong>de</strong>u San, tranquilo.<br />
Por umas duas ou três noites, Amhal ficou confina<strong>do</strong> no quartel, sem permissão para sair da<br />
Aca<strong>de</strong>mia. Ficou na cama, olhan<strong>do</strong> para o teto. Não sabia mais o que pensar. De repente não<br />
havia certeza nenhuma. Os dias passa<strong>do</strong>s com San, que lhe haviam pareci<strong>do</strong> tão cheios, que lhe<br />
proporcionaram tanto bem-estar, <strong>de</strong> uma hora para outra se tornaram ambíguos. Quem era aquele<br />
homem? Era o mesmo com quem sonhara? Por que se mostrara tão interessa<strong>do</strong> nele? E o que<br />
<strong>de</strong>via fazer agora com seus ensinamentos?<br />
Não sabia mais a quem seguir: San, com sua promessa <strong>de</strong> serenida<strong>de</strong> e po<strong>de</strong>r, ou Mira, com<br />
suas teorias sobre responsabilida<strong>de</strong> e sacrifício.<br />
No primeiro dia, San não apareceu. Amhal ficou quase alivia<strong>do</strong>. Não era uma boa hora para<br />
conversar com ele.<br />
Mas na segunda noite, quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s <strong>do</strong>rmiam, alguém bateu à porta. Amhal tinha certeza <strong>de</strong> que<br />
era ele.<br />
– Estava me esperan<strong>do</strong>? – perguntou logo San, sem per<strong>de</strong>r tempo.<br />
Amhal <strong>de</strong>ixou-o entrar.<br />
– Soube o que aconteceu. Você tem a minha total solidarieda<strong>de</strong>.<br />
O rapaz não se mostrou surpreso. Conhecia aquele homem, sabia o que esperar <strong>de</strong>le, e já<br />
imaginava como avaliaria os seus atos.<br />
– Não foi bonito – disse.<br />
– Mas foi preciso. De que adiantaria, <strong>de</strong> outra forma, o toque <strong>de</strong> recolher? Quantas vidas você<br />
teria arrisca<strong>do</strong>?<br />
Amhal virou-se.<br />
– Por que está tão interessa<strong>do</strong> em mim?<br />
– Porque você é especial.<br />
Amhal olhou para o chão. Em seguida tomou a <strong>de</strong>cisão. Contou-lhe <strong>do</strong>s sonhos.<br />
– Eu e você estamos liga<strong>do</strong>s – disse San, afinal.<br />
– Francamente, não enten<strong>do</strong>. Só vejo que os seus ensinamentos me afastaram <strong>do</strong> mestre e <strong>de</strong><br />
<strong>Adhara</strong>.<br />
– Porque você é diferente <strong>de</strong>les. Eles não pertencem ao seu mun<strong>do</strong>, Amhal. É a nossa sina. Nós<br />
estamos além, somos diferentes.<br />
– Fica me dizen<strong>do</strong> isso, mas não me explica em que senti<strong>do</strong>. E eu... eu não sei se realmente<br />
quero ser diferente.<br />
– Não se trata <strong>de</strong> escolher. Você é diferente, queren<strong>do</strong> ou não. E não posso dizer-lhe tu<strong>do</strong><br />
porque há uma hora certa para cada coisa. Agora é tempo <strong>de</strong> treinamento, mais tar<strong>de</strong> chegará o<br />
momento das revelações.<br />
Amhal olhou para ele e pensou em to<strong>do</strong> o tempo que haviam passa<strong>do</strong> juntos, nos seus<br />
ensinamentos. Tinha <strong>de</strong> tomar uma <strong>de</strong>cisão.