Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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– Neor, já conhece a situação, não creio que seremos capazes <strong>de</strong>...<br />
– As condições emergenciais em que nos encontramos não nos autorizam a permitir o<br />
<strong>de</strong>scumprimento da lei. E, além <strong>do</strong> mais, a senhora já reparou na extraordinária tempestivida<strong>de</strong><br />
que marcou o que aconteceu? San vai embora <strong>do</strong> palácio, e <strong>do</strong>is dias <strong>de</strong>pois o meu pai a<strong>do</strong>ece.<br />
Theana pareceu empali<strong>de</strong>cer ainda mais.<br />
– Não po<strong>de</strong> ter feito uma coisa <strong>de</strong>ssas...<br />
– Assim espero, realmente espero. Mas já não sei o que pensar. – Neor ficou por uns momentos<br />
pensativo. – Mandarei prendê-lo – disse quase para si mesmo. – Mandarei prendê-lo e então o<br />
forçarei a dizer a verda<strong>de</strong>, quer ele queira ou não – concluiu <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong>.<br />
Era uma tar<strong>de</strong> qualquer. Logo <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> jantar, San e Amhal se haviam recolhi<strong>do</strong> na tenda que<br />
agora compartilhavam. Depois <strong>do</strong> que acontecera na al<strong>de</strong>ia, Amhal <strong>de</strong>cidira ficar quanto mais<br />
perto fosse possível <strong>do</strong> mestre. Não sabia ao certo a razão <strong>de</strong>sta escolha. Talvez fosse somente o<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> afastar-se ao máximo <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>, <strong>do</strong>s seus olhos impie<strong>do</strong>samente sinceros, <strong>do</strong> seu amor<br />
tão <strong>do</strong>ce.<br />
Liam. San, informes militares, Amhal, um livro <strong>de</strong> Magia Proibida. Chegara à parte que tratava<br />
<strong>do</strong> Relâmpago Escuro: não que precisasse <strong>de</strong>la, pois já sabia usá-lo. Sentia orgulho, no entanto,<br />
ao constatar que conseguira discernir os elementos principais <strong>do</strong> feitiço antes mesmo <strong>de</strong> estudálo.<br />
Os guardas fizeram uma invasão repentina, brandin<strong>do</strong> as espadas.<br />
– Quem é San?<br />
– Eu – respon<strong>de</strong>u ele, observan<strong>do</strong>-os incrédulo.<br />
– Está preso por or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> rei Neor: vamos levá-lo a Nova Enawar para que seja interroga<strong>do</strong>.<br />
– Rei Neor? – murmurou Amhal, confuso, logo atrás.<br />
San virou-se para o aluno e voltou a falar com os guardas:<br />
– Deve haver algum engano.<br />
– Engano nenhum. As or<strong>de</strong>ns são claras. Limite-se a nos acompanhar, por favor.<br />
Seguraram-no pelos ombros e empurraram-no para fora da tenda, on<strong>de</strong> já estava se juntan<strong>do</strong><br />
uma pequena multidão. Amhal ficou <strong>de</strong> pé e foi atrás, com uma terrível suspeita na mente.<br />
Já sabem. Sabem o que fizemos na al<strong>de</strong>ia.<br />
Por um instante sentiu-se vagamente alivia<strong>do</strong>. Iriam prendê-lo também, trancá-lo numa cela,<br />
talvez matá-lo. E finalmente estaria acaba<strong>do</strong>.<br />
– Do que está sen<strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>? – perguntou com voz trêmula.<br />
Os guardas entreolharam-se.<br />
– Do assassinato <strong>de</strong> Mira.<br />
San não conteve uma sonora gargalhada, que encheu o espaço em volta. To<strong>do</strong>s ficaram<br />
paralisa<strong>do</strong>s, inclusive Amhal. O mun<strong>do</strong> começara a rodar em torno <strong>de</strong>le, <strong>de</strong>scontrola<strong>do</strong>. Mira. Há<br />
quanto tempo não ouvia pronunciar aquele nome? A <strong>do</strong>r pela sua morte voltou repentina,<br />
atropelan<strong>do</strong>-o. E junto com ela, a incredulida<strong>de</strong>: San acusa<strong>do</strong> daquele crime?<br />
– Então é assim que o rei Neor virou as cartas na mesa? – disse San. – Não vai acreditar nisto,