Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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acreditei, e gostaria <strong>de</strong> ser a sua força. Mas também sei que, muitas vezes, não consigo. É uma<br />
alma nobre, uma pessoa generosa, não concorda?<br />
– Tenho certeza disso – respon<strong>de</strong>u <strong>Adhara</strong>, procuran<strong>do</strong> infundir firmeza na voz.<br />
A biblioteca surgiu diante <strong>de</strong>les <strong>de</strong> repente, enorme e inesperada. Parecia um tanto espremida<br />
entre as outras inúmeras construções apinhadas à sua volta. Talvez fosse por isso que dava a<br />
impressão <strong>de</strong> ser ainda mais alta e imponente. Era o prédio <strong>de</strong> vidro cheio <strong>de</strong> pináculos e <strong>do</strong>mos<br />
que <strong>Adhara</strong> vira na chegada. Suas pare<strong>de</strong>s eram todas <strong>de</strong> vidro opalino que mal <strong>de</strong>ixavam<br />
entrever o interior. Lá <strong>de</strong>ntro, só se viam figuras <strong>de</strong>sfocadas, pequenas manchas <strong>de</strong> cor que<br />
subiam e <strong>de</strong>sciam ou, simplesmente, ficavam imóveis examinan<strong>do</strong> alguma coisa. A luz só podia<br />
sair pura <strong>de</strong> algumas aberturas cobertas com vidro transparente: janelas ogivais incluídas no<br />
contexto geral.<br />
<strong>Adhara</strong> observou-a <strong>de</strong> baixo para cima. A sua massa compacta e ao mesmo tempo a vertiginosa<br />
altura, o intrinca<strong>do</strong> <strong>de</strong>senho <strong>do</strong>s pináculos que se erguiam para o céu em amplas volutas<br />
espiraladas.<br />
– Bonita, não acha? Foi um presente <strong>do</strong> povo <strong>de</strong> Zalênia – explicou Mira. Diante <strong>do</strong> silêncio<br />
indaga<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>, <strong>de</strong>u uma palmadinha na testa. – Claro, você não po<strong>de</strong> saber... São pessoas<br />
que vivem sob a superfície <strong>do</strong> mar, numa espécie <strong>de</strong> enormes ampolas <strong>de</strong> vidro. Constroem<br />
muitas coisas com o vidro. O palácio <strong>do</strong> seu rei também é assim. Temos si<strong>do</strong> inimigos por muito<br />
tempo, e agora, veja só, até nos dão prédios <strong>de</strong> presente.<br />
Deu umas risadinhas, mas <strong>Adhara</strong> não conseguia sair dali, pasma <strong>de</strong> admiração, encantada com<br />
o lugar.<br />
Mira teve <strong>de</strong> dar-lhe um empurrãozinho nas costas.<br />
– Acredite, lá <strong>de</strong>ntro é melhor ainda – sussurrou, rin<strong>do</strong>, em seu ouvi<strong>do</strong>.<br />
Foram recebi<strong>do</strong>s por um alto portão que parecia um gran<strong>de</strong> corte vertical infligi<strong>do</strong> à<br />
construção. Entraram.<br />
A biblioteca era um contínuo alternar-se <strong>de</strong> corre<strong>do</strong>res e amplas salas <strong>de</strong> leitura. Os livros<br />
estavam acondiciona<strong>do</strong>s em enormes estantes <strong>de</strong> ébano, cuja cor escura criava um estranho<br />
contraste com a luminosida<strong>de</strong> <strong>do</strong> ambiente. Eram protegi<strong>do</strong>s por vidros, às vezes por gra<strong>de</strong>s, e<br />
em sua maioria não eram diretamente consultáveis. Tiveram <strong>de</strong> recorrer a um <strong>do</strong>s muitos<br />
bibliotecários encarrega<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s vários setores, que buscavam o volume pedi<strong>do</strong> e estabeleciam<br />
por quanto tempo podia ser li<strong>do</strong>. A <strong>Adhara</strong>, apareceu um homem consumi<strong>do</strong> pelo seu trabalho.<br />
De tanto ficar no meio <strong>de</strong> livros, assumira a mesma cor <strong>do</strong> pergaminho, e seus <strong>de</strong><strong>do</strong>s, frágeis e<br />
magros, só pareciam apropria<strong>do</strong>s a folhear <strong>de</strong>licadamente as páginas amareladas pelo tempo.<br />
– Quase tu<strong>do</strong> isso que está ven<strong>do</strong> se <strong>de</strong>ve à constante <strong>de</strong>dicação <strong>de</strong> um único homem, Lonerin,<br />
um personagem quase lendário por estas bandas – explicou o mestre enquanto pegavam os livros<br />
<strong>de</strong> que precisavam. – Desempenhou um papel muito importante na <strong>de</strong>rrota <strong>de</strong> Dohor. Pois é,<br />
coube a ele coletar a maioria <strong>do</strong>s livros aqui guarda<strong>do</strong>s, principalmente os textos élficos ou<br />
escritos pelo Tirano. Pena que a sua obra tenha si<strong>do</strong> interrompida ce<strong>do</strong> <strong>de</strong>mais.<br />
– O que houve?<br />
– Morreu uns quinze anos atrás. Uma <strong>do</strong>ença incurável, que pouco a pouco o esvaziou e<br />
arrastou para o túmulo. A mulher <strong>de</strong>le tentou levar adiante o trabalho, mas na verda<strong>de</strong> <strong>de</strong>dica-se