Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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Finalmente...<br />
A única mágoa era <strong>Adhara</strong>. Ainda sentia a falta <strong>de</strong>la. No marasmo da sua nova vida, às vezes<br />
havia momentos em que ela aparecia, como uma recordação <strong>do</strong>lorida. Lembrava a paz <strong>do</strong>s<br />
primeiros dias passa<strong>do</strong>s juntos e a <strong>de</strong>sejava. Mas também a temia, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> àquilo que quase fizera<br />
com ela no último encontro.<br />
Prometera-lhe ir vê-la para saber o que o Ministro Oficiante dissera. Não foi. Por uma semana<br />
inteira <strong>de</strong>ixou a missão preencher por completo os seus dias. A missão e o seu novo<br />
relacionamento com San. Mas sabia que alguma coisa o prendia a ela, algo misterioso e profun<strong>do</strong><br />
que ao mesmo tempo o assustava e atraía.<br />
– Acho que um cavaleiro não po<strong>de</strong> dar-se ao luxo <strong>do</strong> amor – disse certa noite San, quan<strong>do</strong> ele<br />
lhe contava <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>.<br />
– Mas I<strong>do</strong> amava Soana – rebateu Amhal.<br />
San pareceu não gostar <strong>do</strong> comentário.<br />
– I<strong>do</strong> estava além, I<strong>do</strong> era mais que um cavaleiro, ele... – interrompeu-se, e <strong>de</strong>pois prosseguiu,<br />
mais calmo: – Estou me referin<strong>do</strong> a você. A este momento da sua vida. Enten<strong>do</strong> as suas...<br />
necessida<strong>de</strong>s.<br />
Amhal ficou rubro.<br />
– Mas o amor... o amor tornaria fraco. Se quiser, divirta-se com uma mulher, mas nada mais <strong>do</strong><br />
que isso.<br />
– Receio machucá-la – murmurou.<br />
San sorriu.<br />
– Então a esqueça ou transforme-a em alimento para a sua fúria.<br />
<strong>Adhara</strong> sentia o mun<strong>do</strong> escapulir entre os <strong>de</strong><strong>do</strong>s. Tu<strong>do</strong> tinha muda<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma hora para outra.<br />
Ficou aguardan<strong>do</strong> por Amhal a tar<strong>de</strong> inteira, esperan<strong>do</strong> que pelo menos ele a ajudasse a enten<strong>de</strong>r<br />
o enigmático encontro com o Ministro Oficiante. Mas Amhal não apareceu. E tampouco na tar<strong>de</strong><br />
seguinte, nem na posterior. E enquanto isso Makrat perdia-se no caos. Os boatos alarmantes que<br />
circulavam, o toque <strong>de</strong> recolher, a proibição taxativa <strong>de</strong> qualquer um sair <strong>do</strong> palácio.<br />
Acabou confinada naquela prisão <strong>do</strong>urada junto com a princesa. A vida parecia seguir o seu<br />
curso, como <strong>de</strong> costume, mas Amina não conseguia escon<strong>de</strong>r o seu me<strong>do</strong>, e <strong>Adhara</strong>, a sua aflição.<br />
O que tinha visto o Ministro Oficiante? Por que se recusara a falar-lhe <strong>do</strong>s Vigias? Do vazio<br />
<strong>do</strong> seu passa<strong>do</strong> surgiam novos monstros, naquele nada se escondiam obscuros presságios,<br />
insondáveis mistérios. Não podia fingir que não se importava, como conseguira fazer até aquele<br />
momento.<br />
E Amhal não estava lá, ele se esquecera <strong>de</strong>la.<br />
No começo achou que era tu<strong>do</strong> culpa da prostração em que se <strong>de</strong>batia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o encontro com<br />
Theana. Sentia-se observada. Como se alguém nunca a per<strong>de</strong>sse <strong>de</strong> vista e rastreasse to<strong>do</strong>s os<br />
seus passos.<br />
E então vislumbrou alguém no bosque enquanto brincava com Amina.<br />
– Você ouviu?<br />
– O quê?