Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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Quan<strong>do</strong> Amhal acor<strong>do</strong>u, sentia-se perturba<strong>do</strong>. Dormira pouco e mal, talvez <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao calor.<br />
Mas havia o outro. Estava inquieto, e levou algum tempo para lembrar.<br />
A visão tomou forma na sua consciência, <strong>de</strong>vagar, com contornos in<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>s. A imagem <strong>do</strong><br />
homem <strong>de</strong> preto foi a primeira a aparecer, inspiran<strong>do</strong> nele um ambíguo sentimento <strong>de</strong> frieza e<br />
segurança. Temia aquele homem, mas ao mesmo tempo sentia-se atraí<strong>do</strong> por ele.<br />
Levantou-se <strong>de</strong> um pulo. Queria livrar-se daquela mistura <strong>de</strong> sensações. E a melhor maneira<br />
para fazê-lo era agin<strong>do</strong>. Vestiu a roupa e preparou-se para a tarefa a ser cumprida naquele dia.<br />
Quan<strong>do</strong> Mira veio bater à sua porta já estava pronto, disfarça<strong>do</strong> conforme as instruções que<br />
recebera.<br />
– Ansioso para começar? – perguntou, sorrin<strong>do</strong>, o mestre.<br />
Amhal retribuiu o sorriso.<br />
– Mais ou menos.<br />
<strong>Adhara</strong> estava esperan<strong>do</strong> por eles, sentada na cama. Mira insistiu para que não poupasse<br />
roupas.<br />
– A sua aparência dá muito na vista, é melhor que mantenha o anonimato. – Virou-se para<br />
Amhal. – Não po<strong>de</strong>ria tomar alguma providência a esse respeito?<br />
O rapaz se fez <strong>de</strong> <strong>de</strong>sentendi<strong>do</strong>.<br />
Mira aproximou-se.<br />
– A sua aversão pela magia <strong>de</strong>ixa-me cada vez mais perplexo. Já lhe disse que é um recurso<br />
precioso, algo que <strong>de</strong>veria usar sempre que necessário, em lugar <strong>de</strong> ignorá-lo.<br />
Amhal ficou levemente ruboriza<strong>do</strong> e aproximou-se <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>. Colocou a mão nos seus olhos e<br />
murmurou algumas palavras. O cabelo da jovem assumiu uma uniforme cor negra, e seus olhos<br />
tornaram-se intensamente azuis.<br />
– Uma mágica <strong>de</strong> camuflagem... – sussurrou ela, quase falan<strong>do</strong> consigo mesma.<br />
– O que foi que disse? – perguntou Amhal.<br />
<strong>Adhara</strong> pareceu voltar à realida<strong>de</strong>.<br />
– A magia que usou comigo... eu a conheço... <strong>de</strong> instinto. Só vai durar umas poucas horas.<br />
– Está cheia <strong>de</strong> truques! – exclamou Mira com um sorriso, enquanto se encaminhavam à saída.<br />
<strong>Adhara</strong> olhou para ele quase assustada, e pela primeira vez Amhal perguntou seriamente a si<br />
mesmo quem po<strong>de</strong>ria ser aquela garota que caíra <strong>do</strong> céu em seus braços.<br />
– Vamos levar em conta, na biblioteca – comentou o mestre. E, dirigin<strong>do</strong>-se a Amhal,<br />
acrescentou: – Quanto a você, siga em frente. Hoje à noite po<strong>de</strong>rá contar-me o que <strong>de</strong>scobriu.<br />
O jovem baixou a cabeça em sinal <strong>de</strong> concordância e, em seguida, sumiu na multidão. Esperou<br />
que aquela nova tarefa tirasse <strong>do</strong>s seus ombros a inquietação que o <strong>do</strong>minava, e que os estranhos<br />
po<strong>de</strong>res <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>, <strong>de</strong> alguma forma, haviam exacerba<strong>do</strong>.<br />
Nova Enawar estava apinhada <strong>de</strong> gente, principalmente <strong>de</strong> militares. Mira explicou a <strong>Adhara</strong><br />
que a cida<strong>de</strong> ficava daquele jeito somente na ocasião em que o Conselho se reunia, quan<strong>do</strong> os<br />
vários soberanos ali chegavam com seu séquito. Naqueles dias, não era diferente das <strong>de</strong>mais<br />
gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Emerso; parecia um lugar realmente habita<strong>do</strong>, anima<strong>do</strong> pelo suave<br />
caos da vida.