19.04.2013 Views

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

<strong>de</strong> um instinto.<br />

– Só mais <strong>do</strong>is dias e estará cuspin<strong>do</strong> o seu próprio sangue – prosseguiu o homem, sorrin<strong>do</strong>. –<br />

Mas Radass e eu não dispomos <strong>de</strong> tanto tempo. Por que não morrer logo, então?...<br />

Em câmera lenta, a jovem viu-o apertar os <strong>de</strong><strong>do</strong>s na empunhadura e preparar o golpe que<br />

rasgaria sua garganta. Mas àquela altura o me<strong>do</strong> tinha sumi<strong>do</strong>, e seu corpo abrigava uma gélida<br />

certeza, a consciência daquilo que precisava ser feito. Mal tinha começa<strong>do</strong> a movimentar a mão<br />

quan<strong>do</strong> um lampejo negro arrancou o homem <strong>de</strong> cima <strong>de</strong>la. Viu uma capa esvoaçar no ar e o<br />

repentino reflexo <strong>de</strong> uma espada brilhan<strong>do</strong> na escuridão <strong>do</strong> aposento.<br />

– Que tal lutarem com alguém que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r-se?<br />

Era um solda<strong>do</strong>, usava uma ampla capa preta que o escondia da cabeça aos pés e da qual só<br />

<strong>de</strong>spontavam as mãos, seguran<strong>do</strong> uma longa espada.<br />

Os <strong>do</strong>is não <strong>de</strong>moraram muito a recobrar o controle <strong>de</strong> si mesmos. O que já estava <strong>de</strong> arma na<br />

mão atacou logo o recém-chega<strong>do</strong>, o outro levantou-se com dificulda<strong>de</strong> e abrigou-se num canto.<br />

A luta começou. As lâminas jogavam sinistros reflexos nas pare<strong>de</strong>s, o clangor <strong>do</strong>s metais que se<br />

chocavam preencheu o ambiente. A jovem observou os <strong>do</strong>is adversários e reconheceu alguma<br />

coisa familiar naquela dança mortal.<br />

Defesa, esquiva, pulo...<br />

Tinha a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prever os movimentos <strong>de</strong> ambos. Apertou a mão na pare<strong>de</strong>, esperan<strong>do</strong><br />

que o solda<strong>do</strong> levasse a melhor. Era mais ágil, mais forte, e a sua espada era irrefreável.<br />

Em seguida, com o canto <strong>do</strong>s olhos, percebeu um reflexo atrás <strong>de</strong>le. Agiu por instinto, sem<br />

pensar.<br />

– Cuida<strong>do</strong>! – gritou a plenos pulmões.<br />

O solda<strong>do</strong> virou-se rápi<strong>do</strong>, abaixan<strong>do</strong>-se. O punhal <strong>do</strong> segun<strong>do</strong> adversário, que aproveitara a<br />

rinha para cercá-lo e atacá-lo pelas costas, só o atingiu no ombro, <strong>de</strong> raspão. Ele pareceu nem<br />

sentir e, dan<strong>do</strong> meia-volta, afun<strong>do</strong>u a lâmina no ab<strong>do</strong>me <strong>do</strong> sujeito. Ainda <strong>do</strong>bra<strong>do</strong> em cima <strong>do</strong>s<br />

joelhos, ro<strong>do</strong>u sobre si mesmo e acertou as pernas <strong>do</strong> outro, que tombou no chão com um grito.<br />

Dominou-o <strong>de</strong> pronto. Ficou um momento para<strong>do</strong>, a fitá-lo. Era um inimigo venci<strong>do</strong>, inerme,<br />

in<strong>de</strong>feso. Pareceu <strong>de</strong>leitar-se com aquela fraqueza, enquanto um obscuro sorriso <strong>de</strong> satisfação se<br />

<strong>de</strong>senhava em seus lábios. O olhar <strong>do</strong> homem caí<strong>do</strong> estava carrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma muda súplica. Por<br />

alguns instantes o solda<strong>do</strong> pareceu ouvi-la. Depois fechou os olhos e afun<strong>do</strong>u a espada. Olhou<br />

para o teto, enquanto <strong>de</strong>ixava a lâmina entrar lentamente na carne.<br />

A jovem teve um arrepio, pois por um momento achou que o solda<strong>do</strong> se regozijava com aquela<br />

morte, saborean<strong>do</strong> cada gota <strong>de</strong> <strong>do</strong>r infligida ao adversário. Então o homem parou <strong>de</strong> respirar, e<br />

ele <strong>de</strong>ixou-se cair em cima da empunhadura.<br />

Levou a mão ao rosto e permaneceu por algum tempo sem se mexer. Em seguida, quase com<br />

horror, puxou <strong>de</strong> um só golpe a arma para fora e afastou-se <strong>do</strong>s corpos <strong>do</strong>s homens abati<strong>do</strong>s.<br />

Aproximou-se <strong>de</strong>la, abaixou-se para ficar na mesma altura que ela e, finalmente, a jovem pô<strong>de</strong><br />

vê-lo direito. Era só um pouco mais velho <strong>do</strong> que ela, com longos cabelos castanhos cachea<strong>do</strong>s e<br />

presos na nuca. Durante a luta o rabo <strong>de</strong> cavalo se <strong>de</strong>satara <strong>de</strong>ixan<strong>do</strong> a cabeleira solta em cima<br />

<strong>do</strong>s ombros. Era magro e páli<strong>do</strong>, mas o que mais a impressionou foram seus olhos. A tocha tinha<br />

caí<strong>do</strong> no chão e se apagara, e agora só havia uma luz um tanto mortiça, mas mesmo assim o ver<strong>de</strong>

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!