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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Learco avançou pelo corre<strong>do</strong>r com o coração que parecia não caber no seu peito. Haviam-se<br />

passa<strong>do</strong> cinquenta anos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o embate, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a confrontação na qual tinha <strong>de</strong>rrota<strong>do</strong> os planos<br />

<strong>de</strong> <strong>do</strong>mínio e <strong>de</strong>struição da Guilda <strong>do</strong>s Assassinos e <strong>do</strong> seu pai, Dohor. Fora justamente no<br />

campo <strong>de</strong> batalha poeirento, entre os escombros <strong>do</strong> templo e as cinzas <strong>do</strong>s fogos atea<strong>do</strong>s pelos<br />

dragões, que o vira pela última vez.<br />

I<strong>do</strong> confiara-o a ele antes <strong>de</strong> morrer. “Leve o garoto a um lugar seguro.” Poucas palavras, as<br />

últimas que ouvira <strong>de</strong>le.<br />

Com algum esforço <strong>de</strong> concentração, Learco ainda podia lembrar a sensação da sua mão que<br />

apertava os ombros miú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> San. Naquela época o menino tinha <strong>do</strong>ze anos.<br />

Pois é, levara-o para um lugar seguro, mas <strong>de</strong>pois voltara corren<strong>do</strong> para salvar Dubhe.<br />

Naquele momento, era a única coisa que realmente lhe interessava.<br />

Quan<strong>do</strong> procurara entre os escombros, San já não estava. O corpo <strong>de</strong> I<strong>do</strong> tinha si<strong>do</strong><br />

compostamente ajeita<strong>do</strong> no chão, mas a espada que o velho herói usara em sua última batalha, a<br />

<strong>de</strong> cristal negro <strong>de</strong> Nihal, havia sumi<strong>do</strong>, assim como o dragão que cavalgara.<br />

Durante algum tempo ele e Dubhe continuaram a procurá-lo. Learco sentia-se culpa<strong>do</strong>: aquele<br />

menino lhe fora confia<strong>do</strong>, I<strong>do</strong> entregara-o em suas mãos, e sentia-se na obrigação <strong>de</strong> cuidar <strong>de</strong>le.<br />

Mas havia todas as consequências da guerra, to<strong>do</strong> o Mun<strong>do</strong> Emerso precisava ser reorganiza<strong>do</strong>.<br />

De forma que <strong>de</strong>sistira da i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> localizá-lo. E o garoto se tornara o maior motivo <strong>de</strong> lástima<br />

da sua vida.<br />

E agora alguém se apresentava à sua porta como se nada tivesse aconteci<strong>do</strong>, afirman<strong>do</strong> ser San,<br />

vin<strong>do</strong> sabe-se lá <strong>de</strong> on<strong>de</strong>, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s aqueles anos.<br />

O rei viu-se corren<strong>do</strong> pelos corre<strong>do</strong>res sob os olhares escandaliza<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s cria<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s<br />

cortesãos. Mas não podia esperar. Precisava encontrá-lo, vê-lo e castigá-lo, caso fosse um<br />

impostor.<br />

Mas como po<strong>de</strong>rei saber? Já se passaram cinquenta anos, cinquenta!<br />

Escancarou a porta com um empurrão e entrou na ampla sala <strong>de</strong> espera, <strong>de</strong>corada com<br />

tapeçarias e imagens <strong>do</strong>s heróis <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Emerso.<br />

Ele estava no meio <strong>do</strong> aposento. Alto, completamente vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> preto, com a capa e as botas<br />

empoeiradas, como se chegasse após uma longa viagem. Ao la<strong>do</strong>, os traços inconfundíveis <strong>de</strong><br />

uma espada: <strong>de</strong> cristal negro, com um só ponto branco – a cabeça <strong>de</strong> um dragão esculpida na<br />

empunhadura –, a guarda em forma <strong>de</strong> asas <strong>de</strong> dragão, o cabo enrosca<strong>do</strong>. Learco quase ficou sem<br />

fôlego. Era a espada <strong>de</strong> Nihal.<br />

O homem virou-se. Orelhas só levemente pontudas, cabelos grisalhos, mas com um<br />

inconfundível matiz azula<strong>do</strong>. E os olhos: <strong>de</strong> semielfo, da mesma cor violeta da avó e <strong>do</strong> pai.<br />

– É você mesmo... – murmurou o rei.<br />

San sorriu.<br />

– Vejo que an<strong>do</strong>u bastante atarefa<strong>do</strong> durante a minha ausência.<br />

Learco apertou-o contra o peito com força, sufocan<strong>do</strong> um soluço.<br />

– É você mesmo...<br />

No começo ficaram falan<strong>do</strong> confusamente, ao mesmo tempo, tentan<strong>do</strong> reencontrar o fio da

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