19.04.2013 Views

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

– Reis particularmente simpáticos – murmurou Amhal no ouvi<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>, reparan<strong>do</strong> o seu<br />

espanto.<br />

A sala <strong>do</strong> refeitório era imensa e apinhada <strong>de</strong> gente. Armaduras por toda parte, barulho <strong>de</strong><br />

espadas, <strong>de</strong> colheres mergulhadas em tigelas <strong>de</strong> louça. E o burburinho, as risadas e o tilintar <strong>de</strong><br />

alguns brin<strong>de</strong>s. Quase to<strong>do</strong>s vestiam armadura, mas mesmo quem estava sem ela tinha, borda<strong>do</strong><br />

no peito, um símbolo como aquele grava<strong>do</strong> no peitoral <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais.<br />

<strong>Adhara</strong> nunca tinha esta<strong>do</strong> num salão tão gran<strong>de</strong>, no meio <strong>de</strong> tantas pessoas. A confusão <strong>de</strong><br />

Salazar pareceu-lhe irrelevante diante da balbúrdia que reinava lá <strong>de</strong>ntro.<br />

Ela, Amhal e Mira sentaram num canto. Foram atendi<strong>do</strong>s por um jovem <strong>de</strong> casaca azul. Os<br />

olhos <strong>do</strong> cria<strong>do</strong> brilharam ao reconhecer Mira. Não escon<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a sua admiração, o rapaz só lhe<br />

dirigia a palavra dizen<strong>do</strong> “meu senhor”.<br />

– Mais sopa, meu senhor? Gostaria <strong>de</strong> mais um pouco <strong>de</strong> pão, meu senhor?<br />

Mira recusou amavelmente. Aproximou-se então <strong>de</strong> Amhal, <strong>de</strong>bruçan<strong>do</strong>-se em cima da mesa.<br />

– Às vezes me <strong>de</strong>ixa bastante constrangi<strong>do</strong> toda essa <strong>de</strong>ferência. – Deu uma gargalhada e<br />

Amhal riu com ele, feliz como uma criança.<br />

<strong>Adhara</strong> já se havia pergunta<strong>do</strong> várias vezes se, em algum momento, a sombra po<strong>de</strong>ria<br />

<strong>de</strong>saparecer <strong>do</strong> rosto <strong>de</strong> Amhal, se <strong>de</strong> repente ele po<strong>de</strong>ria ficar <strong>de</strong>spreocupa<strong>do</strong>, feliz com alguma<br />

coisa. Pois bem, agora era um daqueles raros momentos. Olhava para o mentor com uma<br />

admiração talvez menos evi<strong>de</strong>nte que a <strong>do</strong> jovem cria<strong>do</strong>, mas sem dúvida mais profunda; parecia,<br />

<strong>de</strong> fato, sentir-se novamente em casa. <strong>Adhara</strong> mor<strong>de</strong>u o lábio, sabia que estava se portan<strong>do</strong> como<br />

uma boba, mas não podia evitar uma ponta <strong>de</strong> inveja ao constatar que Amhal nunca se portara<br />

daquele jeito com ela.<br />

Não po<strong>de</strong> competir, é o mestre <strong>de</strong>le, sabe lá há quanto tempo já se conhecem.<br />

Enquanto isso, Amhal estava pon<strong>do</strong> Mira a par da missão. Falou da viagem <strong>de</strong> ida, na qual, ao<br />

que parecia, tinha leva<strong>do</strong> um criminoso a Salazar, para em seguida tratar <strong>do</strong>s <strong>do</strong>cumentos<br />

recolhi<strong>do</strong>s em Laodameia.<br />

– E quanto à gentil <strong>do</strong>nzela aqui presente? – perguntou Mira.<br />

Amhal contou sumariamente o que havia aconteci<strong>do</strong>, passan<strong>do</strong> por cima <strong>do</strong>s <strong>de</strong>talhes mais<br />

cruentos <strong>do</strong> salvamento <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>. A conversa, no entanto, concentrou-se quase <strong>de</strong> pronto na<br />

<strong>do</strong>ença. Mira ficou prestan<strong>do</strong> a maior atenção durante toda a duração <strong>do</strong> relato.<br />

– Você tinha si<strong>do</strong> atacada pelos tais sujeitos? – perguntou, quan<strong>do</strong> soube <strong>de</strong> que maneira os<br />

<strong>do</strong>is jovens haviam se conheci<strong>do</strong>.<br />

<strong>Adhara</strong> limitou-se a anuir, e coube então a Amhal salientar a estranheza <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is agressores.<br />

Mira passou a acariciar a barba, pensativo.<br />

– Na sua opinião, quem po<strong>de</strong>riam ser? – perguntou Amhal.<br />

Mira continuou cala<strong>do</strong> por alguns segun<strong>do</strong>s.<br />

– Não faço i<strong>de</strong>ia – respon<strong>de</strong>u afinal –, mas não estou gostan<strong>do</strong> nem um pouco. Há uma óbvia<br />

conexão entre eles e a al<strong>de</strong>ia empesteada pela <strong>do</strong>ença.<br />

– É verda<strong>de</strong>, mas a infecção só existia lá, e parecia uma espécie <strong>de</strong> febre vermelha... quer<br />

dizer, uma coisa que já conhecemos... eu acho.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!