19.04.2013 Views

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

– Ela vai ficar. Não há jeito <strong>de</strong> você conseguir convencê-la.<br />

<strong>Adhara</strong> reparou que ele já não o chamava <strong>de</strong> senhor.<br />

San levantou-se.<br />

– Como quiser. – E saiu.<br />

<strong>Adhara</strong> olhou para Amhal, agra<strong>de</strong>cida, mas ele não se virou, para então levantar-se também.<br />

– Vou arrumar-lhe uma acomodação.<br />

– Obrigada.<br />

– Não me agra<strong>de</strong>ça – rebateu, ainda <strong>de</strong> costas. – Teria preferi<strong>do</strong> que ficasse on<strong>de</strong> estava, que<br />

me esquecesse.<br />

No terceiro dia ficou claro. Era a peste. Learco não estava agonizan<strong>do</strong> na cama <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a uma<br />

indisposição passageira e tampouco por causa da febre vermelha. Era a peste. Seu corpo já<br />

começava a ficar cheio <strong>de</strong> manchas negras.<br />

Um verda<strong>de</strong>iro batalhão <strong>de</strong> sacer<strong>do</strong>tes veio ao palácio, a própria Theana apareceu para cuidar<br />

pessoalmente <strong>do</strong> caso. E, enquanto isso, três serviçais mostraram os primeiros sinais da <strong>do</strong>ença.<br />

Foi o caos. Uma ala inteira <strong>do</strong> palácio foi fechada, os aposentos reais foram muda<strong>do</strong>s para uma<br />

área isolada, guardas arma<strong>do</strong>s ficaram posta<strong>do</strong>s entre a porta da ala infectada e a consi<strong>de</strong>rada<br />

ainda saudável, com a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> não <strong>de</strong>ixar passar ninguém. Dubhe trancou-se lá <strong>de</strong>ntro com o<br />

mari<strong>do</strong>. E Neor ficou sozinho.<br />

Já sabia disto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo. Estavam tentan<strong>do</strong> lutar contra uma tempesta<strong>de</strong>, <strong>de</strong> mãos vazias.<br />

Um furacão daquele tamanho não podia ser conti<strong>do</strong> e, mais ce<strong>do</strong> ou mais tar<strong>de</strong>, chegaria até ali<br />

atropelan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s.<br />

Só, na penumbra da sua sala, ouvia as últimas notícias.<br />

– Sua Majesta<strong>de</strong> ficou inconsciente hoje <strong>de</strong> manhã. Des<strong>de</strong> então, não recobrou os senti<strong>do</strong>s.<br />

Neor não se mexeu.<br />

– Continue – disse com frieza.<br />

– Mais três casos na mesma área, e os <strong>do</strong>is sacer<strong>do</strong>tes que passaram mal ontem aban<strong>do</strong>naram<br />

seus postos: não têm condições <strong>de</strong> continuar. O Ministro Oficiante está dan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> si, mas as<br />

curas não parecem surtir efeito.<br />

– E a rainha? – perguntou com voz gélida.<br />

– Por enquanto está bem.<br />

Neor fechou por um momento os olhos.<br />

– Po<strong>de</strong> ir – disse, e o homem <strong>de</strong>ixou o aposento fechan<strong>do</strong> <strong>de</strong>licadamente a porta atrás <strong>de</strong> si.<br />

Fazia frio naquela sala, um gelo que se insinuava sob a pele, até os ossos. Recostou a cabeça<br />

no espaldar <strong>do</strong> assento.<br />

Pensou no pai, naqueles trinta anos juntos que o <strong><strong>de</strong>stino</strong> lhes conce<strong>de</strong>ra. Pensou em seus tempos<br />

<strong>de</strong> criança, quan<strong>do</strong> ainda podia andar. Lembrou as brinca<strong>de</strong>iras com ele, a imagem que <strong>de</strong>le<br />

tinha: um homem in<strong>de</strong>strutível, um gran<strong>de</strong> soberano.<br />

Relembrou os dias que se haviam segui<strong>do</strong> ao aci<strong>de</strong>nte, voltou a ver a figura prostrada <strong>do</strong> pai,<br />

curva<strong>do</strong> sobre a cama, seguran<strong>do</strong> sua mão. Mesmo na <strong>do</strong>r, mantinha intata a sua gran<strong>de</strong>za, e

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!