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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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<strong>Adhara</strong> aproximou-se da que parecia mais jovem. Pigarreou algumas vezes para chamar a sua<br />

atenção, mas a barulheira era tão gran<strong>de</strong> que teve <strong>de</strong> sacudi-la pelo ombro.<br />

– O que foi?<br />

– Faz i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> como posso limpá-los? – perguntou, mostran<strong>do</strong> os trajes.<br />

Com mãos espertas e sabidas a criada começou a examiná-los.<br />

– Como conseguiu sujá-los <strong>de</strong>sse jeito?<br />

É o que acontece quan<strong>do</strong> a gente banca a dama <strong>de</strong> companhia da princesa, pensou, mas<br />

preferia dar uma resposta vaga.<br />

– É uma longa história... Acha que dá para recuperá-los?<br />

– Bem, po<strong>de</strong> tentar com a potassa, e <strong>de</strong>pois esfregan<strong>do</strong> pra valer com sabão. Mas vai ter <strong>de</strong><br />

suar.<br />

A criada virou-se para voltar ao trabalho, e <strong>Adhara</strong> ficou ali, plantada. Potassa?<br />

– Desculpe, mas francamente não sei <strong>do</strong> que está falan<strong>do</strong>; talvez se pu<strong>de</strong>sse me explicar<br />

melhor...<br />

Sentia-se boba, tola e in<strong>de</strong>fesa. Pensou quase com raiva em Amhal, que a <strong>de</strong>ixara sozinha, e em<br />

Amina, que a forçara àquela brinca<strong>de</strong>ira idiota.<br />

A moça, no entanto, sorriu para ela. Com um gesto <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> tirou as roupas das suas mãos.<br />

– Bom, enquanto vai apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os afazeres <strong>do</strong>mésticos, eu mesma vou lavar.<br />

Deu-lhe uma pisca<strong>de</strong>la, e embora <strong>Adhara</strong> não soubesse ao certo o que aquele gesto significava,<br />

sorriu aliviada.<br />

– Você é realmente muito amável. Juro que vou apren<strong>de</strong>r.<br />

A criada <strong>de</strong>u <strong>de</strong> ombros e indicou as pilhas <strong>de</strong> roupas em volta.<br />

– Está ven<strong>do</strong> todas estas peças? Acha que vai mudar alguma coisa se também me encarregar<br />

das suas? Não se preocupe comigo. Depois <strong>de</strong> amanhã já po<strong>de</strong> vir buscar.<br />

Encontrou Amina, que saía <strong>do</strong> quarto, com cara <strong>de</strong> poucos amigos. Em lugar <strong>do</strong>s trajes<br />

masculinos vestia uma roupa simples mas muito bem-acabada. Logo que seus olhares se<br />

cruzaram, a menina baixou os olhos e apressou-se ao longo <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r.<br />

<strong>Adhara</strong> nem sabia ao certo como explicar tamanha ousadia, mas acontece que alguma coisa<br />

revirava suas entranhas. Mexeu-se rapidamente, alcançou a menina e <strong>de</strong>teve-a seguran<strong>do</strong> seu<br />

ombro.<br />

Ela tentou <strong>de</strong>svencilhar-se.<br />

– Deixe-me, o que quer?<br />

– Eu não tive culpa <strong>de</strong> nada – disse simplesmente, procuran<strong>do</strong> dar ao próprio olhar a dureza<br />

necessária. Talvez não soubesse gran<strong>de</strong> coisa quanto aos relacionamentos humanos, mas achava<br />

que, se uma pessoa fosse gentil com outra, <strong>de</strong>veria esperar o mesmo em troca. – Procurei<br />

satisfazê-la, fiquei com você e fiz tu<strong>do</strong> aquilo que me pediu, e o que ganhei com isso? Trajes<br />

estraga<strong>do</strong>s e uma acusação injusta.<br />

Amina tinha cora<strong>do</strong>, mas o seu olhar flamejava <strong>de</strong> novo.<br />

– Se não gostar, po<strong>de</strong> ir. Ninguém a obriga a ficar comigo.

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