Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> frutas, e <strong>de</strong>morou-se mais algum tempo no bosque. Em seguida encaminhou-se para<br />
a construção.<br />
Tentou, primeiro, caminhar na faixa marrom, mas era bem pior <strong>do</strong> que avançar <strong>de</strong>scalça na<br />
grama, razão pela qual <strong>de</strong>sistiu quase <strong>de</strong> pronto. Entretanto, continuou a margeá-la. Era a maneira<br />
mais direta para alcançar o seu <strong><strong>de</strong>stino</strong>.<br />
Viu a torre – era assim que se chamava, agora lembrava –, que se tornava cada vez mais<br />
imponente. Meio bojuda na parte <strong>de</strong> cima, com uma vaga forma cilíndrica. Dos la<strong>do</strong>s, entretanto,<br />
surgiam estruturas menores, e entreviam-se abóbadas re<strong>do</strong>ndas e telha<strong>do</strong>s pontu<strong>do</strong>s. À sua volta,<br />
casas <strong>de</strong> tijolos que se espalhavam pela planície, como se aquele volumoso cilindro não<br />
conseguisse contê-las e as <strong>de</strong>ixasse proliferar. Era um espetáculo grandioso e terrível, e o<br />
coração da jovem estremeceu. Havia um mun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>, fora da floresta, um mun<strong>do</strong> cheio<br />
<strong>de</strong> coisas que a <strong>de</strong>ixavam sem fôlego. No bosque, era capaz <strong>de</strong> intuir inconscientemente o que era<br />
perigoso e o que não era. Mas ali? Agora já não dispunha <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> comparação, e o seu<br />
instinto parecia não po<strong>de</strong>r ajudá-la.<br />
An<strong>do</strong>u durante mais um dia inteiro, sem parar nem mesmo quan<strong>do</strong> o sol se pôs além <strong>do</strong><br />
horizonte. A escuridão ia toman<strong>do</strong> conta <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, mas ela tinha <strong>de</strong> seguir adiante. Estava<br />
assustada <strong>de</strong>mais para <strong>do</strong>rmir ao relento, à margem da estrada.<br />
Quan<strong>do</strong> chegou já era noite e, ao se aproximar da torre, sentiu-se aniquilada. De longe já<br />
parecia enorme, mas <strong>de</strong> perto o seu tamanho era francamente amedronta<strong>do</strong>r. Encobria uma boa<br />
parte <strong>do</strong> céu e parecia erguer-se a <strong>de</strong>smedidas alturas. As casas que se encontravam aos seus pés<br />
eram como que achatadas pela sua massa gigantesca. A jovem ficou olhan<strong>do</strong> estática, o rosto<br />
para cima. Só mesmo a vista da lua, logo atrás, foi capaz <strong>de</strong> <strong>de</strong>volver-lhe alguma coragem.<br />
Diante <strong>de</strong>la abria-se um labirinto <strong>de</strong> ruelas tortas. Nenhum sinal <strong>de</strong> grama, somente pedra por<br />
to<strong>do</strong> canto e sapé cobrin<strong>do</strong> algumas choças.<br />
Enfiou-se numa daquelas vielas, olhan<strong>do</strong> em volta. Tijolos avermelha<strong>do</strong>s, pedras<br />
esbranquiçadas, baixas moradas com pesadas portas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, trancadas. No interior, luzes<br />
difusas e trêmulas, e o barulho <strong>de</strong> vozes que falavam baixinho.<br />
O que fazer, agora? Parar alguém para fazer-se enten<strong>de</strong>r a gestos? Mas não havia ninguém por<br />
perto. Seguiu adiante escolhen<strong>do</strong> os becos ao acaso, esperan<strong>do</strong> encontrar alguma pessoa. Só<br />
encontrou, à sua espera, um mun<strong>do</strong> frio e <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong>.<br />
Virou numa rua mais larga e, finalmente, o panorama mu<strong>do</strong>u. Havia nela gran<strong>de</strong>s portões<br />
ilumina<strong>do</strong>s, além <strong>do</strong>s quais se divisavam numerosos grupos <strong>de</strong> pessoas sentadas. Na própria rua<br />
havia transeuntes, não muitos, na verda<strong>de</strong>, mas <strong>de</strong> qualquer maneira o cenário era bastante<br />
anima<strong>do</strong>. A jovem apertou nervosamente entre as mãos o pano da túnica, e então tomou coragem.<br />
Escolheu uma mulher, pois lhe parecia po<strong>de</strong>r confiar mais nela. Foi ao seu encontro <strong>de</strong> mão<br />
estendida. A moça encarou-a por um momento e <strong>de</strong>sviou-se <strong>do</strong> caminho, evitan<strong>do</strong>-a. Ela<br />
permaneceu <strong>de</strong> pé, no meio da rua, observan<strong>do</strong> a longa saia da <strong>de</strong>sconhecida que se afastava<br />
on<strong>de</strong>an<strong>do</strong>. Tentou <strong>de</strong> novo, abordan<strong>do</strong> um cavalheiro que vestia uma ampla túnica. Esticou o<br />
braço para chamar a sua atenção e o homem, como resposta, remexeu numa bolsa presa à cintura.<br />
A jovem suspirou aliviada e voltou a abrir a boca. Mas o sujeito <strong>de</strong>teve-a seguran<strong>do</strong> sua mão e<br />
colocan<strong>do</strong> nela alguma coisa fria.<br />
– Compre pelo menos uma roupa <strong>de</strong>cente – disse, antes <strong>de</strong> afastar-se apressa<strong>do</strong>.