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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Mira e San não costumavam se frequentar. Continuavam sen<strong>do</strong> <strong>de</strong> alguma forma elementos<br />

separa<strong>do</strong>s na vida <strong>de</strong> Amhal. Mira era o mestre que, <strong>de</strong> dia, o iniciava nas artes <strong>do</strong>s cavaleiros,<br />

lhe ensinava a refrear os impulsos e lhe mostrava um mun<strong>do</strong> solar, no qual não existia espaço<br />

para o horror e on<strong>de</strong>, ainda que houvesse, este era, mesmo assim, controlável, passível <strong>de</strong> ser<br />

afugenta<strong>do</strong> pela razão.<br />

San, por sua vez, era a noite, a sedução da escuridão, o mestre oculto que lhe falava <strong>de</strong> um<br />

mun<strong>do</strong> em que os confins entre o bem e o mal eram extremamente incertos, um lugar on<strong>de</strong> até a<br />

fúria perdia seus contornos para transformar-se em algo in<strong>de</strong>fini<strong>do</strong>, atraente e perigoso.<br />

Se fosse o caso, conversavam amigavelmente. Mas não se conheciam. E Mira ignorava as aulas<br />

noturnas.<br />

– Está me parecen<strong>do</strong> cansa<strong>do</strong>, <strong>de</strong> uns tempos para cá – dizia a Amhal, durante o treinamento.<br />

– Estou passan<strong>do</strong> por um perío<strong>do</strong> muito difícil. Não consigo <strong>do</strong>rmir direito – respondia ele.<br />

Mas quan<strong>do</strong> Mira o parabenizava pelos seus reflexos mais afia<strong>do</strong>s ou por algum novo movimento<br />

ficava orgulhoso. E achava que o mestre ficaria contente ao saber daquelas aulas com San,<br />

embora ainda não tivesse ti<strong>do</strong> ânimo <strong>de</strong> contar.<br />

De forma que ficou pasmo quan<strong>do</strong>, certa manhã, Mira o convocou:<br />

– Vai haver uma reunião extraordinária <strong>do</strong> Conselho. Precisamos partir imediatamente.<br />

Amhal anuiu. Estava pronto.<br />

– Mas você não irá conosco.<br />

Ficou atônito.<br />

– Mestre...<br />

– A situação, aqui em Makrat, é preocupante – explicou Mira. – Há tensão no ar, e a <strong>do</strong>ença já<br />

parece estar cercan<strong>do</strong> a cida<strong>de</strong>. Precisamos ficar atentos. Decidiu-se, portanto, <strong>de</strong>ixar aqui uma<br />

parte das tropas. Learco e Neor viajarão com uma escolta reduzida.<br />

– De qualquer forma, mestre, eu preferiria ir com vocês...<br />

– Você melhorou – interrompeu-o o outro. – Melhorou muito. Não posso mais permitir essa sua<br />

<strong>de</strong>pendência excessiva, esse exagera<strong>do</strong> apego a mim. Está pronto a levantar voo, e isso significa<br />

que precisa apren<strong>de</strong>r a se virar sozinho. É por isso que vai ficar.<br />

Orgulho e receio alternaram-se no peito <strong>de</strong> Amhal.<br />

– Seja como for, San ficará <strong>de</strong> olho em você.<br />

Amhal não soube o que dizer. Era a primeira vez que San e Mira interagiam <strong>de</strong> alguma forma.<br />

Afinal, os <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s entre os quais se tinha movi<strong>do</strong> incerto, naqueles últimos tempos, se<br />

juntavam.<br />

– Foi i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>le? Quer dizer, foi ele que pediu para eu ficar?<br />

Mira fitou-o sem enten<strong>de</strong>r.<br />

– E por que <strong>de</strong>veria? Não, não. O rei man<strong>do</strong>u que alguns homens ficassem, e San se<br />

encarregará da guarnição. Então, eu pensei em você, pois sei que o admira profundamente,<br />

enquanto ele o consi<strong>de</strong>ra um jovem promissor. Eu só pedi para ele ficar um pouco <strong>de</strong> olho em<br />

você, só isso. – Deu-lhe uma palmada no ombro. – Não precisa mais ter me<strong>do</strong>, Amhal. Você é<br />

forte, muito mais <strong>do</strong> que imagina, e muito em breve será um cavaleiro. Consi<strong>de</strong>re isto como uma

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