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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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louco <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> agarrá-la, mordê-la, <strong>de</strong>spedaçá-la. O vago presságio que o acometera a primeira<br />

vez que a beijara <strong>de</strong>sembocara em alguma coisa terrível e tangível. A fúria <strong>de</strong>ixara <strong>de</strong> ser algo<br />

limita<strong>do</strong> ao âmbito <strong>do</strong> combate. Tornara-se uma presença obsessiva que pouco a pouco ia<br />

comen<strong>do</strong> pedaços da sua vida, que se infiltrava até nos afetos mais queri<strong>do</strong>s e envenenava os<br />

sentimentos mais puros.<br />

San percebeu aquele transtorno.<br />

– Alguma coisa errada?<br />

Amhal sacudiu a cabeça, principalmente para afugentar as horríveis sensações que acabava <strong>de</strong><br />

ter.<br />

– Estava procuran<strong>do</strong> por mim para treinarmos?<br />

– Achei que podia ser uma boa i<strong>de</strong>ia.<br />

– É só eu pegar a espada e po<strong>de</strong>mos ir.<br />

Era disso que precisava. Ação. Afogar a fúria na espada. Porque, quan<strong>do</strong> estava com San, nada<br />

conseguia assustá-lo, e até mesmo os impulsos mais terríveis se amenizavam e pareciam fazer<br />

senti<strong>do</strong>. Nem mesmo com Mira acontecera alguma vez algo pareci<strong>do</strong>. San tinha o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong><br />

acalmá-lo.<br />

Deu uma rápida olhada no livro que lhe fora empresta<strong>do</strong>. Estava em cima da arca, ainda<br />

aberto. A primeira vez que o lera tivera me<strong>do</strong>.<br />

– Fala <strong>de</strong> Fórmulas Proibidas – dissera, quan<strong>do</strong> San lhe perguntara o que tinha acha<strong>do</strong>.<br />

– Claro – respon<strong>de</strong>ra o homem, tranquilo.<br />

Amhal tinha fica<strong>do</strong> <strong>de</strong>sconcerta<strong>do</strong>.<br />

– A Magia Proibida é um mal!<br />

– A Magia Proibida é uma arma que cada um usa <strong>do</strong> seu próprio jeito. Mas é preciso conhecêla,<br />

pois <strong>do</strong> contrário não se consegue ser um mago completo.<br />

San <strong>de</strong>stilara-lhe então uma convincente apologia das Fórmulas Proibidas. Amhal percebia<br />

confusamente que naqueles ensinamentos, na sua maneira <strong>de</strong> ver a magia, havia alguma coisa<br />

errada e obscura, mas que ainda assim seus argumentos eram sedutores. Sentia o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

aceitá-los, embora o <strong>de</strong>ixassem assusta<strong>do</strong>.<br />

Des<strong>de</strong> então passara a olhar San com uma mistura <strong>de</strong> admiração e <strong>de</strong>sconfiança. Era a mesma<br />

coisa que acontecia com a fúria que crescia em seu peito: era um mal, sabia disso, mas havia<br />

também algo alicia<strong>do</strong>r nela, quase positivo. Da mesma forma, San era alguém a quem não sabia<br />

dizer não, alguém que receava, mas <strong>de</strong> quem não podia se afastar.<br />

Saiu <strong>de</strong> espada na mão.<br />

– Vamos – disse quase com <strong>de</strong>sespero.<br />

San sorriu. Um sorriso <strong>de</strong> lobo.<br />

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