Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Adhara</strong> acompanhou os <strong>de</strong>mais: estava a ponto <strong>de</strong> ingressar naquela que seria a sua casa sabese<br />
lá por quanto tempo. A chuva alcançou-a pouco antes <strong>de</strong> ela superar o limiar da porta,<br />
colan<strong>do</strong>-lhe os cabelos no rosto. Já lá <strong>de</strong>ntro, com Amhal, reparou que cada um seguia numa<br />
direção diferente. Ficou parada on<strong>de</strong> estava, no meio <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r. No chão, um carpete<br />
vermelho; junto das pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pedra, trípo<strong>de</strong>s <strong>de</strong> bronze soltavam uma luz calorosa no interior.<br />
Amhal encaminhou-se a um corre<strong>do</strong>r e ela foi atrás.<br />
Mira ia na frente.<br />
– Vá para o quarto e troque <strong>de</strong> roupa, esta noite vamos ficar na Aca<strong>de</strong>mia – disse ríspi<strong>do</strong> a<br />
Amhal. – Estarei esperan<strong>do</strong> por você lá embaixo, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> meia hora.<br />
O rapaz limitou-se a anuir e pegou uma das estreitas escadas que levavam para baixo. <strong>Adhara</strong><br />
continuou atrás <strong>de</strong>le.<br />
Desceram <strong>do</strong>is andares, numa área <strong>do</strong> palácio muito mais mo<strong>de</strong>sta, <strong>de</strong>sprovida <strong>de</strong> qualquer<br />
a<strong>do</strong>rno: passagens um tanto apertadas e meras tochas nas pare<strong>de</strong>s. Amhal dirigiu-se seguro para<br />
uma porta <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira.<br />
– E eu? – perguntou <strong>Adhara</strong>.<br />
O jovem fitou-a como se só agora se lembrasse <strong>de</strong>la, mas não <strong>de</strong>morou a recobrar-se.<br />
– Esta noite ficará aqui, no meu quarto. Não creio que haverá problemas. Amanhã eu a levarei<br />
a quem po<strong>de</strong>rá arranjar-lhe um emprego.<br />
Abriu a porta. Era um quarto relativamente pequeno, com uma arca aos pés da cama, marcada<br />
pelo tempo, um simples catre militar e um boneco que, provavelmente, servia para pendurar a<br />
armadura.<br />
– Mas, afinal, eu não sou a sua or<strong>de</strong>nança?<br />
Amhal sorriu meio sem jeito.<br />
– É o que an<strong>de</strong>i dizen<strong>do</strong> enquanto andávamos por aí, para evitar problemas, mas na verda<strong>de</strong><br />
não tenho direito a uma or<strong>de</strong>nança, pelo menos enquanto eu não me tornar cavaleiro.<br />
<strong>Adhara</strong> o viu ir <strong>de</strong> um la<strong>do</strong> para outro <strong>do</strong> aposento.<br />
– Precisamos arranjar-lhe algum outro serviço, e aqui na corte vamos encontrar alguma coisa,<br />
na certa. Este palácio é gigantesco, há centenas <strong>de</strong> emprega<strong>do</strong>s...<br />
<strong>Adhara</strong> sentiu, pouco a pouco, uma vaga inquietação. Quer dizer que iria ficar sozinha naquele<br />
enorme edifício. Teve vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> protestar. Então viu Amhal preparar suas coisas, com a<br />
segurança <strong>de</strong> sempre, enquanto lhe dizia que iria levá-la ao Ministro Oficiante para que pu<strong>de</strong>sse<br />
recuperar a memória, e não teve coragem <strong>de</strong> dizer mais nada. Lembrou, no entanto, as palavras<br />
ditas por Mira alguns dias antes, que tanto a haviam machuca<strong>do</strong>. De repente, como uma<br />
iluminação, compreen<strong>de</strong>u plenamente o senti<strong>do</strong> <strong>de</strong>las. Estava na hora <strong>de</strong> ela seguir em frente<br />
sozinha, <strong>de</strong> afastar-se da sombra protetora <strong>de</strong> Amhal ou <strong>de</strong> qualquer outra pessoa. Não existia<br />
somente o seu passa<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong>, que tão zelosamente ela tentava reconstruir. Também havia o<br />
presente, o caminho que dali por diante iria percorrer sozinha, sem apoiar-se em ninguém. Cabia<br />
a ela <strong>de</strong>cidir qual seria. Procurou criar ânimo e <strong>de</strong>ixou no chão o pequeno embrulho com suas<br />
coisas.<br />
– É só por esta noite – acrescentou Amhal, olhan<strong>do</strong> para ela.<br />
– Não precisa ficar preocupa<strong>do</strong>, sei que vou me sair bem – disse ela, aparentan<strong>do</strong> uma