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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Foi vê-lo. Agora já sabia quem era e on<strong>de</strong> encontrá-lo. A hospedaria era anônima. Galgou o<br />

muro externo, num beco <strong>de</strong>serto por on<strong>de</strong> ninguém passava. A lua resplen<strong>de</strong>cia cândida no céu e<br />

<strong>de</strong>finia com clareza as sombras. O homem <strong>de</strong> preto não precisava saber qual era o quarto.<br />

Percebia a sua presença. Agora já não tinha dúvida. O seu similar era ele, o ser envia<strong>do</strong> pelo<br />

<strong><strong>de</strong>stino</strong>, a porta que iria levá-lo à realização <strong>do</strong>s seus sonhos. Pulou para a janela aberta, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong><br />

ao calor, e lá ficou, equilibran<strong>do</strong>-se.<br />

Dormia. A gran<strong>de</strong> espada apoiada aos pés da cama, um punhal ao alcance da mão, como era <strong>de</strong><br />

esperar <strong>de</strong> um bom guerreiro. Vestin<strong>do</strong> somente a calça, com o corpo molha<strong>do</strong> <strong>de</strong> suor, tinha um<br />

braço em cima da cabeça e <strong>do</strong>rmia um sono inquieto.<br />

O homem <strong>de</strong> preto <strong>de</strong>morou-se, olhan<strong>do</strong>. Um garoto. Justamente como imaginara. A pequena<br />

ruga entre as sobrancelhas era a <strong>de</strong> um ser atormenta<strong>do</strong>, exatamente como o haviam <strong>de</strong>scrito. Uma<br />

criatura confusa e irrequieta, perdida entre os impulsos que se <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>avam à margem da sua<br />

consciência e o louco <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ser uma pessoa normal.<br />

Mas você e eu não somos normais, nunca seremos. Você e eu fomos feitos para algo bem<br />

maior.<br />

Em seguida foi venci<strong>do</strong> por uma tontura, com uma sensação <strong>de</strong> vazio a apertar-lhe o estômago.<br />

O mun<strong>do</strong> exterior <strong>de</strong>sapareceu, dissolven<strong>do</strong>-se numa espessa escuridão.<br />

Estavam num lugar <strong>de</strong>sola<strong>do</strong>. Escombros, chamas ao longe, cheiro <strong>de</strong> queima<strong>do</strong>. No chão,<br />

corpos, sangue e árvores <strong>de</strong>rrubadas. Cinzas turbilhonan<strong>do</strong> em volta, impalpáveis.<br />

Amhal e o homem <strong>de</strong> preto. E cada um percebia a presença <strong>do</strong> outro. O homem <strong>de</strong> preto podia<br />

finalmente ver o rosto <strong>do</strong> seu similar, o Marvash que vinha perseguin<strong>do</strong> havia muito tempo, o ser<br />

que o trouxera <strong>de</strong> volta àquele lugar on<strong>de</strong> teria preferi<strong>do</strong> nunca mais botar os pés.<br />

Amhal, por sua vez, só via um vulto indistinto, um homem vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> preto, <strong>de</strong> contornos<br />

<strong>de</strong>sfoca<strong>do</strong>s e sem rosto.<br />

– Quem é você?<br />

O homem percebeu o me<strong>do</strong> na sua voz.<br />

– Sou você.<br />

Amhal levou a mão à pesada espada, <strong>de</strong>sembainhou-a e ficou em posição <strong>de</strong> ataque.<br />

– Quem é você? – repetiu.<br />

Desta vez o homem <strong>de</strong> preto limitou-se a sorrir.<br />

– Estamos a ponto <strong>de</strong> nos encontrar, e então, pouco a pouco, você po<strong>de</strong>rá enten<strong>de</strong>r.<br />

– Pare <strong>de</strong> tirar o meu sossego – insistiu Amhal, com voz trêmula. – O que quer <strong>de</strong> mim, e que<br />

lugar é este?<br />

– O lugar para o qual o <strong><strong>de</strong>stino</strong> nos levará – respon<strong>de</strong>u o homem <strong>de</strong> preto.<br />

Finalmente tu<strong>do</strong> estava fican<strong>do</strong> claro. A visão, agora, estava nítida.<br />

– Irá compreen<strong>de</strong>r – prosseguiu – assim como eu compreendi, muitos anos atrás. E, quan<strong>do</strong><br />

compreen<strong>de</strong>r, irá aceitar.<br />

Amhal investiu contra ele. O outro <strong>de</strong>teve-o seguran<strong>do</strong> a espada com a mão. A lâmina não foi<br />

capaz <strong>de</strong> cortar sua carne.<br />

– É você que me atormenta? Que cresce <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> meu peito e semeia nele a fúria que me

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