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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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pasma: nunca imaginara que entre gêmeos pu<strong>de</strong>sse existir um liame tão forte.<br />

– Farei isso – disse com convicção, e apertou com mais vigor a mão <strong>do</strong> menino.<br />

Escapuliu naquela mesma noite. Tinha <strong>de</strong> fazer isso logo, antes que aquele lugar, <strong>de</strong> alguma<br />

forma, a <strong>de</strong>tivesse. E além <strong>do</strong> mais precisava agir, botar o corpo para funcionar, pois <strong>do</strong><br />

contrário iria enlouquecer.<br />

Não tinha muita coisa para levar consigo: uma muda <strong>de</strong> roupas, o punhal. Jogou tu<strong>do</strong> numa<br />

mochila que botou a tiracolo e estava pronta.<br />

O palácio encontrava-se mergulha<strong>do</strong> num sono profun<strong>do</strong>, mas havia muitos guardas circulan<strong>do</strong>.<br />

A lembrança <strong>do</strong> atenta<strong>do</strong> contra Amina ainda estava no ar, e a segurança continuava sen<strong>do</strong> uma<br />

verda<strong>de</strong>ira obsessão. <strong>Adhara</strong> precisou recorrer a todas as suas manhas.<br />

Mais uma vez <strong>de</strong>ixou que seus membros agissem por ela. E o corpo lembrava. Como ser<br />

furtivo, como esgueirar-se ao longo das pare<strong>de</strong>s sem ser visto, como passar perto <strong>de</strong> um guarda<br />

sem ele perceber.<br />

Seus músculos <strong>do</strong>íam na tensão <strong>de</strong> to<strong>do</strong> aquele cuida<strong>do</strong>, mas mesmo assim ela começava a<br />

sentir-se melhor. Porque nesta altura enten<strong>de</strong>ra <strong>de</strong> uma vez por todas que, quan<strong>do</strong> o corpo entra<br />

em ação, a mente finalmente se cala, e tu<strong>do</strong> acontece automaticamente, numa perfeita harmonia <strong>de</strong><br />

músculos, ossos e tendões. Compreen<strong>de</strong>u que era por isto, mais <strong>do</strong> que para fugir <strong>de</strong>la, que<br />

Amhal tinha i<strong>do</strong> embora. Porque quan<strong>do</strong> o sofrimento <strong>de</strong>ixa sem fôlego, a única solução é<br />

<strong>de</strong>sligar a mente e legar ao corpo a tarefa da cura.<br />

Passou, um por um, pelos vários andares <strong>do</strong> palácio.<br />

Parou, uma última vez, diante <strong>do</strong> quarto da princesa. Um guarda estava <strong>de</strong> vigia. Aban<strong>do</strong>nar<br />

Amina era para ela a coisa que mais lhe <strong>do</strong>ía no coração. Tinham construí<strong>do</strong> algo importante<br />

naqueles meses que haviam passa<strong>do</strong> juntas, e a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> <strong>de</strong>itar tu<strong>do</strong> a per<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> fazê-la sofrer,<br />

abria brechas na sua <strong>de</strong>terminação.<br />

Jogou uma pedrinha no fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> corre<strong>do</strong>r. Como esperava, o guarda ficou logo alerta e <strong>de</strong>u<br />

alguns passos na direção <strong>do</strong> ruí<strong>do</strong>. <strong>Adhara</strong> foi rápida. Chispou para a porta, enfiou a carta por<br />

baixo e <strong>de</strong>sapareceu <strong>de</strong> novo na escuridão.<br />

O guarda voltou ao seu lugar sem perceber coisa alguma.<br />

Enquanto se esgueirava no escuro, <strong>Adhara</strong> pensou nas palavras <strong>de</strong> Kalth, no sofrimento em seus<br />

olhos, e jurou que iria voltar, a qualquer custo.<br />

O jardim recebeu-a com o frio hostil <strong>do</strong> outono chegan<strong>do</strong>. Procurou atravessá-lo rapidamente.<br />

Havia lembranças <strong>de</strong>mais naquele lugar. Amhal estava por toda parte, entre aquelas moitas.<br />

Quase podia vê-lo chegar à alameda branca, um ponto escuro que se tornava cada vez maior.<br />

Não teve qualquer tipo <strong>de</strong> problema naquela área <strong>do</strong> palácio. Havia muito menos guardas lá<br />

fora, pois o parque era realmente imenso. E ela o conhecia muito bem.<br />

Escolheu um lugar pouco vigia<strong>do</strong> <strong>do</strong> muro perimetral. Esperou que a única sentinela fizesse a<br />

sua ronda e foi em frente. Foi mais fácil <strong>do</strong> que imaginara. Num piscar <strong>de</strong> olhos estava <strong>do</strong> outro<br />

la<strong>do</strong>, na escuridão ameaça<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> Makrat. A sua velha vida tinha acaba<strong>do</strong>. Uma nova começava.<br />

Olhou para as ruelas mergulhadas nas sombras, percebeu o cheiro podre da cida<strong>de</strong>. Por um<br />

momento, um só, ficou com me<strong>do</strong>. Depois avançou <strong>de</strong>cidida.<br />

As lágrimas caíam no pergaminho, apagan<strong>do</strong> a tinta e dan<strong>do</strong>-lhe uma aparência <strong>de</strong>smaiada,

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