Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Ele respon<strong>de</strong>u com um sorriso triste.<br />
Ficaram para<strong>do</strong>s, conversan<strong>do</strong>, à toa, sobre a rotina <strong>do</strong>s seus dias, sobre Amina, que<br />
continuava a ser birrenta, sobre os exaustivos treinamentos.<br />
– Vou embora – disse Amhal, <strong>de</strong> chofre, num surto <strong>de</strong> repentina coragem.<br />
O sorriso morreu nos lábios <strong>de</strong> <strong>Adhara</strong>.<br />
– Eu preciso – acrescentou, <strong>de</strong>svian<strong>do</strong> o olhar. – Este lugar me faz lembrar Mira, não consigo<br />
esquecer... Talvez fican<strong>do</strong> algum tempo longe, ocupa<strong>do</strong> com outras coisas...<br />
– Pra on<strong>de</strong>? – Quase não chegava a ser uma pergunta.<br />
– A Floresta <strong>do</strong> Norte.<br />
– Não me fale em nomes que, já sabe, para mim nada significam – disse, mal conseguin<strong>do</strong><br />
reprimir a raiva. – E olhe para mim!<br />
Ele se virou. Achou-a linda, pálida e preocupada. Pensou em tu<strong>do</strong> aquilo que ocorrera entre<br />
eles e em tu<strong>do</strong> o mais que não tinha aconteci<strong>do</strong>. Mas procurou pensar, principalmente, na tar<strong>de</strong><br />
em que quase chegara a machucá-la. Era naquelas sensações que <strong>de</strong>via se concentrar, para<br />
conseguir dizer a<strong>de</strong>us.<br />
– É um território ao norte daqui. A <strong>do</strong>ença está se espalhan<strong>do</strong> por lá, e precisam <strong>de</strong> muitos<br />
solda<strong>do</strong>s. Eu sou imune e...<br />
<strong>Adhara</strong> <strong>de</strong>ixou escapar um único soluço. Em seguida foi a vez <strong>de</strong> ela não conseguir encará-lo.<br />
Ficou cabisbaixa, os braços aperta<strong>do</strong>s no peito, com as lágrimas que caíam <strong>de</strong>senhan<strong>do</strong> círculos<br />
perfeitos no mármore <strong>do</strong> pórtico.<br />
Amhal sentiu um aperto no coração. Pensou em ficar. Por ela. Com ela. Vislumbres <strong>de</strong> um<br />
futuro diferente, no qual po<strong>de</strong>ria amá-la como <strong>de</strong>sejava, sem recear <strong>de</strong>struí-la. Mas sabia que era<br />
impossível. Não, por enquanto não.<br />
– Não é para sempre...<br />
– Disse que ia ficar na cida<strong>de</strong>...<br />
– Pois é... Mas agora o meu mestre é San, e vou aon<strong>de</strong> ele vai.<br />
<strong>Adhara</strong> fitou-o com olhos chamejantes.<br />
– Foi <strong>de</strong>le a i<strong>de</strong>ia?<br />
– Não, foi minha.<br />
Ela fez um gesto irrita<strong>do</strong>. Não acreditava.<br />
– Tu<strong>do</strong> mu<strong>do</strong>u <strong>de</strong>pois que ele chegou. Você mu<strong>do</strong>u.<br />
– Aconteceu tanta coisa.<br />
– O que aconteceu não tem nada a ver.<br />
Amhal suspirou. Sabia que ia ser difícil, mas não imaginara até que ponto. A verda<strong>de</strong> mesmo<br />
era que não queria dizer-lhe a<strong>de</strong>us, <strong>de</strong> alguma forma obscura continuava a precisar <strong>de</strong>la.<br />
– Voltarei, só para vê-la, e quan<strong>do</strong> a emergência acabar fixarei aqui a minha morada. Além <strong>do</strong><br />
mais, há a investidura <strong>de</strong> cavaleiro, e afinal continuo pertencen<strong>do</strong> à guarda <strong>do</strong> rei...<br />
– Vou com você – falou, encaran<strong>do</strong>-o diretamente nos olhos, com uma <strong>de</strong>terminação que tinha<br />
algo <strong>de</strong> insano.