Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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A sala era bastante ampla, <strong>do</strong>minada por uma gran<strong>de</strong> janela que dava para a cachoeira. Só<br />
havia uma mesa, <strong>de</strong> mármore, à qual sentava um homem corpulento, sem um único fio <strong>de</strong> cabelo<br />
na careca brilhosa. Estava ocupa<strong>do</strong>, escreven<strong>do</strong> alguma coisa com uma longa pena <strong>de</strong> ganso.<br />
Amhal bateu continência e pronunciou, tími<strong>do</strong>:<br />
– Senhor? – O homem levou algum tempo antes <strong>de</strong> interromper a escrita e <strong>de</strong>pois olhou para os<br />
<strong>do</strong>is sem mostrar interesse.<br />
Amhal recitou novamente o seu nome e o seu posto, e então apresentou <strong>Adhara</strong> como sua<br />
or<strong>de</strong>nança.<br />
Yerav guar<strong>do</strong>u a pena e massageou a base <strong>do</strong> nariz.<br />
– Aproximem-se – disse.<br />
O jovem obe<strong>de</strong>ceu, e <strong>Adhara</strong> fez o mesmo.<br />
– General, o meu mestre Mira me disse que o senhor tinha alguns <strong>do</strong>cumentos que precisavam<br />
ser envia<strong>do</strong>s para ele, em Nova Enawar. Fui encarrega<strong>do</strong> <strong>de</strong> levá-los para lá.<br />
O homem ficou por uns momentos pensativo e, em seguida, pareceu se lembrar.<br />
– Sim, sim, isso mesmo. Farei com que lhe sejam entregues amanhã ce<strong>do</strong>.<br />
Amhal baixou levemente a cabeça, retoman<strong>do</strong> a palavra:<br />
– Há mais uma coisa.<br />
O seu relato acerca <strong>do</strong> que tinham visto no vilarejo foi claro e conciso. À medida que falava,<br />
<strong>Adhara</strong> notou que o general ficava mais nervoso.<br />
– Posso saber por que se apresentou aqui? Deveria ter avisa<strong>do</strong>, eu teria envia<strong>do</strong> um sacer<strong>do</strong>te<br />
para a quarentena! – disse, pulan<strong>do</strong> para levantar-se e dan<strong>do</strong> um passo para trás logo que o<br />
jovem acabou.<br />
– Tenho motivos para pensar que sou imune – replicou o jovem, com calma.<br />
Mencionou a sua teoria a respeito das ninfas e daquilo que haviam dito os <strong>do</strong>is homens<br />
<strong>do</strong>entes. Nem por isso, no entanto, Yerav pareceu tranquilizar-se. Sentou-se, mas continuou a<br />
fitá-los com <strong>de</strong>sconfiança. Tocou uma campainha e apareceu um solda<strong>do</strong>.<br />
– Man<strong>de</strong> um sacer<strong>do</strong>te <strong>de</strong>scer imediatamente às celas. Rápi<strong>do</strong>!<br />
O homem bateu continência e apressou-se em sair.<br />
– Para as celas, agora mesmo – intimou, então, o general os <strong>do</strong>is.<br />
Amhal assentiu baixan<strong>do</strong> a cabeça, mas antes <strong>de</strong> sair acrescentou:<br />
– Nunca teria vin<strong>do</strong>, se houvesse algum risco; se estou aqui, é porque tenho uma razoável<br />
certeza <strong>de</strong> que a situação está sob controle.<br />
Yerav anuiu com um apressa<strong>do</strong> sinal <strong>de</strong> cabeça, mas não parecia estar muito convenci<strong>do</strong>.<br />
Ficaram sozinhos na cela por um bom tempo. Amhal permanecia cala<strong>do</strong>, <strong>Adhara</strong> torcia as<br />
mãos. Estavam num quartinho <strong>de</strong> teto baixo, com muros úmi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mofo e uma pare<strong>de</strong> formada<br />
por uma gra<strong>de</strong> <strong>de</strong> ferro. Do la<strong>do</strong> <strong>de</strong> fora, um guarda que se mantinha pru<strong>de</strong>ntemente distante<br />
olhava para eles com expressão preocupada.<br />
– Já tinha imagina<strong>do</strong> que iria dar nisto – disse o rapaz, sorrin<strong>do</strong> para ela.<br />
<strong>Adhara</strong> virou-se <strong>de</strong> chofre.