Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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quan<strong>do</strong> se viam luzes na floresta, podia tratar-se <strong>de</strong> duen<strong>de</strong>s.<br />
<strong>Adhara</strong> fitou-o com ar interrogativo.<br />
– Eram minúsculas criaturas, <strong>do</strong> tamanho da palma da mão, com enormes olhos colori<strong>do</strong>s,<br />
cabeleiras <strong>de</strong> todas as cores e pequenas asas diáfanas. À noite emitiam uma leve clarida<strong>de</strong>, como<br />
os vaga-lumes.<br />
– Deviam ser lin<strong>do</strong>s...<br />
– Há quem diga que sobrou somente um <strong>de</strong>les, na gran<strong>de</strong> Floresta da Terra <strong>do</strong> Vento. Vagueia<br />
sozinho, único sobrevivente <strong>do</strong> seu povo, con<strong>de</strong>na<strong>do</strong> a viver para sempre. À noite, aquela luz<br />
triste e solitária assinala suas lentas andanças pelo bosque.<br />
<strong>Adhara</strong> pensou na solidão <strong>do</strong> último duen<strong>de</strong> e nos viajantes que procuravam a sua luz quan<strong>do</strong><br />
se perdiam. A condição <strong>de</strong>la era exatamente a mesma: perdida, aban<strong>do</strong>nada, e Amhal, como<br />
aquele duen<strong>de</strong>, era a sua única e incerta luz num mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> trevas.<br />
O rapaz apontou com o <strong>de</strong><strong>do</strong>.<br />
– Aquelas, por sua vez, são as luzes da al<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Cyrsio. Há uma hospedaria muito<br />
aconchegante por lá, e além <strong>do</strong> mais sou amigo da <strong>do</strong>na. Você vai ver, será uma noite agradável,<br />
e quem sabe não a aju<strong>de</strong> a recobrar a memória.<br />
<strong>Adhara</strong> sorriu. Havia alguma coisa mágica no ar, e talvez tu<strong>do</strong> fosse realmente possível.<br />
Seguiram adiante por uma trilha <strong>de</strong> terra batida, guia<strong>do</strong>s apenas pela clarida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um gomo <strong>de</strong><br />
lua e pela luz trêmula que haviam vislumbra<strong>do</strong> no bosque. Só levou mais alguns minutos para a<br />
al<strong>de</strong>ia aparecer: um conjunto <strong>de</strong> choupanas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira com teto <strong>de</strong> sapé. Debruçava-se ao longo<br />
<strong>de</strong> um riacho, e algumas casas eram palafitas. <strong>Adhara</strong> teve a impressão <strong>de</strong> estar diante <strong>de</strong> um<br />
lugar mágico encastoa<strong>do</strong> num bosque encanta<strong>do</strong>.<br />
Um arrepio gela<strong>do</strong> começou, no entanto, a correr pela sua espinha à medida que se<br />
aproximavam. Amhal <strong>de</strong>via ter ti<strong>do</strong> a mesma sensação, pois segurou o cabo da espada logo que<br />
chegaram às portas da al<strong>de</strong>ia.<br />
A entrada principal tinha uma arquitrave <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, meio rústica mas bem-feita, com <strong>do</strong>is<br />
suportes <strong>de</strong> metal para tochas. Um estava intato, com sua luz trêmula, mas o outro tinha si<strong>do</strong><br />
arranca<strong>do</strong> e jazia agora no chão, soltan<strong>do</strong> o brilho moribun<strong>do</strong> que eles já haviam avista<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
bosque. Amhal parou e, com o braço, <strong>de</strong>teve <strong>Adhara</strong>. O cri-cri <strong>do</strong>s grilos encheu o espaço em<br />
volta <strong>de</strong>les.<br />
– Tem algo erra<strong>do</strong>.<br />
As janelas <strong>de</strong> algumas casas estavam escuras, vazias como órbitas <strong>de</strong> caveiras; outras ficavam<br />
trancadas.<br />
– Da última vez que estive aqui este lugar estava cheio <strong>de</strong> vida.<br />
<strong>Adhara</strong> levou <strong>de</strong> impulso a mão ao punhal. Mesmo assim, tu<strong>do</strong> parecia tão quieto, tão<br />
tranquilo...<br />
Amhal <strong>de</strong>u mais um passo, seguran<strong>do</strong> com firmeza a empunhadura da espada, a lâmina solta<br />
<strong>de</strong>ntro da bainha.<br />
Nenhum som vinha <strong>do</strong> vilarejo. As ruas estavam <strong>de</strong>sertas, as tochas usadas na iluminação se<br />
haviam consumi<strong>do</strong> e jaziam espalhadas no chão. <strong>Adhara</strong> teve a impressão <strong>de</strong> estar sen<strong>do</strong>