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Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

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Nova Enawar apareceu como uma mancha colorida encravada no ver<strong>de</strong> da floresta que a<br />

cercava. Surgiu como uma variada mistura <strong>de</strong> cores no céu límpi<strong>do</strong> <strong>do</strong> entar<strong>de</strong>cer. Havia áreas<br />

que, lá <strong>de</strong> cima, pareciam amarronzadas, outras <strong>de</strong> uma ofuscante brancura, algumas rústicas,<br />

outras extremamente rebuscadas. A cida<strong>de</strong> era <strong>do</strong>minada por um edifício muito alto, cheio <strong>de</strong><br />

pináculos e obeliscos, to<strong>do</strong> <strong>de</strong> vidro, que vez por outra feria os olhos com seus reflexos <strong>de</strong> fogo.<br />

Espalhadas como cogumelos num tapete irregular <strong>de</strong> folhas, erguiam-se construções amplas e<br />

imponentes. Amhal indicou-as a <strong>Adhara</strong>.<br />

– Esse prédio que estamos sobrevoan<strong>do</strong> é a se<strong>de</strong> <strong>do</strong> Conselho <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Emerso, on<strong>de</strong> se<br />

reúnem os reis das várias terras e os magos eleitos pelo povo. O outro mais adiante é o Palácio<br />

<strong>do</strong> Exército Unitário, e aquele outro mais longe é o Tribunal Plenário.<br />

<strong>Adhara</strong> vagueava com o olhar <strong>de</strong> uma para outra construção, tropeçan<strong>do</strong> em frisos pomposos,<br />

telha<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ura<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>mos elabora<strong>do</strong>s.<br />

– Por que os bairros são tão diferentes uns <strong>do</strong>s outros? – perguntou pasma.<br />

– Porque, para planejá-los, foram chama<strong>do</strong>s arquitetos originários <strong>de</strong> todas as partes <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong><br />

Emerso, e cada um quis infundir na área que lhe cabia alguma coisa que lembrasse a sua terra.<br />

Pois é, você está certa, acabou dan<strong>do</strong> numa verda<strong>de</strong>ira mixórdia – disse Amhal, sorrin<strong>do</strong>.<br />

<strong>Adhara</strong> não fez comentários. Comparada com a elegância <strong>de</strong> Laodameia, Nova Enawar saía-se<br />

realmente muito mal, e nem mesmo levava a melhor no confronto com a ru<strong>de</strong> e pesada<br />

imponência <strong>de</strong> Salazar. Ainda assim, lá estava a capital <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> Emerso, a se<strong>de</strong> <strong>do</strong>s mais<br />

importantes mecanismos que o regiam.<br />

– É uma cida<strong>de</strong> nova, sem história – comentou Amhal, intuin<strong>do</strong> os pensamentos da<br />

companheira. – Não nasceu <strong>de</strong>vagar, <strong>do</strong> <strong>de</strong>sejo das pessoas <strong>de</strong> criar uma comunida<strong>de</strong> que pouco<br />

a pouco vieram povoá-la. Foi construída para apagar o passa<strong>do</strong>, para ser a ban<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> uma nova<br />

or<strong>de</strong>m. O pessoal foi induzi<strong>do</strong>, incentiva<strong>do</strong> a morar nela. É um lugar artificial, um lugar sem<br />

memória.<br />

Amhal calou-se <strong>de</strong> chofre. Deu-se conta <strong>do</strong> que acabava <strong>de</strong> dizer, mas era tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais.<br />

Uma cida<strong>de</strong> sem passa<strong>do</strong>, como eu, a minha cida<strong>de</strong>, pensou <strong>Adhara</strong>, <strong>de</strong>sconsolada.<br />

Jamila começou a <strong>de</strong>scer, os prédios passan<strong>do</strong> velozes sob as asas escancaradas. Pousaram<br />

numa ampla plataforma <strong>de</strong> terra batida, diante <strong>de</strong> uma das gran<strong>de</strong>s construções que haviam<br />

avista<strong>do</strong> <strong>de</strong> cima. Levantaram nuvens <strong>de</strong> poeira e <strong>Adhara</strong> viu brilhar nelas um enxame <strong>de</strong><br />

partículas negras.<br />

Talvez não seja propriamente uma cida<strong>de</strong> sem passa<strong>do</strong>. Vai ver que se trata apenas <strong>de</strong> um<br />

lugar que não consegue esquecer seus próprios escombros.<br />

Um trata<strong>do</strong>r encarregou-se <strong>de</strong> Jamila, e Amhal pulou logo da garupa, impaciente. <strong>Adhara</strong><br />

reparou que olhava em volta, excita<strong>do</strong>, como que procuran<strong>do</strong> alguém ali perto ou sob os arcos<br />

que se vislumbravam no fun<strong>do</strong>.<br />

Aquele era o Palácio <strong>do</strong> Exército, uma construção maciça, mais larga que alta, com toda uma<br />

série <strong>de</strong> frisos e a<strong>do</strong>rnos que a tornava ainda mais pesada, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a grega, logo abaixo <strong>do</strong> telha<strong>do</strong><br />

plano, até as estátuas e os relevos esculpi<strong>do</strong>s que enfeitavam o portal. Havia uma porção <strong>de</strong><br />

dragões ali em volta. <strong>Adhara</strong> ficou olhan<strong>do</strong> para eles enquanto acompanhava distraidamente<br />

Amhal, que continuava a mover-se bastante frenético. Dragões ver<strong>de</strong>s, vermelhos, alguns

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