19.04.2013 Views

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Inúmeros aposentos cheios <strong>de</strong> lamentações, to<strong>do</strong>s iguais. Uma tosca mesa <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira no meio,<br />

prateleiras repletas <strong>de</strong> frascos nas pare<strong>de</strong>s.<br />

E as celas. As celas das criaturas.<br />

<strong>Adhara</strong> sentiu a cabeça rodar. E <strong>de</strong>pois uma sensação familiar, que calou todas as <strong>de</strong>mais, que<br />

as tornou supérfluas. Recomeçou a andar rápi<strong>do</strong>, como se o encanto se tivesse finalmente<br />

quebra<strong>do</strong>. Um corre<strong>do</strong>r, mais um, passan<strong>do</strong> por cima <strong>do</strong>s escombros, e afinal uma sala, o teto<br />

parcialmente <strong>de</strong>smorona<strong>do</strong>, vigas consumidas pelo fogo, tijolos enegreci<strong>do</strong>s no chão. E Amhal.<br />

Ela o encontrara. Com as mãos iluminadas sobre o ferimento <strong>de</strong> San, senta<strong>do</strong> diante <strong>de</strong>le. <strong>Adhara</strong><br />

cerrou as mandíbulas. Nem chegou a pensar no que <strong>de</strong>via fazer.<br />

– Amhal!<br />

Ele virou-se <strong>de</strong> chofre. <strong>Adhara</strong> ficou estática diante daquele semblante. Uma máscara atrás da<br />

qual só havia o nada. Não parecia alguém que acabara <strong>de</strong> matar um homem; o rosto inexpressivo,<br />

os olhos vazios.<br />

San fez um gesto <strong>de</strong> <strong>de</strong>sagra<strong>do</strong>.<br />

– Que diabo está queren<strong>do</strong>?<br />

<strong>Adhara</strong> estava gelada. Porque agora que olhava para ele, que o via naquele lugar, <strong>de</strong> repente<br />

sentia, compreendia. O que ouvira naquele dia eram ruí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> combate, <strong>de</strong> luta, corpos que<br />

caíam no chão, gritos, clangor <strong>de</strong> espadas. E o responsável por toda a <strong>de</strong>struição que mais tar<strong>de</strong><br />

aparecera diante <strong>do</strong>s seus olhos era um só homem. Ele. San. Percebia claramente isto. Era obra<br />

<strong>de</strong>le, ele <strong>de</strong>struíra aquele lugar. Não chegara a vê-lo, então, mas <strong>de</strong> alguma forma tinha certeza <strong>de</strong><br />

que fora ele. Um homem completamente vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> preto.<br />

– Foi você – murmurou. – Você levou a cabo esta chacina...<br />

San levantou-se <strong>de</strong>vagar, afastan<strong>do</strong> Amhal. Sorria.<br />

<strong>Adhara</strong> permaneceu imóvel. A vivi<strong>de</strong>z das lembranças, ressurgidas <strong>de</strong> súbito, todas juntas,<br />

paralisava-a, mas era principalmente aquele sorriso enigmático a <strong>de</strong>ixá-la sem reação, um<br />

sorriso que percebia odiar mais que qualquer outra coisa no mun<strong>do</strong>.<br />

Sacou o punhal.<br />

– Não o terá. Tirou a vida <strong>de</strong> Mira, <strong>de</strong> Learco e <strong>de</strong> toda a corte, mas não pegará Amhal.<br />

San <strong>de</strong>u alguns passos em frente.<br />

– Eu não estou seguran<strong>do</strong> ninguém. Amhal quer vir comigo.<br />

<strong>Adhara</strong> movimentou o braço numa estocada.<br />

San esquivou-se recuan<strong>do</strong>.<br />

– Vejo que não está brincan<strong>do</strong>... – murmurou com um sorriso <strong>de</strong> escárnio.<br />

– Mesmo que me custe a vida – sibilou <strong>Adhara</strong>.<br />

– Desperdício <strong>de</strong> energia. Você, que nem mesmo po<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rar-se uma pessoa, que foi<br />

criada para não ter uma alma, acha realmente que po<strong>de</strong> nos compreen<strong>de</strong>r? Eu e Amhal somos<br />

outra coisa, estamos acima e além, e não há absolutamente nada que você possa fazer para nos<br />

alcançar.<br />

– Só lhe contou mentiras, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o começo, mas Amhal ainda po<strong>de</strong> salvar-se. – <strong>Adhara</strong><br />

encarava-o com olhos flamejantes. – Porque o amo.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!