Lendas do mundo emerso - O destino de Adhara - Multi Download
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Deu mais uma virada e aninhou-se nas sombras. Esperou. Um barulho quase imperceptível que<br />
só ouvi<strong>do</strong>s treina<strong>do</strong>s podiam perceber.<br />
Pulou. Agarrou às cegas, apertou a mão enluvada na boca da presa, enquanto com o outro braço<br />
a levantava. O sujeito esperneava, mas ele conseguiu, mesmo assim, <strong>do</strong>miná-lo. Jogou o vulto no<br />
quarto que sabia estar vazio, mas só <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixá-lo inconsciente, com um golpe bem acerta<strong>do</strong><br />
na cabeça.<br />
Era um rapaz.<br />
Atou-o aos pés da cama, <strong>de</strong>sarmou-o. Possuía um verda<strong>de</strong>iro arsenal: <strong>do</strong>is punhais, uma<br />
zarabatana, uma dúzia <strong>de</strong> facas <strong>de</strong> arremesso, um fino laço <strong>de</strong> couro para estrangular. Um perfeito<br />
espião.<br />
Sentou-se na frente <strong>do</strong> sujeito e esperou que acordasse. Quan<strong>do</strong> recobrou os senti<strong>do</strong>s, o rapaz<br />
nem tentou <strong>de</strong>svencilhar-se, mas encarou-o com olhar atrevi<strong>do</strong>.<br />
– Está pensan<strong>do</strong> que po<strong>de</strong> incinerar-me com o olhar? – troçou San.<br />
Silêncio.<br />
– Já entendi tu<strong>do</strong> – prosseguiu com um sorriso. – Mesmo que fique cala<strong>do</strong>, não vai fazer<br />
diferença. Porque eu sei.<br />
O rapaz não per<strong>de</strong>u a fleuma.<br />
– E então vamos esquecer os preâmbulos e mate-me logo, pois <strong>de</strong> mim não vai conseguir nada.<br />
– Já reparei em vocês, andan<strong>do</strong> por aí. Meninos que brincam <strong>de</strong> espiões. Ao que parece, a<br />
rainha não per<strong>de</strong>u seus antigos hábitos, não é verda<strong>de</strong>? Depois <strong>de</strong> uma Guilda, logo aparece<br />
outra...<br />
O rapaz apertou o queixo, mas continuou cala<strong>do</strong>.<br />
– Foi <strong>de</strong>la a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> mandar me espionar? Ou <strong>do</strong> estropia<strong>do</strong>?<br />
Mais silêncio. San <strong>de</strong>sembainhou um <strong>do</strong>s punhais que tirara <strong>do</strong> jovem. Contemplou o reflexo<br />
das velas na lâmina reluzente. Depois usou-o para rasgar o casaco <strong>do</strong> seu prisioneiro.<br />
O rapaz começou a respirar com ansieda<strong>de</strong>, mas manteve o olhar <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>r.<br />
– Por que <strong>de</strong>cidiram ficar <strong>de</strong> olho em mim? Do que estou sen<strong>do</strong> acusa<strong>do</strong>?<br />
San fez escorrer a lâmina no peito <strong>do</strong> rapaz, <strong>de</strong>vagar. O punhal <strong>de</strong>senhou marcas vermelhas<br />
cada vez mais profundas.<br />
O espião fez uma careta.<br />
– Acha que vai sair <strong>de</strong>ssa? – disse arquejan<strong>do</strong>. – Vão saber que <strong>de</strong>sapareci e, então,<br />
compreen<strong>de</strong>rão que o culpa<strong>do</strong> só po<strong>de</strong> ser você.<br />
San golpeou-o na cara com um soco, fazen<strong>do</strong> com que cuspisse sangue.<br />
– Culpa<strong>do</strong> <strong>do</strong> quê?<br />
O jovem sorriu.<br />
– Você não sabe, não é? Pois, entenda bem, eu não fiz absolutamente nada, e tenho to<strong>do</strong> o<br />
direito <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> atormentar um pouco o sujeito que, sem motivo algum, foi manda<strong>do</strong> ao meu<br />
encalço. Quem está errada é a sua rainha, que me man<strong>do</strong>u espionar. Ela e aquele aleija<strong>do</strong> <strong>do</strong> filho<br />
<strong>de</strong>la.